Joubert Moraes recebe a Medalha do Mérito Parlamentar.
A Alese entregou na tarde hoje sua mais importante
condecoração, a honorífica Medalha de Grã Mestre da Ordem do Mérito Parlamentar
ao artista Joubert Moraes, em solenidade a que compareceram parentes, amigos
queridos e algumas autoridades. O reconhecimento da importância de Joubert como
um artista inventor de novas linguagens artísticas na pintura, na escultura e
na música, bem como a de cidadão transformador da sociedade e agente da
modernidade na cultura sergipana nos orgulha a toda a geração que o venera,
grata pela coerência com que ele nos representa.
O deputado Garibalde Mandonça, autor da propositura,
justificou em sinceras palavras a sua iniciativa, traçando em breve oração a
essencialidade do homenageado, mas foi Ilma Fontes, que falou em nome de
Jorbert, quem, com a autoridade que lhe confere a vida inteira dedicada a nos
preservar, que trouxe aos rituais daquela solenidade o sangue indomável que
ainda e sempre percorre as nossas veias. Falou com colocada dignidade e
gratidão contida, exatamente o que todos nós, os malucos da geração 60,
gostaríamos de dizer em agradecimento aos senhores deputados.
Maio/2014.
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Publico aqui a crônica que Joubert me inspirou, publicada no
livro/álbum “Aracajoubert”, editado recentemente por Mário Britto:
Joubert de Madrepérola
Quando o conheci, as ruas da nossa cidade eram mais
silenciosas. Qualquer coração era audível e as pessoas se encontravam para
ouvir, simplesmente, a voz que emanava dos corações alheios.
Aracaju ainda ouvia o sussurro amoroso do rio a se embater
nas balaustradas da Rua da Frente. E dava pra ver, apurando o olhar da Ponte do
Imperador o vento brincando de assanhar a cabeleira dos coqueiros na ilha de
Santa Luzia – um paraíso interposto entre nós e a imensidão do horizonte.
Estávamos meninos.
Joubert Moraes, peixe ágil acostumado ao mergulho nas águas
do São Francisco, chegara da infância nos quintais de Propriá com o porte
esguio das bananeiras domésticas e o olhar cheio de mangas rosa.
Entre nós, em Aracaju, tornou-se um chamariz de inquietudes,
o insistente buscador de significados que revelassem nas coisas a colorida alma
do universo.
Reconheceu-se artista e logo começou a mergulhar as mãos na
caldeira incandescente da arte, para nos trazer, cristalizada, a prova do seu
sonho visionário.
Joubert é o pintor da nossa geração, um criador capaz de
intimidades com a poesia contida em nossos gestos mais recônditos, intérprete do
tempo em que construíamos com fervor a revolução de costumes que abrigou os
ímpetos juvenis do nosso tempo, novos parâmetros estéticos e inusitadas trilhas
abertas no matagal que separava a geração lisérgica das retrógadas convicções
dos nossos pais.
Joubert tornou-se um artista de sensibilidade exacerbada e
avassaladora persistência, capaz de extrapolar-se em tons e sobretons para
honrar a vida pela arte, mesmo que ela lhe cobre as vicissitudes que a
intrepidez impõe a quem se liberta da confortável normalidade.
Em nossa casaca colorida, tropicalista, parangolé, Joubert é
um raro botão de madrepérola.
Amaral Cavalcante – Jan/2013.
Postagem aqui, originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 12 de maio de 2014.
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