Oviedo, José Carlos, Luiz Antônio e Tarcísio
Por Jorge Carvalho.
Após o golpe militar, José Carlos Teixeira, o pai, Oviedo
Teixeira, e os irmãos, Tarcísio e Luiz Antonio Teixeira exerceram um papel
preponderante na política de Sergipe, liderando o processo de organização do
partido que se opôs à ditadura no Estado. Segundo José Carlos Teixeira era
fundamental criar o partido com a tarefa de lutar contra a ditadura e
restabelecer a força da representação política, porque a política é o instrumento de realização da vontade do povo.
Depende do povo a escolha dos seus melhores valores. Pessoas que possam
representar o povo, pelo seu caráter, pela sua coerência, pela sua visão, sem
postular nenhuma vantagem de ordem pessoal e sem buscar nenhuma forma vil de
fisiologismo e clientelismo para exercer o mandato[1].
Nascido em nove de abril de 1910, Oviedo Teixeira foi
empresário de muito prestígio, até a sua morte em dois de julho de 2001. Como
cidadão, extrapolava os partidos e foi nesta condição que emprestou o seu nome para
colaborar com o filho José Carlos no projeto de criar o partido de oposição à
ditadura em Sergipe, num momento em que poucas pessoas se dispunham a correr o
risco de divergir dos generais. Nascido no município sergipano de Itabaiana, o
empresário Oviedo Teixeira foi agricultor, pecuarista, industrial e
comerciante. Um dos 14 filhos de João Teixeira e de Maria São Pedro Teixeira
era irmão de Antonio, Sílvio, Manuel, Lourdes, Olívio, José, Albertina,
Bernadete, João, Cecília, Hermes e Elpídio. Católico militante, ele freqüentava
a Catedral Metropolitana de Aracaju aos domingos, onde seu irmão Olívio era
vigário-geral da Diocese, sempre acompanhado da mulher e dos seus sete filhos.
“Oviedo era o homem que representava todo o pensamento econômico de uma geração,
mas se envolveu como articulador da oposição e fez discursos muito
corajosos”[2].
Oviedo Teixeira começara a participar da vida política de
Sergipe depois de 1955, durante o governo Leandro Maciel, em face das
perseguições que a família Ceará sofreu no município de Ribeirópolis, em
funçãodos conflitos que resultaram na morte de Josué Passos. Amigo do líder
itabaianense Manoel Teles e procurador dos Cearás, que obrigados a se afastar
de Ribeirópolis deixaram suas propriedades sob a sua guarda, Oviedo Teixeira
começou a enfrentar dificuldades nos negócios e constrangimentos políticos
causados pelos governistas ligados à União Democrática Nacional – a UDN. Em
face desses acontecimentos Oviedo decidiu transferir definitivamente todos os
seus negócios para a cidade de Aracaju, onde já atuava desde o ano de 1939 com
a sua Casa Teixeira. Desde os nove anos de idade já trabalhava, ajudando os
tios no comércio, em Itabaiana e no Saco do Ribeiro (Ribeirópolis). Foi no Saco
do Ribeiro que instalou a Casa Teixeira, sua primeira loja de tecidos, que
depois transferiu sua matriz para Itabaiana.
Desde a sua transferência para Aracaju colaborou
politicamente e financeiramente com o PSD e influiu na política de municípios
como Itabaiana, Frei Paulo e Ribeirópolis. Até que Oviedo iniciasse sua
participação direta na vida política, o único membro da família que exercera
forte influência partidária fora seu irmão Sílvio Teixeira, que em 1930 chegou
a integrar a Aliança Liberal. A partir daí, Sílvio iniciou uma carreira política
de sucesso, exercendo os mandatos de prefeito de Itabaiana, deputado estadual
constituinte e depois deputado estadual. Na política de Itabaiana, Sílvio
Teixeira se consolidou como o líder do Partido Republicano – PR e algumas vezes
aliado do líder do PSD, Manoel Teles.
Demonstrando disposição para o diálogo, desde que conquistou
o seu primeiro mandato, já como deputado federal, em 1962, pelo Partido Social
Democrático – o PSD, José Carlos Teixeira compôs a chapa na qual João de Seixas
Dórea se elegeu governador de Sergipe, derrotando Leandro Maciel.
José Carlos Mesquita Teixeira nasceu no dia três de maio de
1936, em Aracaju, mas foi registrado pelo pai como nascido em Itabaiana. Em
1950, estudando no Colégio Estadual Atheneu Sergipense, foi militante da União
Sergipana dos Estudantes Secundaristas – USES, ao lado de Jaime Araujo e
Tertuliano Azevedo. Anteriormente, vivera outra experiência no movimento
estudantil secundarista, quando morou no Estado da Bahia, participando
ativamente da campanha “O petróleo é nosso”, nos anos finais da década de 40 e
no início da década de 50. De acordo com o entendimento de Wellington
Mangueira, “José Carlos foi preparado para a vida no mundo do trabalho. O pai
era empresário, mas ele começou ganhando a vida no balcão da loja, medindo e
rasgando pano na empresa Tecidos Teixeira. Era um homem trabalhador, que pegava
no pesado”[3]. Na verdade, inicialmente, o patriarca Oviedo Teixeira não via
com bons olhos a predileção do filho pela atividade política:
Eu não queria que José Carlos fosse político. Eu quis que
José Carlos fosse um comerciante. Ele já estava iniciando muito bem no
comércio. Era o meu sucessor, eu não tinha dúvida. Mas, entrou na política,
junto com a campanha de Seixas Dórea. Seixas Dórea com aquele entusiasmo e José
Carlos saiu logo candidato a deputado federal[4].
Alguns depoimentos dão conta de que mesmo antes da sua
filiação ao PSD, José Carlos Teixeira mantinha contatos em Sergipe com a
militância do antigo Partido Socialista Brasileiro – o PSB:
Ouvi relatos de José Rosa de Oliveira Neto, que sempre foi
um homem sério, informando que antes de se filiar ao PSD José Carlos Teixeira
conversou com alguns líderes do Partido Socialista e recebeu ajuda de alguns
deles durante a sua campanha. José Carlos era um homem aberto a novos conceitos
e isso entusiasmava alguns líderes do PSB. Como deputado federal pelo PSD ele
conseguiu verbas para vários diretórios acadêmicos nos quais as lideranças do
PSB eram muito atuantes. A participação dele na Cultura Artística e a divulgação
dos artistas, compositores e intelectuais do mundo socialista em Sergipe foi um
trabalho muito importante que José Carlos Teixeira desenvolveu. Ele era um
homem progressista[5].
[1] Cf. TEIXEIRA, José Carlos Mesquita. Entrevista concedida
a Jorge Carvalho do Nascimento no dia 10 de março de 2008.
[2] Cf. LIMA, Jackson Barreto de. Entrevista concedida a
Jorge Carvalho do Nascimento no dia 17 de maio de 2008.
[3] Cf. MARQUES, Wellington Dantas Mangueira. Entrevista
concedida a Jorge Carvalho do Nascimento no dia 15 de agosto de 2008.
[4] Cf. TEIXEIRA, Oviedo. Depoimento. In: Memórias do
Sujeito. Documentário em DVD. Aracaju: Grupo Cimavel, 2007.
[5] Cf. MARQUES, Wellington Dantas Mangueira. Entrevista
concedida a Jorge Carvalho do Nascimento no dia 15 de agosto de 2008.
Texto reproduzido do blog: carvalho.nascimento.zip.net
Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, de 26 de abril de 2014.
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