Zé peixe na ponte em frente a Marinha, na Avenida Ivo do Prado, em Aracaju/SE.
Dentre os sergipanos ilustres que marcaram presença e se
destacaram no século XX, Zé Peixe ocupa seu lugar de destaque nessa pequena
galeria de notáveis. Para quem ama ,o que o renomado historiador, Luis Antonio
Barreto, de saudosa memória, denominou de sergipanidade, é impossível não
vibrar ao ler ou ouvir os feitos do prático Zé Peixe. Prático é aquele homem
que guia grandes navios. Um dia o Fantástico da Globo, mostrou como era a vida
de Zé Peixe no seu exótico trabalho. Saltava dos navios e nadava na sua frente
guiando a embarcação pela parte mais profunda do mar para evitar que o navio
encalhe nos bancos de areia que , nos mares de Sergipe são móveis e não tem
local para aparecer . Os capitães de grandes petroleiros que cruzaram a
plataforma continental nas últimas décadas sempre teceram comentários elogiosos
ao heroísmo e determinação de Zé Peixe. Era uma figura simples e muito humilde,
era comum ver essa celebridade sergipana de calção, pés descalços , cruzando o
calçadão da João Pessoa ou a Avenida Ivo Prado com sua pele ressecada por horas
e horas de sol e sal. Conversava alegremente com todos e fazia pouco caso para
sua fama internacional. A Marinha do Brasil já fez diversas homenagens a Zé
Peixe, por sua atuação brava , afinal em quase todos os naufrágios que
ocorreram na costa aracajuana, ele era o primeiro a chegar e o último a sair.
Não queria sossego enquanto o último tripulante não estivesse a salvo. Felizes
daqueles que foram contemporâneos desse sábio nadador, para muitos um anjo
salvador diante da fúria do Atlântico. Uma lenda cantada em prosa e versos em
Sergipe e além fronteiras. Já com idade bem avançada Zé Peixe nadava com boa
desenvoltura e os pescadores cansavam de encontra-lo em alto mar, todos os dias
nadava quilômetros e quilômetros, passeava pelas plataformas de petróleo, sendo
um alento para marinheiros perdidos em meio as tormentas das tempestades da
nossa costa. Aparecia como um anjo salvador para os desesperados náufragos,
todos sabem o quanto é traiçoeira a boca da barra. Um dia Zé Peixe surgiu entre
as ondas da praia do havaizinho e logo, uma roda de surfistas se formou e
começaram a lhe perguntar sobre marés ventos etc. Ao assisti a essa mine aula
vi ele dizer: “Hoje é o único dia do ano que a maré faz esse movimento ao contrário,
puxando para a esquerda”. Curioso perguntei como ele conseguia nadar naquele
mar revolto e não esqueço seu olhar amável e afável e a paz que transmitia com
uma aura quase que de santo. “ Nadar é como caminhar, você vai devagar e chega
a onde quiser” e advertiu que muito barulho ao nadar pode ser perigoso, atrai a
atenção dos tubarões. Zé Peixe era inigualável em assuntos marinhos, uma
autoridade em conhecimentos dos oceanos . Um desbravador dos seus mistérios.
Foto e texto reproduzidos do blog: magnopapagaio.blogspot
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 8 de outubro de 2013.
Nenhum comentário:
Postar um comentário