Foto: reproduzida do Facebook/Araripe Coutinho.
Do Blog da Folha da Praia, em 22/06/2004.
Perfil - Antônio do Amaral Cavalcante.
Por Andreza Azevedo.
Uma folha de papel pautado. Um misto de literatura e
reproduções de notícias de jornais do "Sul" do Brasil... Foi com esse
material que, Antônio do Amaral Cavalcante, nascido em Simão Dias (SE) em 11 de
julho de 1946, foi capaz de levar a informação às pessoas mais
"letradas" de Itaporanga D'Ajuda, onde ele residia na década de 50.
O diferencial é que isso era feito com apenas um jornal
totalmente manuscrito, levado de casa em casa: as pessoas liam o jornal e o
devolviam com uma gorjeta para que outras pessoas lessem. Amaral diz que todo
esse interesse pela informação nasceu através da convivência com sua tia Maria
dos Anjos, que era professora, escritora e alquimista. Além disso, ainda
garoto, ele tinha uma "biblioteca" em casa que o estimulava à
leitura.
Pode-se dizer que Amaral teve uma infância e adolescência
privilegiadas. Esse hábito de leitura resultou no exercício de atividades
político-estudantis nas décadas de 60 e 70, na fundação de um grupo de leitura
em Simão Dias, onde concluiu o antigo Ginásio e no início de atividades
teatrais.
Mas foi com a vinda para Aracaju que o jovem Amaral
fortaleceu suas atividades culturais. Depois de ter convivido com poetas como
Santos Souza, José Augusto Garcez e José Sampaio, ele pôde escrever seus poemas
e aperfeiçoá-los, com a influência de professores como Glorita Portugal, sua
mestra no Colégio Atheneu Sergipense, onde fez o antigo curso Secundário.
Foi assim que, mesmo trabalhando como vendedor ambulante ou
balconista de movelaria, e estudando à noite, Amaral conseguiu ingressar na
Academia dos Jovens Escritores, dirigida pela escritora Carmelita Fontes, e,
finalmente, fazer parte das atividades jornalísticas do Sergipe Jornal, de
propriedade de Oviêdo Teixeira. Depois, junto a Luiz Eduardo Costa, Hugo Costa
e outros, ajudou a implantar o Diário de Aracaju, um jornal ligado ao grupo
Diários Associados, de Assis Chateaubriand.
"Há alguma coisa na cultura sergipana que nos dá uma
autopequenez. Nós nos imaginamos pequenos diante da cultura dos outros. Mas
certamente somos capazes de desenvolver a nossa riqueza cultural e aperfeiçoar
e recuperar a nossa identidade"
Movido pelo desejo de produzir mais, Amaral criou e manteve
por muito tempo a coluna de variedades "Pique Geral", no Jornal da
Cidade e na Gazeta de Sergipe. Isso o tornou conhecido entre os leitores dos
jornais sergipanos, que apreciavam sua linguagem e forma de trabalhar
inovadoras.
Amaral convivia com personalidades como Ilma Fontes, Mário
Jorge, Lu Spinelli, João de Barros, entre outras. Essa convivência foi
determinante para o movimento contracultural em Sergipe, e possibilitou uma
interação com a produção alternativa do país e de centros internacionais de
contestação cultural. O objetivo era revolucionar o comportamento da sociedade.
Para isso, o nascimento da "Turma do Parque",
célula que fundamentou a transformação de costumes em Aracaju, gerou o primeiro
jornal alternativo da cidade, o "Margilino", mimeografado e
distribuído a preços simbólicos.
Além disso, Amaral participou de produções musicais em
festivais estudantis que puderam revelar compositores como Paulo Lobo, Irmão,
Alcides Melo e Tom Robson. O Cinema também não foi esquecido. Amaral integrou o
Clube de Cinema de Sergipe e dirigiu o primeiro curta-metragem policial em
super-8 em Sergipe: "O Rapto". Ainda participou da produção de um
curta intitulado "Arcano", dirigido por Ilma Fontes e exibido
nacionalmente.
Outro sucesso foi "O Sargento Getúlio", um
longa-metragem baseado em um romance de João Ubaldo Ribeiro, que foi todo
gravado em Sergipe, com a participação de Lima Duarte e atores sergipanos. O
resultado disso foi a conquista de quatro prêmios no festival de cinema de
Gramado.
Depois de exercer diversos cargos públicos na área cultural
em Sergipe, procurando fortalecer a nossa identidade cultural, Amaral,
atualmente, é editor do jornal Folha da Praia e procura sempre estar atento aos
acontecimentos e desenvolvimento culturais do nosso Estado. "É preciso ter
brilho, beleza e uma força própria para interagir com outras culturas em pé de
igualdade, e não ser simplesmente estuprado por elas".
Texto reproduzido de postagem feita por Nestor, no Blog da
Folha da Praia, (22/06/2004).
Foto de Amaral: reproduzida do Facebook/Araripe Coutinho.
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 29 de outubro de 2013.
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