terça-feira, 29 de outubro de 2013

Antônio do Amaral Cavalcante.

Foto: reproduzida do Facebook/Araripe Coutinho.

Do Blog da Folha da Praia, em 22/06/2004.

Perfil - Antônio do Amaral Cavalcante.
Por Andreza Azevedo.

Uma folha de papel pautado. Um misto de literatura e reproduções de notícias de jornais do "Sul" do Brasil... Foi com esse material que, Antônio do Amaral Cavalcante, nascido em Simão Dias (SE) em 11 de julho de 1946, foi capaz de levar a informação às pessoas mais "letradas" de Itaporanga D'Ajuda, onde ele residia na década de 50.
O diferencial é que isso era feito com apenas um jornal totalmente manuscrito, levado de casa em casa: as pessoas liam o jornal e o devolviam com uma gorjeta para que outras pessoas lessem. Amaral diz que todo esse interesse pela informação nasceu através da convivência com sua tia Maria dos Anjos, que era professora, escritora e alquimista. Além disso, ainda garoto, ele tinha uma "biblioteca" em casa que o estimulava à leitura.

Pode-se dizer que Amaral teve uma infância e adolescência privilegiadas. Esse hábito de leitura resultou no exercício de atividades político-estudantis nas décadas de 60 e 70, na fundação de um grupo de leitura em Simão Dias, onde concluiu o antigo Ginásio e no início de atividades teatrais.

Mas foi com a vinda para Aracaju que o jovem Amaral fortaleceu suas atividades culturais. Depois de ter convivido com poetas como Santos Souza, José Augusto Garcez e José Sampaio, ele pôde escrever seus poemas e aperfeiçoá-los, com a influência de professores como Glorita Portugal, sua mestra no Colégio Atheneu Sergipense, onde fez o antigo curso Secundário.

Foi assim que, mesmo trabalhando como vendedor ambulante ou balconista de movelaria, e estudando à noite, Amaral conseguiu ingressar na Academia dos Jovens Escritores, dirigida pela escritora Carmelita Fontes, e, finalmente, fazer parte das atividades jornalísticas do Sergipe Jornal, de propriedade de Oviêdo Teixeira. Depois, junto a Luiz Eduardo Costa, Hugo Costa e outros, ajudou a implantar o Diário de Aracaju, um jornal ligado ao grupo Diários Associados, de Assis Chateaubriand.

"Há alguma coisa na cultura sergipana que nos dá uma autopequenez. Nós nos imaginamos pequenos diante da cultura dos outros. Mas certamente somos capazes de desenvolver a nossa riqueza cultural e aperfeiçoar e recuperar a nossa identidade"

Movido pelo desejo de produzir mais, Amaral criou e manteve por muito tempo a coluna de variedades "Pique Geral", no Jornal da Cidade e na Gazeta de Sergipe. Isso o tornou conhecido entre os leitores dos jornais sergipanos, que apreciavam sua linguagem e forma de trabalhar inovadoras.

Amaral convivia com personalidades como Ilma Fontes, Mário Jorge, Lu Spinelli, João de Barros, entre outras. Essa convivência foi determinante para o movimento contracultural em Sergipe, e possibilitou uma interação com a produção alternativa do país e de centros internacionais de contestação cultural. O objetivo era revolucionar o comportamento da sociedade.

Para isso, o nascimento da "Turma do Parque", célula que fundamentou a transformação de costumes em Aracaju, gerou o primeiro jornal alternativo da cidade, o "Margilino", mimeografado e distribuído a preços simbólicos.

Além disso, Amaral participou de produções musicais em festivais estudantis que puderam revelar compositores como Paulo Lobo, Irmão, Alcides Melo e Tom Robson. O Cinema também não foi esquecido. Amaral integrou o Clube de Cinema de Sergipe e dirigiu o primeiro curta-metragem policial em super-8 em Sergipe: "O Rapto". Ainda participou da produção de um curta intitulado "Arcano", dirigido por Ilma Fontes e exibido nacionalmente.

Outro sucesso foi "O Sargento Getúlio", um longa-metragem baseado em um romance de João Ubaldo Ribeiro, que foi todo gravado em Sergipe, com a participação de Lima Duarte e atores sergipanos. O resultado disso foi a conquista de quatro prêmios no festival de cinema de Gramado.

Depois de exercer diversos cargos públicos na área cultural em Sergipe, procurando fortalecer a nossa identidade cultural, Amaral, atualmente, é editor do jornal Folha da Praia e procura sempre estar atento aos acontecimentos e desenvolvimento culturais do nosso Estado. "É preciso ter brilho, beleza e uma força própria para interagir com outras culturas em pé de igualdade, e não ser simplesmente estuprado por elas".

Texto reproduzido de postagem feita por Nestor, no Blog da Folha da Praia, (22/06/2004).

Foto de Amaral: reproduzida do Facebook/Araripe Coutinho.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 29 de outubro de 2013.

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