Publicado originalmente no site Osmário Santos, em
27/05/2013.
Ronaldo Dória Dantas
Por Osmário Santos.
Ronaldo Dória Dantas nasceu em 26 de outubro de 1944, na
cidade de Aracaju. Seus pais: José Dantas Rodrigues e Edelzuita Dória Dantas.
O pai sempre foi uma pessoa simples. Começou a trabalhar aos
12 anos na antiga panificação de Albino Silva da Fonseca, na Rua Laranjeiras,
em Aracaju. “Vendia pão no balcão”.
Com todo esforço meu pai concluiu o nível médio e passou a
trabalhar na Energipe, onde se aposentou. “Apesar de pobre, fazia tudo pela
família e não tinha hora para trabalhar. Queria que a gente se formasse. Dos
cinco filhos, só um não se formou porque não quis”. Dele aplica em vida e passa
para seus filhos a sinceridade e a palavra.
Sempre dizia: “Se você acertar uma coisa com uma pessoa,
você primeiro pense para dizer sim ou não. Se marcar um horário, chegue sempre
10 minutos antes. Não gostava de mentira. Era um homem honesto demais”. Sua
querida mãe cuidava do esposo, dos filhos e da casa. “Era uma mãe coruja e,
quando os filhos queiram uma coisa, iam procurá-la. Era uma pessoa bondosa e
sempre atendeu a todas as pessoas que chegavam até ela pra pedir uma esmola.
Teve cinco filhos: Rubens, Givaldo, Julieta, Luzia e eu”.
Com a tia Núbia Dantas, Ronaldo deu os primeiros passos nos
estudos. Depois passou a estudar no Grupo Escolar General Valadão. “Era um
grupo muito organizado, tinha merenda, tinha tudo. Na época era dirigido pelo
professor Benedito Oliveira, o famoso Benedito do Colégio Jackson de
Figueiredo. Basta dizer que, ao sair do General Valadão, fiz prova para
ingressar o Colégio Atheneu e passei. Deixei o Atheneu ao término do curso
ginasial e fui trabalhar na Energipe, meu primeiro e último emprego. Logo
passei a estudar o curso de contabilidade pela noite.
Na antiga Energipe comecei a trabalhar como servente, mas
logo passei a trabalhar ao lado do desenhista da empresa. Saía pelas ruas para
marcar os lugares que iria receber os postes e marcar com tinta os existentes,
que eram poucos. Como segurava e pintava os postes, sempre chegava em casa sujo
de tinta”.
Com a chegada do engenheiro eletricista Cláudio Messias na
Energipe, Ronaldo passou a receber palavras de incentivo e até de cunho
religioso que foram de grande importância na sua vida profissional.
Faz o curso de técnico em contabilidade na antiga Escola de
Comércio de Aracaju, se entusiasma e faz o curso superior de contabilidade na
Universidade Federal de Sergipe em 1965. Registra que só chegou ao curso
superior por necessidade.
Do seu tempo de faculdade conta que foi aluno do professor
Edgar da Mota Freitas. “Ele era meu diretor na Energipe e pela noite o meu
professor”.
“Eu não fui uma pessoa que teve um político que me colocasse
lá em cima. Fui subindo pelos meus esforços. Esgotei a carreira de
escriturário, depois técnico em contabilidade até chegar a contador de nível
superior”.
Com o surgimento de uma vaga para contador na Energipe,
quando contava com 12 anos na empresa, ficou na expectativa de conquistar a
vaga e ficou decepcionado com resultado. “Me disseram o dia em que iria sair os
nomes dos dois funcionários que iriam ocupar a vaga. Estava certo que
conquistaria uma delas. Para minha surpresa, foram direcionadas para os dois
estagiários que estavam trabalhando comigo. Cheguei em casa de cabeça cheia, a
ponto da minha esposa perguntar o eu teria acontecido. Daí veio um pensamento e
fiz uma carta ao então presidente da República, Geisel, contando a minha
situação na Energipe. Demorou uns 15 dias e chegou a carta do presidente da
República. Ele contou que tinha mandado pesquisar toda a minha vida, pois eu
era apenas um estudante pobre e deu 24 horas para que meu nome fosse colocado
na lista de aprovação. O interessante é que o atual diretor da empresa,
Francisco Porto, ao tomar conhecimento da decisão da presidência, me chamou em
seu gabinete e com a cara feia me disse que não era necessário ter ido até o
presidente da República para resolver o meu problema. Respondi que estava
encurralado e por isso tive que procurar a autoridade maior. Mesmo apulso,
colocou meu nome na lista dos aprovados”.
Com a venda da Energipe para a Energisa, trabalhou mais um
ano com os novos proprietários da empresa, sendo convidado para continuar,
agradeceu e preferiu se aposentar.
Da sua vida de cordelista, conta que tudo começou com o seu
avô, João Rodrigues. “Ele gostava muito de ler cordel. Como na sua casa não
tinha energia, colocava quatro candeeiros no chão e ficava numa rede lendo
cordel, mas antes avisava a meninada da casa e dos vizinhos que naquela noite
teria cordel. Eu, pequenino, estava lá. Isso acontecia no povoado chamado
Jaqueira em Socorro, e na época das minhas férias da escola estava lá. Quando
cheguei a adulto, comecei a pensar naquilo que ele me falava e tomei a decisão
de fazer cordel”.
Hoje conta com 12 anos da sua vida de escritor da literatura
de cordel e de contos. Admira todos os poetas cordelistas, pois considera que
todos falam a linguagem do povo e o que o povo quer saber.
É casado há 43 anos com Maria das Graças Tavares Dantas. Tem
quatro filhos: Ronny, Kátia e Karine Simone. É avô de Mariane e Larissa.
Texto e imagem reproduzidos do site: osmario.com.br
Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 28 de julho de 2015.
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