Dr. Anselmo com mãe de paciente (foto).
Publicado originalmente no site Osmário Santos, em
17/12/2012.
Memórias de Sergipe
Anselmo Mariano Fontes: o anjo da Oncologia Pediátrica.
Por Osmário Santos
Anselmo Fontes e sua esposa Elenalda em viagem de férias
Anselmo Mariano Fontes nasceu em 31 de agosto de 1950, em
Aracaju/SE, precisamente na maternidade Francino Melo. Seus pais, Efrem
Fernandes Fontes e Dulce Mota Fontes. Ele sergipano e ela alagoana de Penedo,
tiveram quatro filhos: Anselmo o mais novo, Afonso Celso, Acácia Mariano e
Tânia, esta última falecida recém-nascida.
Sua mãe era música e exercia a arte de ser pianista no Cine
Teatro Rio Branco fazendo acompanhamento musical das cenas que eram projetadas
na tela. Faleceu em 1952 quando Anselmo tinha apenas dois anos de idade. Também
tinha como lazer a arte de desenhar. Lembrança dela, apenas de sua beleza
transmitida pelas fotografias da época.
Seu pai, também falecido (1970)- inicialmente foi um
comerciante na cidade do Boquim, vindo posteriormente morar em Aracaju, à rua
Santo Amaro com Geru ( hoje um estacionamento). Se dedicou a profissão de
panificador, com um bom conceito no ramo, sendo proprietário de uma padaria (Padaria
Operária) na esquina das ruas Bonfim e Simão Dias, hoje Simão Dias com Avenida
Sete de Setembro, profissão que exerceu até 1964, quando se aposentou.
Após ter sua esposa falecida, a qual ele tinha grande
admiração e respeito, não constituiu nova família pensando nos filhos,
assumindo o lado materno na educação e orientação das crianças. Criou os filhos
transmitindo lições de humildade, sabedoria, honestidade (virtudes estas que
foram minha grande herança) , sempre focando a família como uma instituição
sólida. “Era austero quando preciso (às vezes somente com um olhar definia o
que queria) mas um amigo que podíamos contar a qualquer momento”.
Casou com a assistente social Elenalda Maria de Carvalho em
18 de setembro de 1982 na igreja São José, pelo cônego José Amaral de Oliveira.
A conheceu quando ambos estagiavam no CECAC (Centro de Extensão da Universidade
Federal, e tem dois filhos: Lucas estudando Relações Internacionais e Isabelle
prestando vestibular esse ano para Direito.
A infância ocorreu igual a de todas crianças da época. Uma
infância sem tablet, Iphone, shopping, uma infância mais inocente. “Brincava de
bola de gude, carrinho de rolimã, descendo o Morro do Bonfim( Rodoviária do
Centro) em tábuas”.
Já gostava da sétima arte indo ao cinema todo fim de semana
em companhia da família,( anotava manualmente os filmes que assistia) tornando
o celuloide uma de suas paixões. Assistia Durango Kid, Bat Masterson, Marcelino
Pão e Vinho, Tarzan, etc, etc.
Bem extrovertido tinha muitos amigos. Foram companheiros de
infância: Josias Passos, Marcos e Marconi Ramos, Ernestino Maciel, Otaviano
Canuto, hoje conceituados profissionais. Briga mesmo, só tinha no grupo quando
Josias reagia aos furtos dos cachos de uva do parreiral de sua mãe
Fez o curso primário no Colégio do Salvador (1959-1962)
sobre a batuta das professoras Mariá, Bernadete e Amanda. O colégio, excelência
em disciplina e organização muito influenciou sua personalidade.
O curso ginasial foi feito no Colégio Jackson de Figueiredo
(1963-1966) com a direção dos professores Benedito e Judite. “Colégio de regime
militar, tinha de fazer formatura diária onde até as orelhas eram inspecionadas
para averiguação do banho diário”.
Lembra os professores Franklin (inglês), Ivone (português),
Joaquim (matemática), Jugurta (latim). O curso cientifico, hoje corresponde ao
fundamental cursou no Colégio Atheneu Sergipense (1967-1969), e lembra das
professoras Glorita Portugal, Rosália Bispo, entre outros. Muitas amizades
foram feitas e conservadas até hoje
Ingressa na Universidade Federal de Sergipe em 1970, no
curso de Odontologia, prestando no ano seguinte vestibular para o curso de
medicina, sendo aprovado, cursando a faculdade de 1971- 1976. Naquela época a
faculdade se situava no Hospital Cirurgia.
Teve a oportunidade de conhecer várias especialidades, mas
escolheu a pediatria. Muito lhe influenciou os mestres Dr José Machado e Hyder Gurgel
. Nesse período trabalha em Serviços de Urgências e ambulatoriais, sob
supervisão médica. No último ano do curso foi fazer estágio ( o que era
permitido) no Serviço de Pediatria e Cirurgia do Hospital Martagão Gesteira, em
Salvador/BA. “Lá existia o Serviço de Oncologia Pediátrica e tive a
oportunidade de conhecer a médica Nubia Mendonça, mestra e amiga, que muito me
influenciou, despertando a vocação para a Oncologia Pediátrica”.
“Fiquei nesse Hospital por 03 anos, onde em contato com as
crianças oncológicas, consolidei de uma vez minha escolha pela especialidade,
adquirindo o título de especialista
Retornando a Aracaju em 1980, funda o ambulatório de
Oncologia Infantil no Hospital Cirurgia, com o apoio de Dr Osvaldo Leite. Além
do Hospital Cirurgia faz parte do Centro de Oncologia Dr Osvaldo Leite/HUSE,
tendo sido coordenador desse Centro, no qual permanece até hoje.
Diz que a criança portadora de Câncer é um paciente
especial, devendo ser respeitado, amado e tratado como tal. Teve muitos
momentos de tristeza, como também de recompensas quando consegue levar uma
criança a cura. Cita que 80% do câncer atualmente é passível de cura e
atualmente o Serviço já acompanha filhos de pacientes que tiveram câncer. “Hoje
a medicina devido ao avanço da ciência está tecnológica, mas nada é mais
importante que escutar e tocar o paciente”.
Além da Oncologia tem pós-graduação em Auditoria,
especialidade em Perícia, exercendo essas atividades na UNIMED. Participou de
várias jornadas e congressos nacional e internacional com apresentação de
trabalhos ou ministrando aulas, levando a oncologia sergipana a conhecimento
nacional.
Foi diretor clinico do Hospital Cirurgia e Hospital João
Alves, coordenador do Grupo Brasileiro para Tratamento dos Tumores Hepáticos, conselheiro
do CRM, membro das Sociedades Brasileira e latino americana de Oncologia
pediátrica e das Sociedades Brasileiras de Pediatria e Cancerologia.
Em outubro de 1988, ingressa na Academia Sergipana de
Medicina, ocupando a cadeira número 28 cujo patrono é o médico Dr. Nelson
D’Avila Maia. “Na academia de Medicina tentamos resgatar a história dos médicos
e da medicina sergipana”.
Cinéfilo, tem uma biblio-dvdteca que varia dos clássicos aos
trashs cultuados embora sua preferência seja os westerns, possuindo desde Buck
Jones, John Wayne (um ícone) aos atuais. Possui um cadastro com quase seis mil
filmes assistidos.
Iniciou no Vídeo Clube do amigo Ivan Valença (era o número
09) quando era em cima do Cine Palace na rua João Pessoa, em fita VHS ficando
com ele até o fechamento de sua Locadora na rua Guilhermino Resende. Escreve
uma página sobre cinema na Revista da Sociedade Médica de Sergipe e é
responsável pelo CineSomese e UniCine (UNIMED).
Outras paixões são: a fotografia, principalmente a
macrofotografia, que exerce de forma amadora e a gastronomia , onde cursa
faculdade.
Termina seu depoimento para Memórias de Sergipe dizendo que
as crianças da oncologia se transformam de pacientes para mestres, pois nos dão
lições de vida, humildade e a rever nossos valores.
Texto e imagem reproduzidos do site: osmario.com.br
Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 28 de julho de 2015.
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