Publicado originalmente o Facebook de Antonio Samarone, em
21/07/2015.
Antonio Oliveira.
Por Antônio Samarone.
“Mané Fogueteiro / era o deus das crianças...” ─ assim
começava uma velha canção de Augusto Calheiros que embalou as festas de São
João da minha infância. Por que falo disso? Porque Antônio Oliveira foi o meu
“Mané Fogueteiro”. Tonho de Dorce, além de vender bicicletas, radiolas e
geladeiras, era o representante, na Itabaiana da minha infância, dos Fogos
Caramuru ─ “os únicos que não dão xabu!” – como dizia o conhecido slogan. Outra
faceta inesquecível é que Antônio Oliveira era comunista! Naquele tempo, toda
pequena cidade tinha seus comunistas municipais. Eram comerciantes, sapateiros,
mecânicos; eram casados e pacatos; no domingo, iam ao cinema com a família;
batizavam os filhos, casavam na igreja, chamavam o padre (de quem, aliás, eram
amigos) na hora de dar a extrema-unção aos seus moribundos. E eram comunistas!
Admiravam a União Soviética e sonhavam com a revolução que resgataria o Brasil
do subdesenvolvimento e da injustiça. Isso, que hoje pode parecer anedótico,
era uma rota legítima na época em que se formou a geração de Antônio ─ os anos
40. Era um tempo de grandes engajamentos e quem tinha sensibilidade e queria
mudar o mundo alinhava-se à esquerda. E numa época em que o velho Partido
Comunista era um desaguadouro quase natural desses sonhos, meu Mané Fogueteiro
aderiu ao Partidão. Em 1964, foi preso. Depois de solto, mudou-se para Aracaju,
onde se tornou o Rei das Bicicletas – título monárquico, magnífico na loja de
um comunista!
Trecho do Discurso de Posse de Luciano de Oliveirinha
(Cibalena),
na Academia Itabaianense de Letras.
na Academia Itabaianense de Letras.
Foto e texto reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone.
Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 23 de julho de 2015.
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