Dr. Roosevelt (ao centro, em primeiro plano), acompanha doadores no Hospital Cirurgia.
Publicação do Portal Infonet - Blog Lúcio Antonio -
11/01/2013.
Centenários em 2013 – O Exemplo de Roosevelt Menezes
Por Lúcio Antônio Prado Dias.
A Academia Sergipana de Medicina cumprindo suas
determinações estatutárias, vai celebrar, em 2013, o centenário de cinco
médicos, todos patronos da entidade, pelos relevantes serviços prestados à
medicina e à sociedade sergipanas. Não é de agora que a entidade promove essas
efemérides, demonstrando assim fôlego invejável.
Queixava-se com razão o saudoso jornalista e historiador
Luiz Antonio Barreto, do pouco caso que as autoridades de Sergipe demonstravam
com os vultos sergipanos, simplesmente apagando-os da memória. De fato, se não
fosse por suas arrojadas e memoráveis intervenções, muita gente importante
teria ficado no esquecimento.
Felizmente esse não é o caso da Academia de Medicina que,
desde a sua fundação em 1994, resgata fatos e homens da história médica de
Sergipe, individualmente, como é o caso das celebrações dos centenários e
sessões de homenagens póstumas, e da realização de sessões especiais para
homenagens coletivas, como foi o caso das celebrações “Noite dos Cirurgiões” e
“Noite dos Obstetras” e agora para 2013, inclusive, está programando a
realização de uma sessão especial que homenageará os notáveis pediatras
sergipanos.
A iniciativa da elaboração e publicação do Dicionário
Biográfico de Médicos de Sergipe, de autoria de Antonio Samarone, Petrônio
Andrade Gomes e Lucio Prado Dias, em 2010, também foi um acontecimento
auspicioso, resgatando para a posteridade mais de 500 biografias de médicos
sergipanos dos séculos XIX e XX, trabalho inédito no Brasil.
Cumprindo a sua saga, a Academia agora vai celebrar em 2013
os centenários dos médicos Roosevelt Menezes, Aloysio Andrade, Maria do Céu,
Clovis Conceição e Costa Pinto. É oportuno, pois, conhecer um pouco da vida de
cada um. As homenagens começarão em março, com a celebração do centenário do
médico e político Roosevelt Dantas Cardoso de Menezes.
Nascido em 16 de março de 1913, na cidade de Laranjeiras e
filho de João Cardoso de Menezes e Raquel Dantas de Menezes, Roosevelt se
tornou médico pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1939. Após a formatura
passou a exercer a profissão em Itaporanga d’Ajuda, onde conheceu a jovem
Josefina Garcez, filha de José Sobral Garcez e Beatriz Sobral Garcez, esta
última conhecida como Dona Pombinha. Dr. Roosevelt chamava a sua futura esposa
de “Fininha”, também sobrinha do todo poderoso chefe político local Sílvio
Sobral Garcez. Nessa época, o pai de Roosevelt morava na Fazenda Camuculé, em
Itaporanga, local onde ele costumava passar rotineiramente as férias da
faculdade.
O casamento se deu em 1940, tendo seu primeiro filho José
Carlos Garcez de Menezes, nascido em 1941 em Itaporanga. A segunda filha, Maria
Clara Garcez de Menezes nasceu em Aracaju, na Rua Santa Luzia, 200, entre
Maruim e Estância, na casa de seus avós Zezé e Pombinha, sendo registrada em
Itaporanga. Nessa casa da Rua Santa Luzia faleceu o meu avô Valentim
Vasconcelos Prado, casado com Maria Sobral do Prado, conhecida como Maricas e
irmã de Pombinha, que emprestara a casa para o tratamento de saúde do meu avô
em Aracaju.
Em 1940, Roosevelt passou a atuar no Hospital de Cirurgia,
onde criou o primeiro banco de sangue do Estado. Em 1941 ingressou na política
e se elegeu prefeito de Itaporanga. Exerceu diversos cargos, destacando-se na
presidência do SAMDU. Foi Prefeito de Aracaju de 1955 a 1959 e conduziu as
festividades alusivas ao centenário de fundação da cidade (1955). Católico
convicto e praticante comparecia à missa religiosamente todos os domingos. Seu
lar tinha a proteção da “Santinha de Lisieux”, Santa Terezinha do Menino Jesus,
santa de devoção de “tia” Josefina. Por isso foi um dos organizadores do
Congresso Eucarístico ocorrido em Aracaju e que obteve repercussão nacional.
Faleceu em 1995, com 82 anos. Pelo conjunto da obra, foi escolhido para ser
Patrono da cadeira trinta e três da Academia Sergipana de Medicina.
Para Manoel Hermínio de Aguiar Oliveira, que ocupa a cadeira
que tem como patrono o Dr. Roosevelt, o médico foi uma pessoa carismática,
humilde e competente. “Ele dedicou sua vida ao sacerdócio de salvar vidas,
artista da bela medicina, cientista fecundo, o pioneiro das transfusões de
sangue no nosso Estado. Embora ele, como outros brilhantes médicos da época,
não utilizasse o método científico como o concebemos atualmente, sua
competência técnica, seu escrúpulo com os procedimentos ligados à coleta,
estoque e ministração de sangue, seu zelo com a formação dos seus auxiliadores,
são todos inerentes à boa ciência. Seu trabalho, humanístico por excelência,
foi fundamental para a consolidação da moderna medicina no nosso Estado. Seu
exemplo jamais ficará caduco, especialmente nos dias de hoje, onde as pressões
mercadológicas de toda ordem tendem a aviltar o papel do médico na sociedade”.
Na sua posse na Academia de Medicina, Manoel Hermínio
proferiu um belíssimo discurso enaltecendo a vida do nosso homenageado. Para
ele, o exemplo do Dr. Roosevelt Dantas Cardoso de Menezes, o mais caridoso dos
médicos sergipanos, nunca acabará. Sua lembrança será refrigério para todos os
médicos que se compadecem do sofrimento alheio e vivem para aliviá-lo.
Foto e texto reproduzidos do site: infonet.com.br/lucioprado
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 20 de março de 2013.
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