Arthur Bispo do Rosário – gênio ou louco?
Postado por Flávia Rezende no site Psicomunidade
Arthur Bispo do Rosário (Sergipe, 1909 ou 1911 – Rio de
Janeiro, RJ, 1989), foi um artista plástico brasileiro.
Considerado louco por alguns e gênio por outros, a sua
figura insere-se no debate sobre o pensamento eugênico, o preconceito e os
limites entre a insanidade e a arte, no Brasil. A sua história liga-se também à
da Colônia Juliano Moreira, instituição criada no Rio de Janeiro, na primeira
metade do século XX, destinada a abrigar aqueles classificados como anormais ou
indesejáveis (negros, pobres, alcoólatras e desviantes das mais diversas
espécies).
Biografia
Natural de Japaratuba-Sergipe, Arthur Bispo é descendente de
escravos africanos, foi marinheiro na juventude, vindo a tornar-se empregado de
uma tradicional família carioca.
Na noite 22 de Dezembro de 1938, despertou com alucinações
que o conduziram ao patrão, o advogado Humberto Magalhães Leoni, a quem disse
que iria se apresentar à Igreja da Candelária. Depois de peregrinar pela rua
Primeiro de Março e por várias igrejas do então Distrito Federal, terminou
subindo ao Mosteiro de São Bento, onde anunciou a um grupo de monges que era um
enviado de Deus, encarregado de julgar aos vivos e aos mortos. Dois dias depois
foi detido e fichado pela polícia como negro, sem documentos e indigente, e
conduzido ao Hospício Pedro II (o hospício da Praia Vermelha), primeira
instituição oficial desse tipo no país, inaugurada em 1852, onde anos antes
havia sido internado o escritor Lima Barreto (1881-1922).
Um mês após a sua internação, foi transferido para a Colônia
Juliano Moreira, localizada no subúrbio de Jacarepaguá, sob o diagnóstico de
“esquizofrênico-paranoico”. Aqui recebeu o número de paciente 01662, e
permaneceu por mais de 50 anos.
Em determinado momento, Bispo do Rosário passou a produzir
objetos com diversos tipos de materiais oriundos do lixo e da sucata que, após
a sua descoberta, seriam classificados como arte vanguardista e comparados à
obra de Marcel Duchamp. Entre os temas, destacam-se navios (tema recorrente
devido à sua relação com a Marinha na juventude), estandartes, faixas de misses
e objetos domésticos. A sua obra mais conhecida é o Manto da Apresentação, que
Bispo deveria vestir no dia do Juízo Final. Com eles, Bispo pretendia marcar a
passagem de Deus na Terra.
Os objetos recolhidos dos restos da sociedade de consumo
foram reutilizados como forma de registrar o cotidiano dos indivíduos,
preparados com preocupações estéticas, onde se percebem características dos
conceitos das vanguardas artísticas e das produções elaboradas a partir de
1960.
Utilizava a palavra como elemento pulsante. Ao recorrer a
essa linguagem manipula signos e brinca com a construção de discursos,
fragmenta a comunicação em códigos privados.
Inserido em um contexto excludente, Bispo driblava as
instituições todo tempo. A instituição manicomial se recusando a receber
tratamentos médicos e dela retirando subsídios para elaborar sua obra, e
Museus, quando sendo marginalizado e excluído é consagrado como referência da
Arte Contemporânea brasileira.
Fonte: wikipedia.com
Foto e texto reproduzidos do site: psicologaonline.com.br
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 4 de março de 2013.
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