Fotógrafo Márcio Garcez fala sobre sua carreira e a paixão
pela cultura sergipana
A cultura popular e a fotografia são dois temas que andam
sempre juntos na vida e no trabalho do fotógrafo sergipano Márcio Garcez. Com
mais de 20 anos de carreira, ele continua conquistando cada vez mais espaço e
difundindo a sergipanidade tão marcante das manifestações populares do Estado.
O seu mais recente trabalho, a exposição ‘Lambe-sujos x
Caboclinhos’, foi sucesso na Galeria do 10º andar do anexo IV da Câmara dos Deputados
durante o mês de novembro. Para ele, ter seu trabalho aclamado pelo público
fora do Estado reflete um reconhecimento impar na sua história.
Para falar um pouco mais sobre a exposição e sua trajetória
na fotografia, o Sergipe Cultural conversou com esse sergipano, natural de
Aracaju, que leva sua identidade e a cultura do seu Estado por onde passa.
Confira a entrevista completa abaixo.
Sergipe Cultural - Fale um pouco da sua mais recente
exposição que está sendo sucesso na galeria do da Câmara dos Deputados.
Márcio Garcez - A exposição retrata um folguedo sergipano, o
Lambe-sujo x Caboclinhos, que acompanho há mais de 15 anos. A exposição foi
acolhida durante o mês de comemorações da Câmara Federal acerca da aclamação da
consciência negra. Com o desdobramento da exposição, fui convidado pelo
Departamento de Sociologia da UNB para levar parte da exposição pra lá. E no
dia 27, recebi o convite para fazer parte do ‘Mercado Artefoto’ (evento
tradicional em Brasília no segmento artístico e fotográfico). Mas nada disso
seria possível sem o apoio dos amigos e familiares, especialmente meus pais,
Paulo e Aparecida, minha sobrinha Paula Vanessa, amigos de Sergipe Ézio Déda,
Mário Britto, Cândida Oliveira, Wellington Barreto, além de novos amigos de
Brasília, a exemplo de Flávia Jardim, produtora que muito contribuiu para o
sucesso desta exposição.
Sergipe Cultural - Por que o tema da cultura popular é tão
presente no seu trabalho? Sempre foi assim desde o início da sua carreira de
fotógrafo?
Márcio Garcez - Sempre fui atraído por este tema. Sergipe é
muito rico nessas manifestações. Esse é um dos meus trabalhos autorais que faço
sem ser remunerado.
Sergipe Cultural - Quais outros temas que também lhe chamam
atenção?
Márcio Garcez - Fotografia pra mim não tem limites. Amo o
que eu faço. Tenho muitos projetos desenvolvidos que passam por campos do
experimental, etnográfico e, entre outros, do documental.
Sergipe Cultural - Você poderia destacar um momento marcante
na sua carreira de 20 anos na fotografia?
Márcio Garcez - Já recebi vários prêmios nacionais, a
exemplo do Prêmio Abril de Jornalismo; da Bienal da Une; do Expocoms; e do
Prêmio Banco do Nordeste. Participei de várias exposições coletivas e
individuais, festivais, salões em vários estados do Brasil e além-fronteira.
Mas este momento é marcante por refletir um reconhecimento e acolhimento impar
na minha história. Estou feliz em trazer parte de Sergipe para a Câmara
Federal, de ser tão bem acolhido e ter meu trabalho respeitado aqui.
tSergipe Cultural - Além de documentar a cultura sergipana,
você também trabalha com outras áreas, como o fotojornalismo e a fotografia
publicitária. Gostaria que você falasse um pouquinho sobre esses outros
aspectos da sua vida de fotógrafo.
Márcio Garcez - Quem conhece meu trabalho sabe que ele busca
traduzir o amor que dedico à fotografia. Ao longo de duas décadas de atuação na
área, desenvolvi trabalhos em todas as vertentes, com destaque profissional
para a produção de imagens para o Poder Executivo em diversas assessorias nas
quais atuei, mas nunca abandonei minha produção junto a áreas culturais, minha
paixão, ou mesmo comerciais. Hoje mantenho estúdio próprio, o MG Stúdio, com
equipamentos modernos e equipe capacitada para desenvolver a gama significativa
de serviços que compõe o nosso portfólio.
Sergipe Cultural - Quando foi que surgiu seu interesse pela
fotografia?
Márcio Garcez - Desde criança, gostava muito de fotografar.
Tinha inicialmente uma câmara Love, depois meu pai me deu uma câmara beirete
(alemã). Em 1991, ganhei uma ZENIT e fiz o meu primeiro curso de Fotografia com
Cesar de Oliveira. De lá para cá, não parei mais: participei de todas as
semanas Sergipanas de Fotografia e sempre busquei na técnica e no coração realizar
a captura de imagens externas e também as projetadas pela minha mente.
Sergipe Cultural - Você é um dos fotógrafos mais premiados
de Sergipe. O que representam esses prêmios para a sua carreira?
Márcio Garcez - A fotografia está inserida na minha vida.
Trabalho com o que gosto e de forma ininterrupta. Prêmios e reconhecimentos são
apenas detalhes de um trabalho que não pretendo parar.
Sergipe Cultural - Com o advento da fotografia digital, essa
área tem despertado o interesse de muitas pessoas. Como é que você avalia esse
boom que a fotografia vem passando?
Márcio Garcez - Hoje a fotografia está mais acessível, mas a
base continua a mesma. Fotografia e inovação tecnológica, desde a época da sua
descoberta, sempre andaram juntas. Acho interessante essa democratização. O que
é perigoso e injusto é que com essa facilidade a profissão de fotógrafo seja
banalizada passando a falsa impressão de que todos podem acumular funções e
trabalhar com fotografia. Gestores precisam entender que a idéia de auto-suficiência
não funciona. Cada um no seu quadrado. O Fotógrafo precisa ser valorizado!
Fotografia requer muito investimento e dedicação. Não é de um dia para o outro
que você se torna fotógrafo. E um fotógrafo não se resume apenas a um
equipamento e técnica, mas sobretudo ao seu repertório de vida: livros que leu;
as músicas que ouviu; a prática de observar. Isso requer esforço, tempo e,
ainda, muito investimento.
Sergipe Cultural - Para você, qual o grande diferencial de
um bom fotógrafo?
Márcio Garcez - Além da arte de observar - mesmo quando não
está fotografando , é importante que o fotógrafo tenha consciência de que uma
foto não é ‘tirada’ e sim feita. Fotografar não é algo mecânico. O fotógrafo
carrega consigo uma bagagem de vivências que não se resume apenas ao ato de
clicar, mas, sobretudo, ao olhar pessoal e subjetivo que é expresso nas
imagens.
Sergipe Cultural - Para finalizar, qual a dica que você dá
para aqueles que estão iniciando nessa área tão fascinante?
Márcio Garcez - Se for o que realmente ama fazer, siga com o
seu coração sempre em frente. Não haverá dificuldade que o faça desistir. Os
resultados virão naturalmente.
*Foto e texto reproduzidos do site: cultura.se.gov.br
Postagem originária da página do Facebook/Minha Terra é SERGIPE, em 1 de Dezembro/2012.
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