Precisamos guardar a nossa História.
Talvez sejamos a última geração a registrar os seus feitos,
costumes, aparência, circunstâncias ambientais e políticas, no papel. Os
Arquivos institucionais existentes em Sergipe guardam uma preciosa documentação
empacotada em prateleiras e caixotes, predominantemente reunida mediante
técnicas de preservação já suplantadas pelas novas tecnologias. Alfarrábios
preciosos e inestimáveis guardados assim estão praticamente condenados à
curiosidade dos insetos, como uma fortuna em contos de réis guardada num
colchão. De que valerão no futuro?
Estamos perdendo para as traças a nossa história
administrativa e privada porque, embora vivamos a era das novas tecnologias,
relegamos a guarda da nossa história a métodos ultrapassados. Precisamos
construir um novo Arquivo Público dotado de condições que abriguem as modernas
exigências da Arquivologia, para que a nossa atualidade não sofra o mesmo
descaso que estamos imprimindo ao passado.
Falo de um equipamento multimídia -como o são os Museus da
Imagem e do Som- dotado de tecnologia que nos permita, inclusive, a
digitalização do acervo iconográfico disperso em arquivos oficiais e coleções
particulares e que, desde o uso da fotografia até o aparecimento das mídias
digitais, registram a vida sergipana.
São os acervos fonográficos ainda existentes em nossas
rádios como a Liberdade, a Cultura e a Aperipê (antiga Difusora) e os vídeos
porventura preservados nas emissoras de TV. Há também os acervos institucionais
nas Secons do governo e da prefeitura, apenas citando os arquivos institucionais.
No âmbito privado, para exemplificar, no Facebook o grupo
“Minha Terra é Sergipe" criado por Armando Maynard, é um espaço virtual
onde se postam documentos e depoimentos sobre a sergipanidade. Ele vem se
tornando depositário da mais rica iconografia sergipana, com fotografias e
vídeos resgatadas dos mais recônditos baús da nossa sociedade, uma rica estante
virtual de documentos históricos da nossa vida privada. Ali são postadas fotos
de casamentos, batizados, desfiles cívicos, eventos políticos, paisagens e
arquitetura urbana de ontem e de hoje, perfis de figuras ilustres, figuras
populares e, principalmente, registros da vida sociocultural e administrativa
do Sergipe atual, na ótica da cidadania.
A criação de um moderno Arquivo Público Estadual é
providência urgentíssima e necessária, até porque, precisamos deslocar a ótica
da arquivologia - geralmente exclusiva em atenção ao passado - para a
modernidade. Se quisermos preservar para o futuro a história do nosso tempo
teremos que entender e utilizar os meios que a tecnologia digital nos oferece.
A apreensão de fatos relevantes, paisagens e costumes,
encontram-se ao alcance de qualquer celular. Vamos continuar ignorando isto?
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