(O querido poeta Araripe Coutinho me mandou este
questionário tipo Ping Pong, logo logo que eu entrei na Academia. Não respondi
porque naquela circunstância não me atrevi. Respondo agora, tá legal?).
- A poesia é...
Tão desgraçadamente mentirosa quanto a felicidade.
Gozar por segundos dentro de um corpo amado é um laivo
poético, suster num ápice de eternidade a concisão das palavras e fazê-las
durar até que o tempo as consuma, é o destino dos poetas. Perenidade e poesia
não se batem.
- Escrevo para parecer humano
Que humano não serei, se não provar que sou. Quando acordo
bicho minha poesia é melhor: posso cheirar a presa acuada, posso me permitir
estraçalhar tudo à minha volta e morder com institivo prazer a preza que me
cabe.
- Não desisto nunca
De amar, no sentido mesmo de estar curtindo alguém que me
tome inteiro e redefina os meus prazeres. E disto não tenho queixas
- Academia de Letras
Estou nela porque me convidaro digno dela. Não cocedi a ela
o direito de me adequar , mas o reconhecimento me faz feliz
- Escritores que eu ajoelho
Au a coisa pega, por impossível de relatar. Comecei lendo
gibi e até hoje leio sem preconceitos. Considero-me um ávido consumidor de
textos que agreguem forma e maravilhamento à minha própria oficina. Marcel
Proust e Mallarmé muito me influenciaram, mas Adelaide Carraro, Eça de Queiroz,
Lovecraft, Ionesco, Ginsberg, Hunald Alencar, José Sampaio, Manoel Bandeira,
também me influenciaram. Hoje, leio os blogs da meninada.
- Aos 60 eu já não quero
Provar nada. Basta-me o carinho dos amigos.
- Penso o mundo e olho
Com muita atenção aos humores sociais e políticos que nos
prega a modernidade. Olho pra frente, sempre. Sou produto da inquietação nos
anos 60, que nos levou a conquistar novos parâmetros de relacionamentos sociais
e políticos: tento me comportar sempre em defesa das bandeiras que assumimos na
grande revolução “Paz e Amor”que ainda considero essenciais ao estabelecimento
da paz social e da equidade. Ainda não me covenci de que os slogans da minha
geração estejam superados. Gosto muito
- Inquietação
A conquista da paz interior tem muito a ver com o nosso
próprio cabedal de realizações. Neste sentido, dou-me sempre em curso, grato
por continuar inquieto, meiamente irrealizado, capaz ainda de assestrar
músculos e graça à conquista de novas cidadelas
- Aracaju é
A cidade que me entendeu.
- Arrependo-me
De ter deixado de fumar maconha aos 40 anos. A vida ficou
meio cinza.
- Não faria
Nada, faria tudo de novo, mas não teria deitado tanto com
gente que não me amava.
- Livro que você gostaria de ter escrito
KKK. O Ulisses de James Joyce. Ainda gosto muito da
esculhambação.
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 7 de novembro de 2013.
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