Memorial de Sergipe/UNIT, 19 de abril de 2013.
A Telefonia Fixa em Sergipe.
Por Francisco Víctor Santos de Araujo*
No início do século XX Aracaju já era a capital política,
depois da construção de estradas de rodagem e o seu asfaltamento é que a mesma
passou a ser o centro econômico do Estado.
Havia em Laranjeiras ricos negociantes de açúcar e algodão,
destacando-se entre eles a figura do senhor Magalhães que representava firmas
importadoras do Rio de Janeiro, e em suas viagens conheceu o telefone e o seu
uso, adquirindo mais tarde uma pequena Estação Telefônica que se instalou na
cidade de Laranjeiras, ligando casas comerciais com os trapiches de açúcar e de
algodão, beneficiando também as residências.
Durante o Governo do General Siqueira de Menezes é dada a
concessão ao senhor Zacarias de Souza Silveira para instalar uma rede
telefônica ligando Laranjeiras com Aracaju e cidades vizinhas, se estendendo
para o meio rural. Souza Silveira criou a Companhia telefônica e instalou
primeiro dentro da Usina Bismarck, de propriedade de Otto Junklauss, imigrante
alemão, depois para os engenhos Pinheiro, Gentirana, Palmeira, Ribeira, Usina
Central e muitos outros, nos municípios de Laranjeiras e Riachuelo, estendendo-se
depois para Aracaju.
A concessão é dada a Deoclides Paes Azevedo, que em 1919
cria a Empresa Telefônica Sergipana, instalando um Posto Telefônico Público em
Laranjeiras e estendendo as linhas para as cidades de Propriá e Estância. No
mesmo ano é inaugurada com a assistência do Presidente da Província, Pereira
Lobo e com a benção do Bispo Dom José Thomaz a Empresa Elétrica em Laranjeiras,
do empresário Dr. Alberto Munck.
Instalar um telefone no início do século XX até a década de
1930, não era difícil. A moeda brasileira era forte. O açúcar e o algodão eram
vendidos caros. Os proprietários rurais colocavam os postes nos lugares cabendo
a Empresa Telefônica, estender os fios e ligar os telefones.
Podemos observar que apesar de Aracaju, ser a capital de
Sergipe com a elevação do povoado Santo Antonio de Aracaju a cidade e capital
em 17 de março de 1855, a capital sergipana é o principal centro político do
Estado, mas percebemos que ela ainda não era o principal centro econômico, uma
vez que a maior parte da riqueza do Estado estava na região do Vale do
Cotinguiba, onde havia a concentração de grandes propriedades produtoras de
açúcar e algodão. Prova disso, que influenciado por estas riquezas, o telefone
chegou a Sergipe na cidade Laranjeiras nas primeiras décadas do século XX,
antes mesmo da luz elétrica.
Até o início da década de 1970, a telefonia em Sergipe era
explorada pela empresa particular Rede Telefônica Sergipana, que logo passou a
ser estatizada e a se chamar Telecomunicações de Sergipe S/A (Telergipe), tendo
como presidente José Agnaldo Santos, sendo a primeira subsidiaria do Sistema
Telebrás Telecomunicações Brasileiras S/A, criada em 29 de dezembro de 1972. A
Telergipe em Aracaju tinha 1.575 telefones, sendo 150 particulares e 75
públicos, que tinham sido vendidos também a particulares, além dos 250
telefones de Propriá, servida por uma linha telefônica que funcionava
precariamente através de um canal em SSB (rádio), por posto telefônico
instalado na Rua da Frente, em Aracaju. A cidade Lagarto possuía 50 telefones,
que só funcionavam dentro da cidade. Estância era servida por uma mesa PABX que
não funcionava bem, tinha em torno de 50 telefones.
Com o objetivo de melhorar seus serviços, a Telergipe
realizou em 1973 na Escola Técnica Federal de Sergipe, um curso para formação
de uma turma de técnicos em telecomunicações, com duração de 14 meses, sendo
nove em Aracaju e cinco em estágio na Embratel. Técnicos esses que viriam
suprir a mão de obra da Petrobrás, Embratel e Telergipe que preencheria mais de
20 vagas aproveitando os aprovados.
A telefonia brasileira entre 1972 e 1998, foi exclusivamente
estatal sob o domínio da Telebrás. Em 1997 foi aprovado a Lei Geral de
Telecomunicações (LGT), permitindo o Governo Federal criar a Agência Nacional
de Telecomunicações (ANATEL). Com essa ação foi possível perceber que as
estatais apresentavam sérios problemas, tanto financeiros, como também na
oferta de serviços e o não acompanhamento das transformações nas
telecomunicações decorrentes da falta de investimentos no setor, deu origem as
privatizações dos serviços, que aconteceram de forma polêmica. Por não
restringir a participação estrangeira nem determinou um limite de ações por
comprador individual, o que era um monopólio estatal tinha se transformado em
privado.
Ainda em 1998 o Ministério das Comunicações dividiu a
Telebrás em doze companhias, sendo a maior delas a Tele Norte Leste S.A., em
1999 denominada de Telemar. A atuação desta nova companhia se deu no litoral
sudeste, norte e nordeste do Brasil, assumindo o controle em 16 Estados de sua
área inicial: a TELERJ, a TELEMIG, a TELEST, a TELASA, a TELPE, a TELPA, a
TELERN, a TELECEARÁ, a TELEPISA, a TELAMAZON, a TELAIMA, a TELMA, a TELEAMAPÁ,
a TELEPARÁ, a TELEBAHIA e a TELERGIPE. Em 2001 essas 16 empresas foram
integradas, dando origem a uma única empresa. Em 2002 é criada a Oi uma empresa
do grupo no ramo da telefonia móvel e em 2007 a Oi se torna uma única marca
aglomerando todos os serviços.
Em Sergipe, com a chegada da Telemar em 1999, houve mudanças
em toda a estrutura da já antiga Telergipe. O telefone teve seu poder de
aquisição facilitado para muitos, já que quando estatal o valor pago por uma
linha telefônica poderia chegar a R$ 3.000,00, os serviços foram ampliados, a
quantidade de telefones públicos (orelhões) e residenciais aumentaram
consideravelmente, chegando a todos os municípios sergipanos.
Atualmente o Estado de Sergipe é servido por várias
companhias telefônicas como a Oi, a Tim, a Claro, a Vivo e a Gvt, uma forma que
o Governo Federal encontrou para que exista uma leal concorrência e
consequentemente, uma melhor oferta e melhoria nos serviços prestados a
população.
As privatizações inovaram o setor das telecomunicações,
facilitando a todos o acesso a telefonia, e o crescimento da economia no país.
O que não seria possível sem elas. Não podemos esquecer que com elas vieram um
grande número de demissões de funcionários públicos que tinham seus empregos
estáveis e salários valorizados, como também, devido ao grande numero de
usuários que só tende a aumentar, as companhias não conseguem atender a demanda
e lideram as reclamações juntos aos órgãos de defesa do consumidor.
*Francisco Víctor Santos de Araujo é graduado em História
Licenciatura Plena pela Universidade Tiradentes.
Referências:
MENDONÇA, Jouberto Uchôa de; SILVA, Maria Lucia Marques Cruz
e. Sergipe Panorâmico: Geográfico, Político, Histórico, Econômico, Cultural,
Turístico e Social. 2 ed. Aracaju: Unit, 2009. 640 p.:II. pp. 279.
FRANCO, Emmanuel. Os primeiros telefones em Sergipe.
MENDONÇA, Paula./O Brasil após a privatização das
telecomunicações./Guiando Telecom. Artigos. 06 de janeiro de 2010. Disponível
em:
<http:/www.guiandotelecom.com.br/artigos/o-brasil-apos-a-privatizacao
dastelecomunicacoes/>. Acesso em: 04 de março de 2013.
SANTOS, Osmário./Ademar de Aragão: O Mestre das
Telecomunicações em Sergipe./ Osmário Santos: Prefeitura de Aracaju. 23 de
abril de 2005. Disponível em:
<http://www.usarioweb.infonet.com.br/~osmario/igc_conteudo.asp?codigo=10872&catalogo=5&inicio=24>.
Acesso em: 05 de março de 2013.
Texto reproduzido do site: ww3.unit.br/memorialdesergipe
Fotos ilustrativas: reproduzidas do Google.
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de novembro de 2013.
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