Relatórios de História de Sergipe I. (10/04/2011).
Por Marcos Bastos.
Museu de Arqueologia de Xingó (MAX).
A aula foi uma visita virtual ao MAX (Museu de Arqueologia
de Xingó), apresentado pela Coordenadora de Exposição Railda Nascimento, que
nos levou a conhecer a estrutura física do museu e suas alas. Já por essa
primeira apresentação podemos ver que o Museu é extremamente didático, moderno
e de fácil acessibilidade ao público portador de deficiência física.
O Museu existe há sete anos, mas sua história se iniciou com
a construção da Barragem de Xingó em 1988, onde se iniciou o salvamento
arqueológico e depois comprovou-se como sendo verdadeiros de até 9000 anos
antes do presente. A sua construção estimulou o turismo na região do baixo São
Francisco. O Museu tem por objetivo mostrar que já existiam índios nessa região
muito antes da chegada dos portugueses.
Diversos setores apresentam didaticamente como esses índios
da pré-história viviam na região de Xingó.
O primeiro setor apresentado é o setor das escavações, ele
mostra que as escavações são feitas em camadas e que em cada camada há uma
distinção dos artefatos encontrados, pois quanto mais profundas as escavações
mais antigos são os artefatos, além de mostrar as ferramentas usadas por
arqueólogos nas escavações.
Já o segundo setor tem por objetivo mostrar as rotas de
chegada à América, para isso faz utilização de um mapa eletrônico que detalha
as migrações que aconteceram tanto pelo litoral quanto pelo interior da região.
O mapa também aponta onde estão localizados os sítios arqueológicos mais
antigos da América dando destaque ao sítio Justino que é o principal da região
de Xingó. O sítio Justino é considerado um sítio de terraço, já que se localiza
na beira do rio, já nos platôs e nas montanhas são encontrados os sítios de
registros gráficos onde até hoje são descobertas novas pinturas e gravuras
rupestres.
Depois fomos apresentados ao setor de pinturas e gravuras
rupestres. Uma característica deste setor, presente no Museu, é a interação da
pré-história com o meio externo, mostrando a atual região de Xingó. O mineral
usado para pintura é o Óxido de ferro, chamado também de Ocre, que é de cor
avermelhada. O Museu mostra a ilustração de um índio pintando uma rocha e
também mostra os materiais que ele utilizava. É importante observar que os
desenhos tentam representar o seu cotidiano, mas nem todas as gravuras
conseguem ser compreendidas. Também foram apresentados exemplares de fragmentos
de um sítio de registro gráfico. Eles tiveram que ser retirados, pois esse
sítio foi o único inundado. O método usado para gravar nas pedras, era o
copicotiamento, ou seja, eles utilizavam uma pedra menor para gravar numa pedra
maior. As gravuras podem ser consideradas uma forma de linguagem da
pré-história.
Agora vemos ferramentas líticas que são objetos de pedra
confeccionados por índios pré-históricos, o granito era uma das pedras mais
utilizadas para construção desses artefatos.
Nesse outro setor apresenta artefatos cerâmicos, muito
diversificados quanto à forma e tamanho. Percebemos a capacidade de esses
índios criarem instrumentos para o seu cotidiano, como por exemplo as vasilhas
de barro diversas, cachimbos artesanais, onde mostra que esses índios já
cultivavam vegetais usados para o fumo. Um detalhe curioso do Museu é de que os
vasos datam 5000 anos, podendo ser as cerâmicas mais antigas do Nordeste.
Provavelmente a cerâmica que os índios utilizavam estava associada à atividade
agrícola inicial, possibilitando uma melhor qualidade de viva, já que eles
cozinhavam os alimentos e consequentemente diminuíam o desgaste dos dentes e
uma série de outros fatores em benefício deles. Uma curiosidade é de que eles
decoravam esses recipientes.
O próximo setor, que nos mostra o princípio de habitação
humana e variação de alimentos. É ilustrado de maneira clara e objetiva por uma
maquete, mostrando a vida desses índios, que viviam as margens do Rio São
Francisco. A base da alimentação dos índios era peixe, mas quando o rio sofria
de grandes cheias ou secas eles eram obrigados a irem aos platôs e as montanhas
para caçar, e deixavam espalhadas suas pinturas e gravuras. Caçavam animais de
porte médio, do tamanho aproximado de capivaras ou veados, mas se alimentavam
de pequenos animais também.
No setor da morte conhecemos que os índios pré-históricos
possuíam rituais de enterro, que faziam parte de sua cultura. Era uma prática
comum entre eles serem enterrados com seus objetos pessoais. Esses objetos
podiam ser no caso das mulheres, colares, prendedores de cabelos e no caso dos
homens, objetos de caça e cerâmica. Também há indícios de que eles possuíam
organização social e preocupação com a vida após a morte. Isto mostra que o
homem de 5000 A.P. não era inteiramente bruto.
Há ainda o setor de exposição especial, com a intenção de
criar uma relação entre o presente e o passado. A exposição que está atualmente
em cartaz trata da hidroferrovia de Piranhas e sua importância para o baixo e
médio São Francisco. Piranhas hoje é tombada pelo IPHAN, sendo muito importante
para o auto-reconhecimento sócio-cultural dessa região. Os visitantes têm a
oportunidade de ver uma maquete mostrando como era Piranhas do inicio do século
XX. A cidade foi visitada por D. Pedro II e ao visitar a região, como não conseguiu
chegar de barco devido às corredeiras de Paulo Afonso ele então baixa um
decreto criado a ferrovia Paulo Afonso, que ligava as cidades de Piranhas ao
médio sertão pernambucano. A ferrovia foi desativada nos anos 60 do século XX,
ainda assim ficou sua importância sócio-cultural para a região de Xingó.
Podemos concluir a importância do Museu no conhecimento
sobre a vida pré-histórica de Sergipe, mostrando a ligação do passado com o
presente. Um grande facilitador nesse processo é a forma didática como são
apresentados os diversos temas, que acaba facilitando em muito a absorção do
conhecimento.
Texto e foto reproduzidos do blog: marcosbastoshist.blogspot
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de novembro de 2013.
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