quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Museu de Arqueologia de Xingó (MAX).


Relatórios de História de Sergipe I. (10/04/2011).
Por Marcos Bastos.

Museu de Arqueologia de Xingó (MAX).

A aula foi uma visita virtual ao MAX (Museu de Arqueologia de Xingó), apresentado pela Coordenadora de Exposição Railda Nascimento, que nos levou a conhecer a estrutura física do museu e suas alas. Já por essa primeira apresentação podemos ver que o Museu é extremamente didático, moderno e de fácil acessibilidade ao público portador de deficiência física.

O Museu existe há sete anos, mas sua história se iniciou com a construção da Barragem de Xingó em 1988, onde se iniciou o salvamento arqueológico e depois comprovou-se como sendo verdadeiros de até 9000 anos antes do presente. A sua construção estimulou o turismo na região do baixo São Francisco. O Museu tem por objetivo mostrar que já existiam índios nessa região muito antes da chegada dos portugueses.

Diversos setores apresentam didaticamente como esses índios da pré-história viviam na região de Xingó.

O primeiro setor apresentado é o setor das escavações, ele mostra que as escavações são feitas em camadas e que em cada camada há uma distinção dos artefatos encontrados, pois quanto mais profundas as escavações mais antigos são os artefatos, além de mostrar as ferramentas usadas por arqueólogos nas escavações.
Já o segundo setor tem por objetivo mostrar as rotas de chegada à América, para isso faz utilização de um mapa eletrônico que detalha as migrações que aconteceram tanto pelo litoral quanto pelo interior da região. O mapa também aponta onde estão localizados os sítios arqueológicos mais antigos da América dando destaque ao sítio Justino que é o principal da região de Xingó. O sítio Justino é considerado um sítio de terraço, já que se localiza na beira do rio, já nos platôs e nas montanhas são encontrados os sítios de registros gráficos onde até hoje são descobertas novas pinturas e gravuras rupestres.

Depois fomos apresentados ao setor de pinturas e gravuras rupestres. Uma característica deste setor, presente no Museu, é a interação da pré-história com o meio externo, mostrando a atual região de Xingó. O mineral usado para pintura é o Óxido de ferro, chamado também de Ocre, que é de cor avermelhada. O Museu mostra a ilustração de um índio pintando uma rocha e também mostra os materiais que ele utilizava. É importante observar que os desenhos tentam representar o seu cotidiano, mas nem todas as gravuras conseguem ser compreendidas. Também foram apresentados exemplares de fragmentos de um sítio de registro gráfico. Eles tiveram que ser retirados, pois esse sítio foi o único inundado. O método usado para gravar nas pedras, era o copicotiamento, ou seja, eles utilizavam uma pedra menor para gravar numa pedra maior. As gravuras podem ser consideradas uma forma de linguagem da pré-história.

Agora vemos ferramentas líticas que são objetos de pedra confeccionados por índios pré-históricos, o granito era uma das pedras mais utilizadas para construção desses artefatos.

Nesse outro setor apresenta artefatos cerâmicos, muito diversificados quanto à forma e tamanho. Percebemos a capacidade de esses índios criarem instrumentos para o seu cotidiano, como por exemplo as vasilhas de barro diversas, cachimbos artesanais, onde mostra que esses índios já cultivavam vegetais usados para o fumo. Um detalhe curioso do Museu é de que os vasos datam 5000 anos, podendo ser as cerâmicas mais antigas do Nordeste. Provavelmente a cerâmica que os índios utilizavam estava associada à atividade agrícola inicial, possibilitando uma melhor qualidade de viva, já que eles cozinhavam os alimentos e consequentemente diminuíam o desgaste dos dentes e uma série de outros fatores em benefício deles. Uma curiosidade é de que eles decoravam esses recipientes.

O próximo setor, que nos mostra o princípio de habitação humana e variação de alimentos. É ilustrado de maneira clara e objetiva por uma maquete, mostrando a vida desses índios, que viviam as margens do Rio São Francisco. A base da alimentação dos índios era peixe, mas quando o rio sofria de grandes cheias ou secas eles eram obrigados a irem aos platôs e as montanhas para caçar, e deixavam espalhadas suas pinturas e gravuras. Caçavam animais de porte médio, do tamanho aproximado de capivaras ou veados, mas se alimentavam de pequenos animais também.

No setor da morte conhecemos que os índios pré-históricos possuíam rituais de enterro, que faziam parte de sua cultura. Era uma prática comum entre eles serem enterrados com seus objetos pessoais. Esses objetos podiam ser no caso das mulheres, colares, prendedores de cabelos e no caso dos homens, objetos de caça e cerâmica. Também há indícios de que eles possuíam organização social e preocupação com a vida após a morte. Isto mostra que o homem de 5000 A.P. não era inteiramente bruto.

Há ainda o setor de exposição especial, com a intenção de criar uma relação entre o presente e o passado. A exposição que está atualmente em cartaz trata da hidroferrovia de Piranhas e sua importância para o baixo e médio São Francisco. Piranhas hoje é tombada pelo IPHAN, sendo muito importante para o auto-reconhecimento sócio-cultural dessa região. Os visitantes têm a oportunidade de ver uma maquete mostrando como era Piranhas do inicio do século XX. A cidade foi visitada por D. Pedro II e ao visitar a região, como não conseguiu chegar de barco devido às corredeiras de Paulo Afonso ele então baixa um decreto criado a ferrovia Paulo Afonso, que ligava as cidades de Piranhas ao médio sertão pernambucano. A ferrovia foi desativada nos anos 60 do século XX, ainda assim ficou sua importância sócio-cultural para a região de Xingó.

Podemos concluir a importância do Museu no conhecimento sobre a vida pré-histórica de Sergipe, mostrando a ligação do passado com o presente. Um grande facilitador nesse processo é a forma didática como são apresentados os diversos temas, que acaba facilitando em muito a absorção do conhecimento.

Texto e foto reproduzidos do blog: marcosbastoshist.blogspot

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 13 de novembro de 2013.

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