(Para os arquivos de Eduardo Cabral, que terá muito a
acrescentar a esta breve crônica)
O atelier de Florival Santos
Florival Santos era seletivo quanto às visitas ao seu
atelier instalado no sótão da sua casa na Rua Duque de Caxias, com jardim
lateral e fachada em art’decor. Para galgar a velha escada de madeira que o
levaria à oficina do pintor, o visitante haveria primeiro que tomar algumas
xícaras de café com bolachinhas de goma ou mesmo um vigoroso suco de mangaba,
preparados por D Concita e servidos com discreta elegância por Marlene, sua
filha. Somente depois de muita conversa o interessado, mesmo que trouxesse o benefício
de uma encomenda, poderia ser convidado para apreciar, no sótão, o árduo e
meticuloso trabalho do mestre, ora descobrindo nos retratos magistralmente
executados o tom ocre que concedia aos retrados uma dignidade heráldica, ora
inventando novas texturas que favorecessem a luz e o agoniado movimento de
velas ao vento em suas marinhas, trabalhadas com a espátula. Era um
perfeccionista. Raramente presenciei Florival anunciar que alguma daquelas
preciosidades estivesse pronta. Quando as vi expostas na Sociedade Semear, por
ocasião das comemorações pelos seus 100 anos, matutei com meus botões: “Ah! Se
Florival estivesse vivo, seria muito difícil tirá-las do atelier”.
Não sei por que cargas d’água eu e Eduardo Cabral tínhamos
acesso livre ao sacrossanto altar das suas pinturas. Meninotes ainda, íamos
frequentemente visitar o Mestre e sempre fomos bem recebidos. Ouvíamos muito
mais do que falávamos e concordávamos sempre, sempre cuidadosos em não provocar
o gênio colérico de Florival, temido até entre os seus colegas pintores. J.
Ignácio, por exemplo, não gozava da sua simpatia, embora recebesse dele velados
elogios. “É um ótimo pintor, mas não tem juízo” dizia ele do desbocado Ignacio,
de que se conta que certa vez, ao passar por Florival na Rua João Pessoa
gritara, escondido entre pilastras: “Moldureiro!”... uma desconsideração com o
cuidadoso pintor que entregava os seus retratos em primorosas molduras.
Quando em 1966 o prefeito Godofredo Diniz, ao inaugurar a
Galeria “Álvaro Santos”, por sugestão de Alencar Filho convidou Florival Santos
para dirigi-la, ele só aceitou com a condição de eu fosse nomeado seu
secretário geral, sob a alegação de que a nova galeria deveria servir muito
mais aos artistas mais novos do que aos já consagrados.
Devo a ele o meu primeiro cargo público.
Amaral Cavalcante.
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 24 de novembro de 2012.
Olá Amaral, venho parabenizar pelo lindo texto dedicado em memória do meu tio-avô, Florival Dozzia Dos Santos (Florival Santos). Sou a neta de uma irmã dele, meu pai era sobrinho dele; quando eu era pequena, a minha mãe juntamente com o meu pai (que teria hoje 80 anos), ia lá na casa do tio Florival, localizado na rua Duque de Caxias (bairro São José), para conversar com o mesmo. Eu era tão pequena que não me recordo dele presencialmente, porém o meu irmão mais velho também chegara quando pequeno, a visitá-lo conosco, e ele se recorda do Florival, da Dona Concita Ferraz e do Lorival. Hoje visitamos a prima do meu pai, a Marlene Alvarez Santos, no apartamento dela próximo ao Conservatório. A minha avó paterna (mãe de meu pai) também encontra-se enterrada no cemitério Santa Isabel, junto com o meu tio-avô Florival Santos. Eternas lembranças!
ResponderExcluirOlá, Soraia! Somente agora li o seu recado que muito me enterneceu. Quando estiver com Marlene abrace-a por mim.
ExcluirOlá Amaral, venho parabenizar pelo lindo texto dedicado em memória do meu tio-avô, Florival Dozzia Dos Santos (Florival Santos). Sou a neta de uma irmã dele, meu pai era sobrinho dele; quando eu era pequena, a minha mãe juntamente com o meu pai (que teria hoje 80 anos), ia lá na casa do tio Florival, localizado na rua Duque de Caxias (bairro São José), para conversar com o mesmo. Eu era tão pequena que não me recordo dele presencialmente, porém o meu irmão mais velho também chegara quando pequeno, a visitá-lo conosco, e ele se recorda do Florival, da Dona Concita Ferraz e do Lorival. Hoje visitamos a prima do meu pai, a Marlene Alvarez Santos, no apartamento dela próximo ao Conservatório. A minha avó paterna (mãe de meu pai) também encontra-se enterrada no cemitério Santa Isabel, junto com o meu tio-avô Florival Santos. Eternas lembranças!
ResponderExcluirBoa tarde Soraia. Me chamo Rômulo Azevedo sou professor de História e venho tentando reconstruir a história da minha família. Gostaria de pedir a sua ajuda, estou tentando montar a árvore genealógica da família Azevedo. Li um texto no site ''SOCIEDADE SEMEAR'', e me deparei com dois nomes em comum. Irmã do senhor Florival, Maria José, você sabe qual a sua descendência? Possível mãe de meu avô Joaquim.
ResponderExcluirAutran Azevedo, pode ser que seja irmão de Hildegards Azevedo Santos, Conselheiro do TCU- SE, primos do meu avô Joaquim Pereira de Azevedo.
Moro no Rio de Janeiro e não tenho como fazer essa pesquisa sem a sua ajuda, poderia perguntar para seus pais, tios sobre esses nomes que mencionei aqui?
Aguardo respostas..
historia.romulo@gmail.com
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