sábado, 23 de novembro de 2013

Conluios com a Web


Conluios com a Web

Meu processo de escrita tem sido sempre o mesmo. Visto uma bermuda velha de agradáveis passados, calço uma havaiana furada no calcanhar e aviso aos circundantes domésticos com falso mau humor: vou beber no facebook. Todos riem nesta hora. Depois abro um vinho e coloco dois prevenidos latões de cerveja no congelador, para segurar, até mais tarde, o papo virtual com os amigos seguidores.

Abro o feed e leio tudo o que me toca o entusiasmo, às vezes comentando ou apenas curtindo e outras compartilhando, quando o que leio é o que eu gostaria de ter postado e tem a minha inteira concordância. Levo em conta também os seguidores que interagem comigo e que me fazem estar aqui, nesta conversa de viciosa inteligência que tanto me apraz.

Meia garrafa depois eu escrevo. Levo um tempo buscando no Google a melhor ilustração para a minha viajem e curto muito achar naquela Babilônia a ilustração ideal para o sentimento que quero remeter aos meus benéficos leitores.

Ai então me resta aguardar as manifestações de apreço e concordância, os reparos certeiros, as raras obtemporações e os profusos elogios ao que eu posto, o necessário acumpliciamento diverso que me anima a continuar escrevendo e postando no Facebook. Saibam que levo muito a sério o julgamento de todos vocês, já que nada os obriga a me curtir. Esta moderna interação entre escritor e leitor é a mais profícua novidade na cadeia produtiva que move a literatura nesses tempos ainda mal entendidos da comunicação via Web.

Já no pé da garrafa eu costumo recorrer ao joguinho da Paciência, outro vício que o computador nos traz, e jogo o jogo até que algum de vocês faça soar a sineta da sua presença em meu universo virtual.
Gosto muito de compreender esse novo tempo.

Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 23 de novembro de 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário