sábado, 31 de agosto de 2013

O "Doublé" de Médico e Poeta Marcelo Ribeiro


Publicado no Blog cronicadacidade.blogspot, em 13 de abril de 2012.


O "Doublé" de Médico e Poeta Marcelo Ribeiro.

Por Luiz Santana.
Hoje, já que me encontro sozinho e posso pensar, resolvi fazer uma crônica sobre o meu médico particular, Dr. Marcelo Ribeiro, que, nas horas vagas é um poeta de "boa cepa", " viajando" pelas entranhas do ser humano, desnudando os assuntos, traçando perfis de pessoas, de coisas, em seu linguajar, criando termos, vocábulos, inventando um novocabulário, com a licença poética que só é permitida aos grandes escritores, como o padre Antonio Vieira, que usou " me melem", Camões, e, entre nós, Drumond, Bandeira e muitos outros.

Antes de conhecer o médico/poeta, fui aluno de seu pai, Dr. José da Silva Ribeiro, mestre do direito penal, na vetusta Faculdade Federal de Direito de Sergipe. Nessa época, década de 60, o menino Marcelo, de calças curtas, jogava bola no campo Alberto Azevedo, atrás de sua casa e rezando e comungando no Salesiano.

Um dos seus irmãos, o Wagner, uma das inteligências maiores de nossa Barbosópolis, também escritor, foi meu colega no Dep. de Direito da UFS, ministrando Direito Processual do Trabalho.
Ambos hoje pertencentes à Academia Sergipana de Letras, presidida pelo meu colega do Dep. de Direito Dr. José Anderson Nascimento e tendo como decano, assim me parece, o professor José Amado do Nascimento.

Bem, mas voltemos ao médico. Tive um problemazinho auditivo (cerumen) e visito Dr. Marcelo, fato ocorrido no dia 11.04.2012. Chego ao seu consultório às 13 horas e a sala já está cheia de pacientes. A atendente me diz que eu sou o 14º. a ser atendido. Tudo bem. Me sento ( e não sou poeta para ter a chamada licença poética), mas estou bem acompanhado, em uma das cadeiras do consultório e vejo na mesa da atendente vários livros. Por curiosidade vou vê-los e lá estão livros escritos pelo poeta. Debruço-me sobre os compêndios e escolho o primeiro para ler. Título: "Algum Poema Conciso". Prefácio de Léo A. Mittaraquis e "orelha" do também poeta Vieira Neto.

O prefaciador analisa com acuidade e sabedoria os poemas insertos no livro, fala do "ato solitário de criar" do poeta ,no primeiro poema "Fragmentos" e conclui " testemunho minha gratidão para com o vate". E Vieira Neto escreve", mais adiante, no poema "Eclipse", dedicado ao irmão Wagner Ribeiro, o bardo mostra sua capacidade de invenção verbal: " Acontece/anoitecer-me/em pleno dia/e sombrio aguardar/ficar manhã". Brilhante, segundo Vieira Neto. A imagem é muito profunda, própria dos poetas de alma limpa, mas os vates nunca se encontram na escuridão e sim na claridade meridiana.Em "Sedução" Marcelo compara a lua a uma mulher, que cobre-se de nuvens e, como a mulher, depois desnuda-se.

O poeta vive, em seus poemas, o dia-a-dia de nossa cidade, de nosso Estado, de nosso País, do Mundo; penetra no âmago da sociedade; vê coisas que os pobres mortais não vislumbram. A sua alma está inquieta, quer descobrir, quer ver.

Texto reproduzido do blog: cronicadacidade.blogspot.com.br

Publicado originalmente na página do Facebook/MTéSERGIPE, em 28 de abril de 2012.

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