Publicado no Blog cronicadacidade.blogspot, em 13 de abril de 2012.
O "Doublé" de Médico e Poeta Marcelo Ribeiro.
Por Luiz
Santana.
Hoje, já que me encontro sozinho e posso pensar, resolvi
fazer uma crônica sobre o meu médico particular, Dr. Marcelo Ribeiro, que, nas
horas vagas é um poeta de "boa cepa", " viajando" pelas
entranhas do ser humano, desnudando os assuntos, traçando perfis de pessoas, de
coisas, em seu linguajar, criando termos, vocábulos, inventando um
novocabulário, com a licença poética que só é permitida aos grandes escritores,
como o padre Antonio Vieira, que usou " me melem", Camões, e, entre
nós, Drumond, Bandeira e muitos outros.
Antes de conhecer o médico/poeta, fui aluno de seu pai, Dr.
José da Silva Ribeiro, mestre do direito penal, na vetusta Faculdade Federal de
Direito de Sergipe. Nessa época, década de 60, o menino Marcelo, de calças
curtas, jogava bola no campo Alberto Azevedo, atrás de sua casa e rezando e
comungando no Salesiano.
Um dos seus irmãos, o Wagner, uma das inteligências maiores
de nossa Barbosópolis, também escritor, foi meu colega no Dep. de Direito da
UFS, ministrando Direito Processual do Trabalho.
Ambos hoje pertencentes à Academia Sergipana de Letras,
presidida pelo meu colega do Dep. de Direito Dr. José Anderson Nascimento e
tendo como decano, assim me parece, o professor José Amado do Nascimento.
Bem, mas voltemos ao médico. Tive um problemazinho auditivo
(cerumen) e visito Dr. Marcelo, fato ocorrido no dia 11.04.2012. Chego ao seu
consultório às 13 horas e a sala já está cheia de pacientes. A atendente me diz
que eu sou o 14º. a ser atendido. Tudo bem. Me sento ( e não sou poeta para ter
a chamada licença poética), mas estou bem acompanhado, em uma das cadeiras do
consultório e vejo na mesa da atendente vários livros. Por curiosidade vou
vê-los e lá estão livros escritos pelo poeta. Debruço-me sobre os compêndios e
escolho o primeiro para ler. Título: "Algum Poema Conciso". Prefácio
de Léo A. Mittaraquis e "orelha" do também poeta Vieira Neto.
O prefaciador analisa com acuidade e sabedoria os poemas
insertos no livro, fala do "ato solitário de criar" do poeta ,no
primeiro poema "Fragmentos" e conclui " testemunho minha
gratidão para com o vate". E Vieira Neto escreve", mais adiante, no
poema "Eclipse", dedicado ao irmão Wagner Ribeiro, o bardo mostra sua
capacidade de invenção verbal: " Acontece/anoitecer-me/em pleno dia/e
sombrio aguardar/ficar manhã". Brilhante, segundo Vieira Neto. A imagem é
muito profunda, própria dos poetas de alma limpa, mas os vates nunca se
encontram na escuridão e sim na claridade meridiana.Em "Sedução"
Marcelo compara a lua a uma mulher, que cobre-se de nuvens e, como a mulher,
depois desnuda-se.
O poeta vive, em seus poemas, o dia-a-dia de nossa cidade,
de nosso Estado, de nosso País, do Mundo; penetra no âmago da sociedade; vê
coisas que os pobres mortais não vislumbram. A sua alma está inquieta, quer
descobrir, quer ver.
Texto reproduzido do blog: cronicadacidade.blogspot.com.br
Publicado originalmente na página do Facebook/MTéSERGIPE, em 28 de abril de 2012.
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