Jornalista e historiador Luiz Antônio Barreto
Foto: Alejandro Zambrana
História do mercado central mostra evolução urbana. *
Por Najara Lima (26/07/2010)
A primeira ideia do engenheiro Sebastião Basílio Pirro, por
volta de 1920, era construir um mercado onde hoje está localizada a praça
Fausto Cardoso. Não foi isso o que aconteceu. O lugar escolhido para receber a
obra acabou sendo a esquina da rua Laranjeiras com a avenida Rio Branco. Foi
assim que nasceu o primeiro mercado público de Aracaju, também conhecido na
época como mercado modelo.
A obra foi chamada de Mercado Antônio Franco, nome do
empresário que investiu em sua construção. De acordo com o jornalista e
historiador Luiz Antônio Barreto, o prédio era bastante imponente para a época.
"Havia um conjunto de lojas nas quatro faces do prédio, com um pátio útil,
versátil. Lembrava os grandes mercados do mundo", conta ele. Na mesma área,
foram edificadas outras obras, como a Associação Comercial de Sergipe e o
Colégio Nossa Senhora de Lourdes, consolidando o crescimento da zona norte da
cidade.
O mercado era, em princípio, um lugar de varejo popular,
onde eram comercializados não apenas produtos industrializados, como também
carnes, queijos, doces, mandioca, ervas e produtos relacionados aos cultos
afrobrasileiros. Dessa forma, o mercado atendia satisfatoriamente à população
aracajuana, sendo apenas auxiliado por mercearias localizadas em ruas próximas
a ele, até a década de 40.
Em 1948, foi construído o mercado auxiliar, chamado de
mercado novo, que recebeu o nome do famoso industriário Thales Ferraz e tinha
linhas arquitetônicas bastante semelhantes às do mercado anterior. Só no final
do século XX, com o projeto de revitalização proposto pela Prefeitura Municipal
de Aracaju (PMA) em parceria com o Governo do Estado para o Centro da cidade,
foi construído o Mercado Albano Franco, já com uma arquitetura bastante
diferente dos outros dois.
"Uma das grandes vantagens desse mercado é a sua
extensa área para estacionamento de veículos, porque as ruas localizadas ao
redor dos antigos mercados já estavam estranguladas", afirma Luiz Antônio
Barreto.
Entorno
Segundo o historiador, atualmente é possível notar as
diferentes finalidades de cada um dos mercados centrais. "O mais antigo,
Antônio Franco, serve como um Centro comercial popular para fins turísticos. Já
o Thales Ferraz mantém a riqueza gastronômica da cidade com a venda de mel,
queijos, castanha, enquanto o Albano Franco é dedicado ao ramo de
hortifrutigranjeiros", relata.
Para Barreto, os mercados não são apenas parte do corpo da
cidade. Ele defende que é importante lembrar que eles estão localizados onde
antes ficava o porto de Aracaju, lugar de saída e chegada de barcos e saveiros
que iam e vinham do interior do estado com passageiros e mercadorias.
"Naquele local também ficavam estacionados os caminhões de feirantes,
parte dos ônibus e marinetes", conta.
Boemia
O historiador conta que, além do importante movimento de
transporte de passageiros e mercadorias existente no local, havia também um
forte clima de boemia envolvendo aquele ambiente. "A vida social em torno
dos mercados era bastante intensa. Na parte de baixo funcionavam mercearias
durante o dia. Em cima, à noite, eram revelados os cabarés e as boates",
revela Luiz Antônio Barreto.
Ele conta que a área localizada ao redor dos mercados
centrais de Aracaju, região que compreende a Avenida Otoniel Dórea, o Beco dos
Cocos e as ruas Santa Rosa e Florentino Menezes, era mais conhecida como
Vaticano. "Era uma ironia do povo com relação à santidade do que acontecia
naquele local durante as noites", diz.
A partir da década de 1970, quando a prostituição começou a
ser reprimida na área, a região continuou a ser um importante pólo cultural da
cidade, com constantes apresentações de diversos músicos locais.
Comércio
Luiz conta que um dado que precisa ser considerado quando se
fala sobre os mercados centrais de Aracaju é que dali saíram importantes nomes
do comércio nacional. Entre eles, destacam-se Mamede Paes Mendonça e Pedro Paes
Mendonça, que possuíam mercearias no local.
"Mamede fundou, mais tarde, a rede Paes Mendonça,
enquanto Pedro criou a rede Bompreço. Duas das mais importantes redes regionais
de supermercados surgiram dos mercados centrais", conta o historiador. Ele
cita ainda o GBarbosa como uma importante rede que também tem sua origem intimamente
ligada àquela região.
De acordo com Luiz Antônio Barreto, os mercados Antônio
Franco, Thales Ferraz e Albano Franco são de extrema importância, tanto para o
crescimento econômico de Aracaju quanto para a vida social local. "Depois
de um tempo, foram surgindo os mercados setoriais, como os do Augusto Franco,
Bugio, Santos Dumont, Atalaia e Siqueira Campos. Mas o mercado tem resistido e
ainda é, com certeza, uma boa opção para a população aracajuana", declara
ele.
* Texto e foto reproduzido aqui do site aracaju.se.gov
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 11 de agosto de 2013.
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