Infonet - Blog - Luíz A. Barreto - 23/03/2012.
O centenário de Machado de Souza.
Por Luíz Antônio Barreto.
Sergipe é rico de biografias de homens e mulheres que
dedicaram as suas vidas ao serviço dos seus semelhantes, tomando profissões que
realçaram a solidariedade. Médicos e professores foram, em grande número,
aqueles que desbravaram o interior sergipano, deitando raízes que ainda hoje
podem ser identificadas, saudosamente, como lembranças dos tempos idos. Não há
quem guarde, de experiência própria, a gratidão e o afeto a tantos médicos e
professores que marcaram a vida comunitária, tanto na Capital, como e principalmente
no interior, onde a prestação de serviços essenciais é, ainda hoje,
retardatária. Um terceiro agente desses contatos, o padre, também tem seu
quinhão de reconhecimento e de aplauso, pela constante presença, como
orientador espiritual. O sentimento da população, frente a cada médico, cada
professor e cada padre é, sempre, de gratidão.
José Machado de Souza, nascido em Aracaju há exatos 100 anos
(nasceu em 22 de janeiro de 1912), é uma dessas referências que a população
sergipana não esquece, mas, ao contrário, guarda no coração, como um tributo de
agradecimento pela sua dedicação . As crianças sergipanas, notadamente as de
Aracaju, tiveram um médico humanista, dedicado, que se tornou num exemplo e uma
referência na história da Medicina em Sergipe. Machado de Souza tornou-se um
símbolo, citado, procurado, como uma palavra confortadora nas horas
angustiantes da doença. Grande médico, formado em 1934, dedicou-se pela vida
inteira, a socorrer a infância desamparada, doente, carente de socorro e de amor.
Seu nome correu a cidade, estava na boca das mães, como um alívio para o
sofrimento humano. Voz forte, mão firme, dominando a ciência e atualizado os
modos de curar, Machado de Souza foi, em vida, uma unanimidade, que permanece
depois de sua morte (março de 1997), como um exemplo a ser seguido.
José Machado de Souza não viveu apenas como médico. Atuou
com alguns dos seus colegas para viabilizar a criação da Faculdade de Medicina,
concorrendo para a fundação da Universidade Federal de Sergipe, instalada no
velho Hospital de Cirurgia, central de debates médicos, responsável pelas
conquistas e vitórias que marcam a trajetória da obra de Augusto Leite e seus
colaboradores. Machado de Souza estava atento ao esforço por conquistar uma
mais atualizada ciência e dotar os equipamentos de saúde das condições
adequadas à prestação dos serviços. No campo da Medicina, portanto, Machado de
Souza cumpriu também com uma colaboração qualificada, que avoluma o seu
currículo de médico e de mestre. Os profissionais da área da saúde têm, ainda
hoje, 15 anos depois de sua morte, respeito e veneração pelo homem e pelo
cidadão, pelo clínico e pelo articulador, como se viu na solenidade promovida
pela Academia Sergipana de Medicina e outras entidades.
Em 1954, José Machado de Souza aceitou compor a chapa da
União Democrática Nacional – UDN -, para o Governo do Estado. Ele foi o
candidato a Vice-governador, e seu amigo e correligionário Leandro Maciel o
candidato a Governador. Vitoriosos, unidos, quebraram a hegemonia da coligação
PSD-PR, vitoriosa desde a redemocratização de 1946, sob a liderança de
Francisco Leite Neto. José Machado de Souza desdobrou-se para não deixar de
atender à clientela e sforçou-se para levar o Governo a promover melhoramentos
na precária rede de atendimento médico. A experiência não pareceu convincente
ao homem acostumado com o contato direto com as mães e os pais das crianças ao
seu cuidado. Nunca mais ele compôs chapas e disputou eleições. Voltou-se, com
toda ênfase, à clínica, construindo uma imagem imortal de competência e
dedicação, como se fosse, como disse Manoel Cabral Machado, “um sacerdote da
infância sergipana.”É esta, ainda hoje, a sensação deixada pela biografia de
pediatra.
Quando seu amigo Augusto Franco chegou ao Governo do Estado,
em 1979, José Machado de Souza foi convidado a ser o Secretário de Estado da
Saúde. Simples como sempre foi, aceitou o convite e imprimiu no Governo um
ritmo e inspirou uma disposição que mereceram aplausos de todos os sergipanos,
independentemente da opção partidária. O que se viu foi o estilo firme,
decidido, rápido, na montagem de uma estrutura melhor, capaz de cumprir com
seus objetivos e suas obrigações. A presença de Machado de Souza no Governo foi
um momento grandioso, que elevou a responsabilidade da SES, na ampliação da
capacidade prestadora da máquina pública, à população desejosa e esperançosa de
bons governantes. O nome de José Machado de Souza vai, com certeza, ecoar pelo
tempo afora, como um símbolo sergipano de competência e responsabilidade. Um livreto,
organizado por Lúcio Prado Dias, guardará para o futuro as demonstrações de
apreço pela biografia de José Machado de Souza.
Foto reproduzida do site: linux.alfamaweb.com.br/
Texto reproduzido do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 30 de julho de 2013.
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