Casa na Rua Itabaiana, onde por muito tempo funcionou o SAMDU.
Foto: acervo João Manoel/skyscrapercity.com
Foto: acervo João Manoel/skyscrapercity.com
De postagem feita por Clara Angélica Porto, na página do Facebook/MTéSERGIPE.*
Antigamente, e não tão antigamente assim, o sistema de saúde
pública era muito bom. Antes do golpe militar (não foi ditadura, foi GOLPE),
nossa saúde e educação pública eram maravilhosos. Lembro ainda criança, quando
um de nós ficávamos doentes, papai chamava a SAMDU, minutos depois chegava o
carro branco com o médico, os melhores da cidade, vinham Dr. Francisco
Rollemberg, Dr. Veloso, Dra. Elcy Rollemberg, e por aí vai. Vinham, examinavam,
davam logo o remédio que traziam e deixavam a receita. Lembro de mamãe,
elegante, segurando uma pequena bandeja de prata com água gelada para o médico
e o enfermeiro, e segurando uma toalha bordada limpíssima exclusivamente para
uso do médico. A toalha fazia partes daqueles conjuntos alvíssimos e bordados,
guardados para visitas ilustres e ocasiões especiais. Tudo tinha tanta
classe... não havia aquele sentido de saúde pública porque não tem dinheiro.
Era o sentido do médico assistindo quem precisava de assistência, algo nobre e
honrado. Os médicos mais amigos, tipo dr. Francisco, aceitavam o docinho de
batata ou leite, ou banana de rodinha, ou o suco de mangaba ou genipapo. Quando
saíam nós, ou com catapora ou sarampo, ou a tal gripe asiática, já nos
sentíamos melhor, deitadinhos nos lençóis alvos limpíssimos com cheiro de
alfazema, que mamãe fazia questão de friccionar com algodão nas nossas
costinhas, para aliviar a febre.
O Atheneu era a melhor escola de Aracaju, com professores do
nível de Glorita Portugal, Maria da Glória Monteiro, Hunald Alencar, Leão Magno
Brasil, Fernandinho Maynard, Ofenísia Freire, Maria Thétis Nunes, e por aí
vai... Os maiores expoentes da política e das profissões liberais em geral, os
maiores intelectuais e juristas, os maiores professores de Aracaju e de
Sergipe, foram alunos do velho Atheneu.
Aí veio o golpe militar. Acabou a SAMDU, acabou a liberdade
de expressão, acabou a Educação pública e gratuita de alta qualidade e ainda,
achando pouco, mandaram construir os campus universitários nos arredores das
cidades, para diminuir a convivência da população com as cabeças pensantes;
para minimizar influências; para estimular a alienação ampla, total e
irrestrita.
O golpe militar do Brasil levou a nação brasileira a 20 anos
de atraso. Vamos nos aprofundar nas questões do momento, procurar entender
melhor o que se passa não só no Brasil, como globalmente, entender com crítica
distanciada o papel das poderosas nações do planeta, o do Brasil e o nosso.
Não é só de bom senso que precisamos, de gosto de sangue na
boca, de gás; precisamos de luta e bom senso com conhecimento (pelo menos
algum) de causa. Não podemos acreditar em tudo o que lemos na internet; ao
lermos algo, temos que pesquisar a veracidade, antes de deixarmos que nos
influencie, que nos tome de um fôlego, porque pode nos deixar sem fôlego.
Vamos remexer nossas próprias cabeças, fazer um redemoinho
de perguntas e procurar respostas e, sobretudo, não vamos deixar morrer a
esperança, nem deixar de acreditar.
"É preciso estar atento e forte".
*Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 9 de Julho de 2013.
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