sexta-feira, 12 de julho de 2013

Clara Angélica Porto, em página do Facebook/MTéSERGIPE

Casa na Rua Itabaiana, onde por muito tempo funcionou o SAMDU.
Foto: acervo João Manoel/skyscrapercity.com

De postagem feita por Clara Angélica Porto, na página do Facebook/MTéSERGIPE.*

Antigamente, e não tão antigamente assim, o sistema de saúde pública era muito bom. Antes do golpe militar (não foi ditadura, foi GOLPE), nossa saúde e educação pública eram maravilhosos. Lembro ainda criança, quando um de nós ficávamos doentes, papai chamava a SAMDU, minutos depois chegava o carro branco com o médico, os melhores da cidade, vinham Dr. Francisco Rollemberg, Dr. Veloso, Dra. Elcy Rollemberg, e por aí vai. Vinham, examinavam, davam logo o remédio que traziam e deixavam a receita. Lembro de mamãe, elegante, segurando uma pequena bandeja de prata com água gelada para o médico e o enfermeiro, e segurando uma toalha bordada limpíssima exclusivamente para uso do médico. A toalha fazia partes daqueles conjuntos alvíssimos e bordados, guardados para visitas ilustres e ocasiões especiais. Tudo tinha tanta classe... não havia aquele sentido de saúde pública porque não tem dinheiro. Era o sentido do médico assistindo quem precisava de assistência, algo nobre e honrado. Os médicos mais amigos, tipo dr. Francisco, aceitavam o docinho de batata ou leite, ou banana de rodinha, ou o suco de mangaba ou genipapo. Quando saíam nós, ou com catapora ou sarampo, ou a tal gripe asiática, já nos sentíamos melhor, deitadinhos nos lençóis alvos limpíssimos com cheiro de alfazema, que mamãe fazia questão de friccionar com algodão nas nossas costinhas, para aliviar a febre.

O Atheneu era a melhor escola de Aracaju, com professores do nível de Glorita Portugal, Maria da Glória Monteiro, Hunald Alencar, Leão Magno Brasil, Fernandinho Maynard, Ofenísia Freire, Maria Thétis Nunes, e por aí vai... Os maiores expoentes da política e das profissões liberais em geral, os maiores intelectuais e juristas, os maiores professores de Aracaju e de Sergipe, foram alunos do velho Atheneu.

Aí veio o golpe militar. Acabou a SAMDU, acabou a liberdade de expressão, acabou a Educação pública e gratuita de alta qualidade e ainda, achando pouco, mandaram construir os campus universitários nos arredores das cidades, para diminuir a convivência da população com as cabeças pensantes; para minimizar influências; para estimular a alienação ampla, total e irrestrita.

O golpe militar do Brasil levou a nação brasileira a 20 anos de atraso. Vamos nos aprofundar nas questões do momento, procurar entender melhor o que se passa não só no Brasil, como globalmente, entender com crítica distanciada o papel das poderosas nações do planeta, o do Brasil e o nosso.

Não é só de bom senso que precisamos, de gosto de sangue na boca, de gás; precisamos de luta e bom senso com conhecimento (pelo menos algum) de causa. Não podemos acreditar em tudo o que lemos na internet; ao lermos algo, temos que pesquisar a veracidade, antes de deixarmos que nos influencie, que nos tome de um fôlego, porque pode nos deixar sem fôlego.

Vamos remexer nossas próprias cabeças, fazer um redemoinho de perguntas e procurar respostas e, sobretudo, não vamos deixar morrer a esperança, nem deixar de acreditar.

"É preciso estar atento e forte".

*Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 9 de Julho de 2013.

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