quinta-feira, 18 de julho de 2013

Hotel Palace de Aracaju




Publicado originalmente em, 14 de julho de 2013.

O Titanic de Aracaju.
Por Paulo Lima.

Os aracajuanos que foram ao Teatro Atheneu ontem à noite tiveram a oportunidade de fazer um pequeno mergulho na história recente de sua cidade. A exibição do documentário “Hotel Palace” trouxe à tona a lembrança de um símbolo da hotelaria nordestina.

Construído em 1962, o Palace viveu momentos de grandeza. Por suas dependências passaram personalidades nacionais e internacionais. A seleção brasileira tri-campeã de futebol de 1970 hospedou-se lá. Artistas como Roberto Carlos e Juca Chaves deixaram ali seus registros.

O hotel, contudo, não resistiu ao surgimento de novos empreendimentos, mais modernos, situados em áreas nobres de Aracaju. Tudo que restou dos tempos de grandeza e glamour foi uma estrutura de quase ruína.

O documentário dirigido pelos cineastas André Aragão e Isaac Dourado obtém êxito ao mostrar esse arco de fausto e decadência. Combinando entrevistas, rico material fotográfico e encenações, o filme proporciona momentos que tocam a fina camada da memória, sobretudo para aqueles que cresceram tendo no hotel um elemento permanente da paisagem da infância.

No off de abertura, um entrevistado observa que, em apenas 49 anos, o hotel saiu da glória para o esquecimento. As imagens do interior do hotel, flagrantes plangentes de abandono, e as festanças que o movimentaram ao longo de algumas décadas, transmitem bem esse sentimento de decadência. Em suas dependências está gravada a crônica das mudanças políticas e econômicas que transformaram Aracaju, como a chegada da Petrobras e a instalação das plataformas de prospecção de petróleo.

Na apresentação que fez momentos antes da projeção, Isaac Dourado explicou as razões que levaram ele e o parceiro ao tema do filme. Como filhos de ex-funcionários do hotel, cresceram tendo o velho Palace como lar e cenário de suas estripulias. Isaac comparou o histórico do hotel ao Titanic, o navio mais poderoso de sua época que, no entanto, acabou no fundo do mar.

Não se sabe o que será feito do que restou do hotel. Mas, independentemente do que venha a ocorrer, sua história ganha registro definitivo com esse documentário.

Foto e texto reproduzidos da Linha do Tempo/Facebook/Paulo Lima.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 17 de julho de 2013.

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