Dicionário de Sergipanês *
Palavras e expressões usadas em Sergipe e pouco conhecidas
em outras regiões
O jornalista Rubens Dória é filho de sergipanos, mas nasceu
e cresceu em Santos, litoral de São Paulo. Em 1990, viajou para Aracaju pela
primeira vez e passou por situações engraçadas por não conhecer algumas
expressões usadas em Sergipe.
Para entender o significado e não perguntar mais de uma vez,
anotou os verbetes, organizou em ordem alfabética e criou o Dicionário de
Sergipanês.
O Dicionário era apenas para o uso pessoal e pesquisa no
curso de jornalismo. Em 2000, descobriu que havia dicionários de regionalismos
em outros estados do Brasil. Ao perceber que a sua obra era inédita, registrou
o Dicionário na Biblioteca Nacional e publicou os verbetes na internet.
Surgiram outros sites com verbetes do Sergipanês, mas o original foi feito pelo
jornalista. O site recebeu mais de 20 mil visitas, inclusive de sergipanos que
estão em outros estados ou países, além de turistas, estudantes e professores
de Letras.
O Sergipanês foi tema de palestras em Santos (SP) e Aracaju
(SE) e matérias na Rede Globo, Globonews, TVE Brasil, TV Senac, SBT, Rádio CBN
e outros veículos de comunicação de Sergipe e São Paulo.
A pesquisa
Apesar de não ser uma pesquisa científica, o Dicionário é
feito com muito cuidado. Como a linguagem é dinâmica e muda constantemente, a
pesquisa nunca acaba. Para ser incluída, a palavra deve ser usada em Sergipe e
desconhecida em outras regiões do Brasil. Ele coleta os verbetes de duas
maneiras: anota as palavras inéditas que ouve ou lê e também recebe sugestões
dos internautas. Noventa por cento das palavras enviadas não são aproveitadas
por dois motivos: o leitor não presta atenção e envia palavras que já estão no
dicionário ou a palavra também é usada em outras regiões do Brasil.
A reação dos leitores do Sergipanês é a mesma em qualquer
lugar: riso, não deboche. Muitos leitores elogiam o trabalho e enviam
sugestões. Às vezes, algum não entende e pensa que Dória está debochando dos
sergipanos. Rubens esclarece que a pesquisa é séria e respeitosa porque tem
muitos parentes e amigos sergipanos e jamais faria algo que os ofendesse.
Dória diz que o seu trabalho não é uma cópia de outros
dicionários de regionalismos do nordeste porque começou a pesquisa em 1990 e só
descobriu a existência dos outros em 2000. Estes dicionários têm verbetes
idênticos porque os estados são vizinhos e a linguagem não respeita fronteiras
físicas ou políticas. Os Dicionários Aurélio e Houaiss têm palavras usadas em
Portugal e até verbetes em língua estrangeira e nem por isto deixam de ser
Dicionários da Língua Portuguesa do Brasil.
Rubens não teve preconceitos e registrou inclusive as
palavras chulas. Algumas pessoas ficam preocupadas quando Rubens registra
alguns verbetes como eles são falados (bairrio, fi, fio, petrolheiro,
rezistro). Rubens comenta que esta reação é fruto do preconceito que havia
contra o regionalismo. Durante muito tempo, a linguagem regional foi
considerada um erro, um desvio da linguagem padrão. Esta atitude mudou: muitos
especialistas em língua portuguesa dizem que não se deve confundir regionalismo
com erro de português e que se deve respeitar a linguagem regional. "Em
vez de ter vergonha da nossa cultura, devemos fazer como alguns estados que
vendem o seu peixe e até exportam livros e músicas para outras regiões do
Brasil." afirma.
Texto reproduzido do link:
sites.google.com/site/dicionariodesergipanes/
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 4 de setembro de 2013.
Caro jornalista Rubens Dória, bom dia. Sou carioca mas moro há 3 anos no nordeste. Me deparo com palavras como marrozenta vira e mexe, e não faço idéia, nem mesmo pelo contexto em que foi usada, do seu significado. Como poderia ter acesso ao teu dicionário de sergipanês? Cliquei no elo indicado por essa página na Rede mas deu sítio não encontrado ;-( Grato desde já pelo pronto retorno. Vicente Mendes, PhD Universidade Federal do Sul da Bahia, Porto Seguro
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