Clodoaldo de Alencar Filho
Devemos ao Prof. Clodoaldo de Alencar Filho, o nosso
Alencarzinho, não somente a introdução da ação cultural em programas
institucionais do poder público, em Sergipe, como também a criação de projetos
pioneiros na área, num tempo em que destinar recursos públicos para a Cultura
era uma novidade administrativa com pouco crédito entre os administradores
locais.
Na gestão do prefeito Godofredo Diniz , Alencar convenceu o
prefeito a mandar construir a nossa primeira Galeria de Artes oficial, a Álvaro
Santos, liderando um grupo de artistas locais onde estavam, entre outros, os
pintores Otaviano Canuto, Florival Santos e Leonardo Alencar, além do arquiteto
Rubens Chaves.
Depois, na administração Aloísio de Campos -1976 a 1980-
incentivou a criação e foi o primeiro diretor do Departamento de Cultura e
Turismo municipal, que me parece ter sido a primeira instituição pública, em
Sergipe, a cuidar, especificamente, desses assuntos.Nessa gestão a
municipalidade construiiu o Bar Meu Refúgio onde o proprietário Gerson servia
um inusitado cardápio de caças e carne de animais como giboias e tatús,oferta
hoje condenadas pela correção, mas, naquele tempo, uma estripólia capaz de
atrair turistas..
A Galeria Álvaro Santos tornou-se o espaço cultural mais
prestigiado da cidade onde interagiam os artistas plásticos e a nata social
potencialmente compradora, inaugurando o mercado de artes em Aracaju. Nos anos
1970/1980 era na Àlvaro Santos, também, onde se reuniam os resistentes à
ditadura militar, uma espécie de aparelho boêmio onde se tramavam desde a queda
do regime aos amores fortuitos que resultaram em casamentos, como o de Mario
Jorge com Marinice e Joao Gama com Aparecida Gama, além de romances tórridos
como o de Luiz Antonio Barreto com a bela Zènia que largou um senador pelo
bardo Luiz e sua poesia revolucionária.
Na Universidade Federal de Sergipe, onde chegou a ocupar o
cargo de Reitor,. Alencarzinho e a Madre Albertina criaram o Festival de Artes
de São Cristóvão que ainda pode ser considerado o maior evento cultural realizado
em Sergipe, algo grandioso para o amadurecimento da produção artística
sergipana e cujos efeitos ainda influenciam a cultura local.
Pois bem! Este relato movido pela gratidão pessoal à atenção
que sempre me prestou o Prof.Alencar, mantendo-me como um seu colaborador
assalariado em vários cargos que ocupou, pode carecer de exatidão histórica e,
certamente, não alcança a dimensão enorme do homenageado, mas poderá servir
para que não nos esqueçamos dos seus feitos.
Amaral Cavalcante- 02/2016.
Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 14 de fevereiro de 2016.
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