Publicado originalmente no site Osmário Santos, em
01/11/2003.
Jornalista, radialista, RP, fotógrafo, crítico de arte, uma
mulher que adora, dois filhos queridos e muitos amigos.
A movimentada vida de Luduvice José.
Por Osmário Santos.
Luduvice José nasceu a 1º de novembro de 1947 na cidade de
Aracaju, Sergipe. Seus pais que o receberam ainda bebê e o criaram: José
Domingues Luduvice e Maria da Glória Luduvice. Seu pai adotivo foi
representante do Laboratório Rhodia, além de representante de papéis,
eletro-eletrônicos como rádios e televisores —, praticamente os primeiros
televisores de Sergipe, à época da repetidora da TV de Pernambuco. “Ele sempre
passou um exemplo de extrema honestidade, fé na religião que professava, a
católica, na qual se realizava como homem probo, trabalhador e apolítico”.
Quando Luduvice ainda estava com pouca idade perdeu sua mãe.
“Ela se foi, retornou ao mundo espiritual, revelando algo inesquecível quando
do desencarne, uma grande preocupação comigo, pois ainda era bastante pequeno”.
Conta que a sua infância transcorreu em clima de felicidade,
vivenciada em postulados religiosos. “Auxiliava na Igreja, ajudando missas e
outras cerimônias. Certamente essa vertente, tenha me levado a estudar no
Seminário de Aracaju, onde tomei gosto pela leitura — devorava livros —. Comecei
a escrever para o jornal O Clarim, do próprio colégio, rodado no mimeógrafo a
tinta, além de colaborar com jornais murais. Foi uma experiência interessante.
Ali, descobri outras religiões, nas entrelinhas das evasivas respostas que me
davam, quando incursionava para o que a Igreja Católica falava de mistérios e
dogmas. Mesmo com pouca idade, entre 13 e 14 anos, não entendia um Deus que me
afirmavam ser infinitamente bom e amoroso, que tenha criado o inferno. Como
também que me tivesse criado sadio e outros coxos, cegos, mudos, enfim... Foi
um tempo de inquirições. Providenciais para os dias de outros estudos, quando
adentrei fundo na história universal e tomei conhecimento sobre a Reforma,
Santa Inquisição, Santo Ofício e ignomínias outras que não podiam partir de um
Deus, supremo amor”.
Sua primeira escola foi o Instituto Ipiranga, do Professor
Cecílio Cunha, situado à rua Itabaianinha, na mesma casa que veio morar até se
casar. “Ali aprendi as primeiras letras. Depois estive numa escola que
funcionava no Centro Operário de Aracaju, rua Santo Amaro, esquina com Geru. O
Educandário Menino Jesus foi o destino para uma formação eclética, pois até
francês nós estudávamos, com Eduardo Vital. O Colégio era da mãe dele,
professora Miriam e das tias Iracema, Helena e Coralha. O curso primário teve
fundamento em minha vida, pois foi um núcleo de descobertas, de socialização...
Tive como colegas Joãozinho Teixeira, Vilma Porto, Lânia Duarte, Maria das
Graças, Dorinha Teixeira e alguns dos seus irmãos; Paulo Figueiredo, que depois
continuei como colega no seminário. Enfim, muita gente que vez por outra
encontro. O ensino era forte e a exigência, cerrada”. O ginásio foi no
Seminário, vivenciando o latim — manancial a respaldar o português. Recorda-se
do Padre Carvalho, professor de português; Padre Pedro, de Geografia; Padre
Almiro, de Latim; Alfeu Menezes, de Música, cuja continuidade teve com o
Professor Leozírio Guimarães. O Científico foi no Colégio Arquidiocesano, pois
aos 15 anos, não via mais como sustentar a sua ânsia de liberdade, com um
internato. Nesse curso, grata recordação da Professora Carmelita Pinto Fontes,
que estimulou o gosto pela poesia e pela redação, levando-o a fazer parte da
Academia Sergipana de Letras dos Jovens Estudantes, de saudosa memória. Também
boas lembranças do professor Monteirinho, Silvério e Carlos Leite, todos da
disciplina História, além do professor Joaquim, que conseguiu tirar-lhe o
trauma da Matemática. “O Clássico, fui estudar à noite — precisava trabalhar —,
no Atheneu. Era a turma de Leó, Militão, as irmãs Ana Denise e Ana Cristina,
Clara Angélica, Ubiraci. Professores como Jéferson, de História, que me
forneceu uma visão mais larga, dos bastidores do mundo; Hunald Alencar, cuja
prova final de literatura, do 3º ano, foi mais difícil do que a da Faculdade de
Direito. Foi um novo tempo, novos horizontes. Foi um período prazeroso, pois
entrei na Juventude Estudantil Católica, onde encontrei Elzinha, com quem me
casei em 1979, sendo a grande vitória da minha vida”.
Diz que a sua juventude foi interessante, por ter alcançado
as famosas matinês do Cinema Palace, nas primeiras sessões aos domingos e à
noite o tradicional passeio pela Praça Fausto Cardoso, local oficial da
paquera. “Era o famoso quem me quer. Aos domingos aconteciam os papos, fazia-se
amizade”.
A fotografia foi importante em sua vida, principalmente por
ter sido orientado por Lineu. “Ele era o papa e continua sendo do assunto.
Obrigou-me a conhecer a parte teórica com consciência, até chegar na prática;
foi um grande professor. Conheci também, Humberto Aragão, premiado fotógrafo
artístico. Foram momentos felizes e muitos filmes batidos, em passeios e
pesquisas junto com Osmar Mattos, buscando assuntos para uma fotografia mais
arte, mais bucólica. Da fotografia fiz profissão e especializei-me em fotos de
animais selecionados, aprendendo muito sobre cada raça e suas características,
com o pecuarista e banqueiro, Murilo Dantas; onde havia mostra agropecuária, eu
estava lá. Com o tempo, a fotografia passou a fazer parte complementar do texto
que já fazia, para jornal, principalmente para revistas como: “Agricultura e
Pecuária Brasileira” e “O Zebu no Brasil”. Foi um aprendizado importante”.
A faculdade não passou do vestibular de Direito.
Enganchou-se em Francês. “À época, além da prova escrita, existia a oral.
Decepcionei-me com vestibular. Sorte minha, pois o jornalismo veio por
desdobramento, por vocação, consolidando a profissão, por direito adquirido, o
mesmo acontecendo com Relações Públicas — sou da velha guarda, antes da
existência de curso superior —, além de ser também radialista. Sobre essa
faceta, fato interessante em minha vida, pois comecei ao microfone, com cerca
de sete, oito anos, no Serviço de Alto Falantes de Aracaju, a Voz do Comércio,
que era do meu irmão, Hamiltom Luduvice. Ali comandei o microfone, dois toca
discos e o amplificador, aprendendo a locução comercial e, inovando com
notícias, algo que aquele serviço não fazia”. “No rádio estive fazendo programa
da Juventude Estudantil Católica, na Rádio Cultura — Reinaldo Moura estava
chegando, Duquinha, tinha programa na emissora, assim como Jairo Alves. No
governo José Leite, fiz o Plantão Rodoviário na Rádio Difusora”. Ainda com
pouca idade, estudando no seminário, entre 12 e 13 anos, nas férias, pegava a pasta
e mostruário do escritório de representação J. Luduvice & Filhos e, ia para
a Rua Santa Rosa, mostrar a Paes Mendonça, G. Barbosa, Pedro Paes Mendonça,
além de ferragistas que não lembra os nomes. “Foi o meu primeiro trabalho,
vendendo pilhas, lâmpadas, rádios, baralhos, enfim, muita coisa. Fazia os
pedidos e os trazia ao escritório. A pouca idade, às vezes dava bons
resultados. Lembro-me de um grande e invejado pedido que fechei, com Pedro Paes
Mendonça, o pai de João Carlos. Foi marcante. A fotografia foi o segundo
emprego. Máquina fotográfica, flash e muitos filmes. Eram exposições
agropecuárias, fotos de edificações, de gado, de linhas de energia elétrica,
casamentos — foram muitos e desgastantes, que me fizeram abandonar esse tipo de
reportagem”.
No ano de 1969 é aprovado em concurso para escriturário na
Ancarse. “Permaneci no cargo apenas seis meses — registro inédito na empresa —,
pois fui guinado a Assistente de Administração. Com o tempo passei para a
auxiliar o Departamento Técnico, revisando relatórios e começando a fazer
releases para a imprensa, incluindo slides para a TV Sergipe, na sua primeira
fase. Em 13 de março de 1973, fui requisitado pelo então governador Paulo
Barreto e fui implantar o serviço de Relações Públicas do DER-SE, recomendação
do amigo Edmilsom Machado, ao diretor daquele órgão, Fernando Garcez Vieira.
Ali fiquei até 1976, sendo chamado para o Palácio, por indicação de Benvindo
Sales de Campos Neto, então Assessor de Comunicação — não existia Secretaria à
época. Fui Chefe do Setor de Imprensa e Relações Públicas, Assistente de
Imprensa e Assessor Substituto, tendo assumido algumas vezes nos impedimentos,
férias e licenças-saúde de Benvindo. Trabalhei ainda com Augusto Franco, João
Alves e Valadares, sendo que, no início do governo deste último, fui chamado
por Paulo Viana, para a Secretaria da Agricultura, onde permaneço até hoje”.
Vive intensamente a profissão de comunicador na ética e no companheirismo.
“Estive repórter da TV Atalaia de 76 a 84. Foi uma escola com Sérgio Gutemberg,
Fernando Sávio, Carlo Mota, Montalvão, Acival Gomes, Antonio Cigarrinho,
Rosevaldo Santana na edição de imagens, enfim, permitindo-me a satisfação de
fazer matérias para a Rede Bandeirantes e, nesta mesma rede, participar do
programa “Nos Bastidores da Justiça”, que mereceu o Prêmio Vladimir Herzog de
Jornalismo e, onde Sergipe teve 13 minutos, num programa de apenas uma hora.
Jornais: duas fases do Jornal A Tarde, a última recentemente, antes do
fechamento da sucursal; Jornal de Brasília, Jornal do Brasil — representante
comercial —; JORNAL DA CIDADE, com Pimentel e Ivan Valença; Gazeta, com a
coluna Sergipe Rural; Jornal de Sergipe, com coluna sobre arte; Jornal na
Manhã, no suplemento de variedades “Acontece”, além de ter publicado poemas por
aí. Ultimamente me atenho a assessoria profissional e, na imprensa, escrevendo
sobre turismo, como colaborador dos jornais O Povão e Eventos & Turismo.
Sou Assessor de Comunicação da Secretaria da Agricultura, da Sociedade dos
Anestesiologistas de Sergipe e da Federação Espírita do Estado de Sergipe —
minha colaboração com a espiritualidade, além de emprestar meus serviços a
diversos grandes eventos locais, regionais, nacionais e internacionais”.
Como não tem ambições astronômicas, se sente feliz por não
precisar violar princípios e valores, mantendo-se na ética e na moralidade. Sou
feliz, pois convivo muito bem com os companheiros de imprensa sérios e,
procuro, ser sempre colega, solidário”.
Do seu envolvimento com o espiritismo: “A Doutrina Espírita
é um ato de extrema consciência em minha vida. Sou muito verdadeiro, por isso,
adotei o Espiritismo por traduzir a sedimentação de verdades e descobertas.
Pois, como Religião, Ciência e Filosofia, a Doutrina Espírita tem uma
abrangência que exorbita parâmetros miúdos, tacanhos, questiúnculas mal
resolvidas. Trata-se de uma doutrina aberta, transparente, democrática à quinta
essência, pois revela o cristianismo redivivo, sem postulados utópicos, sem
dogmatismo”.
É casado com Elzinha, companheira que conheceu nos idos de
1963 e que tem sido o grande complemento de sua vida. Ela me ajuda a ser um
pouco melhor, mais compreensivo, cordato. Casei-me em 5 de dezembro de 1979, na
Igreja Nossa Senhora Menina, com a cerimônia sendo oficiada pelo Monsenhor
Carlos Costa, o mesmo que me batizou, me crismou e batizou Serginho, meu filho
mais velho, figura bastante conhecida em Aracaju. O meu filho mais novo, é
Rodrigo, com 24 anos, crânio em computador, um talentoso Web Designer. Ainda
tenho três cachorros que completam a alegria. Netos? Quem sabe um dia”...
Texto reproduzido do site:
usuarioweb.infonet.com.br/~osmario
Imagem para ilustração de artigo, postada
pelo Grupo do Facebook/MTéSERGIPE.
Foto reproduzida do site: jornaldacidade.net
Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 30 de janeiro de 2016.
Gostaria de informações sobre horários de funcionamento da casa da fraternidade . Pois estive na sexta _feira e estava fechada. Se possível um contato.Obrigada.
ResponderExcluirGostaria de informações sobre os horários de funcionamento da casa da fraternidade. Estive afastada das atividades , pois não residia em Aracaju, mas estou de volta . Pois estive sexta e estava fechada. Obrigada . 999546068
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