Família VIEIRA, ramo descendente de Roberto Vieira do Nascimento.
Na primeira fila: Alcides, Maria e Josefa; na segunda fila:
Antônio, Rafael, Zequinha, Pedro, Raimundo e Valdomiro (foto).
Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 03/02/2011.
A Saga dos Vieira.
Por Luíz Antônio Barreto.
LAGARTO é um dos mais antigos chãos de Sergipe, e guarda em
sua história fatos singulares, que têm coerência com as projeções ocorridas na
linha do tempo. No século XVII, quando o mito da riqueza projetava o nome de
Belchior Dias Moréia, era difícil confundir o valor das terras circundantes, de
Itabaiana, Lagarto e Campos do Rio Real, que pareciam realçar a identidade de
uma região, cujas características sobreviveram, e certificam nos dias atuais
uma vocação produtiva. As glebas doadas, em regime de Sesmarias, ocuparam as
margens dos rios Vaza-barrís e Piaui e de alguns afluentes, organizando
lavouras e criações. Não houve prata, o açúcar era pouco, mas o gado mantinha abundantes
currais, com o capim substituindo as matas, às quais foram incorporadas, sob a
mesma perspectiva, as matas de Simão Dias.
Um padre – Eusébio Dias Laços Lima – alvoroçou o Lagarto com
suposta catequese de indígenas, e idéia libertária, que pretendia romper os
vínculos políticos dominantes, para criar um Império, povoado de uma nobreza
local, nomeada pelo Príncipe do Brasil. Embora os títulos da nobreza nomeada
não tivessem efeito, tal qual a prata, restava a Lagarto uma idéia de liberdade
econômica, que fluiria mais tarde e dominaria o século XIX, quando a vigararia
passou a contar com o padre João Batista de Carvalho Daltro, com sua fórmula
universalmente imposta. Para casar, diz a tradição lagartense, era preciso que
o noivo tivesse um cavalo e um pedaço de terra, de onde tirar o seu sustento e
da nova família.
Ao lado dos ricos fazendeiros, dos exploradores das matas,
dos criadores de gados, surgia no Lagarto pequenos sitiantes, que conciliavam
as atividades rurais com as oportunidades de outras fontes de renda. A
agricultura do fumo, e mais recentemente do maracujá, da laranja, fortaleceu
uma economia e um cooperativismo que são típicos do Lagarto. A Colonia 13 é um
excelente exemplo, que chega já aos 50 anos. Também surgia oficiais do ramo de couro,
com seus produtos – sela, alpercata, peitoral, gibão, arreios em geral -,
incluindo o fabrico de calçados. Proliferaram as oficinas ou sapatarias, de
fabrico próprio.
Várias famílias aderiram aos novos tempos, uma delas a
VIEIRA, numerosa, formada por gente do campo, sitiantes da zona rural, que
buscaram a urbanização do trabalho. A família VIEIRA passou a ter visibilidade
ns últimas décadas do século XIX. Nasceram nos oitocentos Manoel Vieira do
Nascimento, chamado Mané Rico, José Vieira do Nascimento, conhecido como Zezé
do Arroz e Roberto Vieira do Nascimento, apelidado de Benvano, cada um com seu
ofício, antes que a realidade lagartense fizesse as suas exigências. Zezé, por
exemplo, teve família no couro, mas popularizou-se com caminhões, trafegando
nas feiras de Simão Dias, ou conduzindo gente e mercadorias para Aracaju. Seus
filhos – José, Vieira e Antonio – também tiveram caminhões. José, sem perda do
comando dos negócios, teve comércio de móveis, caminhão próprio, entrou na
política e foi Prefeito de Lagarto e Deputado Estadual (1982). Um dos seus
filhos, José Aloísio, é médico com Clínica afamada em Lagarto. Mané Rico, com
negócios de fumo, como tantos da família, enriqueceu. Um seu neto – José
Augusto Vieira -, que foi Deputado Estadual (1982) enveredou pelos negócios, em
Lagarto e no Maranhão, é hoje próspero industrial, liderando o Grupo MARATÁ.
Benvano era pedreiro, tinha um sítio na Catita, e seus filhos tomaram diversos
rumos: Zequinha e Raimundo têm negócios no Rio de Janeiro, Valdomiro é radicado
em Fortaleza, no Ceará, onde produz camarão, Pedro, Alcides, Antonio, que
lideram com negócios de calçados e de fumo, já morreram. Antonio deixou 2
filhos, um deles o médico José Alberto Cerqueira. Maria Peixoto, que vivia em
Simão Dias, com grande prole de professoras, Julieta, moradora em Amélia
Rodrigues, são falecidas. Josefa, viúva de João Muniz Barreto, mãe de José
Artêmio Barreto, magistrado, de Luiz Antonio Barreto, jornalista e intelectual,
e de Luiz Augusto Barreto, advogado da PETROBRÁS, já falecido. Estão vivos:
Zequinha, no Rio de Janeiro, Raimundo, sócio de restaurante – Alfaia, casa de
bacalhau, situada na Travessa Inhangá – também no Rio de Janeiro, Valdomiro, no
Ceará, e RAFAEL, com dupla residência, em Lagarto e em Aracaju.
RAFAEL completou 90 anos no dia 30 de janeiro último e
reuniu filhos, netos, bisnetos, sobrinhos e amigos para celebrar o aniversário.
Lúcido, atento aos fatos, guardando memória de sua vida no Lagarto, como
sapateiro, como construtor de casas, que atestaram o êxito de seus
empreendimentos e trabalho. Vibrando com filhos e netos que ocupam espaço na
vida sergipana – Carlos Alberto Monteiro Vieira, advogado, filho, Carlos
Augusto Nascimento, advogado e atual Presidente da OAB, Emílio Roberto Monteiro
Vieira, funcionário aposentado do Banco do Brasil, filho, Paulo Rafael,
professor e administrador universitário, neto, Rafael Filho, comerciante do
ramo de calçados e couro, em Lagarto, continuador, ao lado da irmã Goreti, dos
negócios da família, filhos, ao lado de Edith, Rita e Auxiliadora, com seus
descendentes – para citar parte de uma família grande e bonita, que tem dado a
Lagarto e a Sergipe o melhor exemplo de construção e de participação,
projetando no futuro as vitórias que marcam a fibra dos VIEIRA.
As lembranças da Catita e de outros lugares rústicos de
Lagarto jamais foram esquecidas. A saga dos VIEIRA é apenas um exemplo, dentre
muitos outros que respondem pela vocação produtiva de Lagarto e de outros
municípios do Estado.
Texto e imagem reproduzidos do site:
infonet.com.br/luisantoniobarreto
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 10 de março de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário