sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Acrísio Cruz.


Acrísio Cruz.
Por Luiz Antônio Barreto.

Acrísio Cruz, filho de Manoel Antonio da Cruz e de Maria Leopoldina da Cruz, nasceu em Laranjeiras (SE), em 31 de outubro de 1906, sob o célebre paroquiato do padre Filadelfo Jônatas de Oliveira. Cresceu em sua terra natal, estudando na escola Laranjeirense, da professora Zizinha Guimarães (Eufrozina Amélia Guimarães), uma das mais afamadas do Estado. Depois, escapando do surto de varíola que grassou na população laranjeirense, mudou-se para Aracaju, matriculando-se no Colégio Tobias Barreto, dirigido pelo professor José de Alencar Cardoso, dito Professor Zezinho.

Autodidata, enveredou pelos caminhos da educação, assumindo, aos 25 anos, a direção do Grupo Escolar General Siqueira, um dos mais antigos de Aracaju, construído pelo presidente do Estado José de Siqueira Menezes, à rua de Itabaiana, onde hoje está sediada a Polícia Militar, com seu Quartel central, passando, depois, para o Grupo Escolar Manoel Luiz, construído por Graccho Cardoso, na praça da Bandeira.

Estudioso da psicologia e das novas concepções pedagógicas, Acrísio Cruz apresenta-se na Segunda Reunião da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste Brasileiro, realizada em Aracaju de 20 a 25 de outubro de 1940, com uma comunicação original, intitulada Personalidade infantil e escola, na qual mais do que mostrar atualização bibliográfica, discute um caso colhido na sua experiência como diretor do Grupo Escolar Manoel Luiz. Já em 1944, no número 2 da Revista de Aracaju, dá a conhecer aos sergipanos a Tese que apresentou no III Congresso de Neurobiologia, tratando de temática pedagógica, sob o título de Carência Lúdica e Escolaridade.

A carreira de administrador escolar e de técnico em educação, e suas reflexões pedagógicas, precedem a de professor de Língua Portuguesa, de Psicologia Infantil, de Pedagogia, e não impede sua presença no jornalismo sergipano, notadamente o jornalismo político, engajado partidariamente, muito menos na militância e no mandato por ela conquistado. Assim, além de Diretor de grupos escolares, Acrísio Cruz foi Assistente Técnico Geral do Departamento de Educação, em 1942, Técnico em Educação, em 1943, e por cinco vezes Diretor do Departamento de Educação, entre 1944, desde 11 de janeiro, data de sua primeira nomeação, até 1950, desde 9 de setembro quando foi nomeado pela última vez e até assumir, na Assembléia Legislativa do Estado, em 1951, seu mandato de deputado, eleito pela legenda do Partido Social Democrático.

Desenvolvendo intensa atividade laboral, Acrísio Cruz ocupou outros cargos, presidiu e integrou Comissões, representou o Estado junto a organismos nacionais e internacionais, e principalmente orientou e dirigiu os trabalhos do Departamento de Educação do Estado, durante o Governo de José Rollemberg Leite (1947-1951), que resultaram numa verdadeira revolução no ensino público primário, com a construção de mais de duas centenas de Escolas Rurais, da Escola Murilo Braga, de formação de professores, em Itabaiana, e da criação das duas primeiras escolas superiores – Química e Economia -, e ainda do apoio financeiro e material para a fundação de mais duas escolas, a de Direito e a de Filosofia. Acrísio Cruz colocou Sergipe, naquele período de Governo, como piloto das mais novas experiências pedagógicas, conduzidas no Ministério da Educação pelo professor Murilo Braga. A Escola Rural, por exemplo, juntava sala de aula, multi seriada, com a moradia da professora, em dois cômodos principais, enriquecidos com uma área entre eles, que servia para a recreação. Construída em pequeno terreno, a Escola permitia aos seus alunos um contato com a terra, a família da professora, pequenas plantações e animais de pequeno porte. A Escola Rural Murilo Braga, a primeira das escolas secundárias no interior do Estado, também representava uma novidade, que o correr do tempo desativou. Hoje o Colégio Murilo Braga, um dos maiores do Estado, cumpre seu papel de escola propedêutica, com os olhos lançados, anualmente, para o vestibular das universidades e faculdades. Deve-se, também, a Acrísio Cruz a construção de grupos escolares, na capital e no interior, democratizando o acesso das crianças e dos jovens à escola.

O prêmio pelo seu trabalho como Diretor do Departamento de Educação do Estado, cargo equivalente, hoje, a Secretaria de Estado da Educação, foi o mandato de deputado estadual, conquistado, em 1950, com 1855 votos, a maior votação entre os candidatos do seu partido, o PSD, a terceira entre todos os candidatos, de todos os partidos e coligações. Como deputado Acrísio Cruz teve a oportunidade de servir, política e tecnicamente, ao Governo de Arnaldo Rollemberg Garcez (1951-1955), inclusive como Secretário de Justiça, muito embora não tenha conseguido a reeleição para a Assembléia, na eleição de 1954. Com apenas 1427 votos, ficou na suplência. Nomeado para a COAP, depois SUNAB, órgão controlador de preços do Governo Federal, sabia que os novos tempos não eram favoráveis, afinal a UDN, liderada por Leandro Maciel, conquistava o Poder e se manteria no Palácio Olímpio Campos até 1963, quando Seixas Dória, retirado dos quadros udenistas e apoiado pela coligação PSD-PR, quebrou a seqüência que alternava Luiz Garcia e Leandro Maciel nas disputas ao Governo do Estado. Acrísio Cruz foi então, 1963, nomeado para compor o Conselho Estadual de Educação, figurando ao lado de outros notáveis professores, como Ofenísia Soares Freire e José Silvério Leite Fontes. Com o movimento militar de 1964 o governador Seixas Dória foi deposto e preso, e o Conselho Estadual de Educação sofreu intervenção.

Acrísio Cruz enfrentou com tranqüilidade o ostracismo político. Casado com Maria do Carmo Vieira Cruz, pai de Maria Luiza Cruz, Procuradora de Justiça e de Marta Vieira Cruz, professora, doutora da Universidade Federal de Sergipe. Graças ao casamento de sua filha Marta Vieira Cruz com Aerton Menezes Silva, Acrísio Cruz participou da administração da Rádio Liberdade de Sergipe, de propriedade de Albino Silva da Fonseca, como Diretor Comercial, entre 1966 e 1967. Terá sido a sua última atividade pública. Em 13 de setembro de 1969, aos 63 anos, morre em Aracaju. A Lei municipal 151, de 1970, dá a avenida I do Conjunto João Alves, o nome de Acrísio Cruz e o governador José Rollemberg Leite, no segundo Governo (1975-1979) ao construir uma escola, de 14 salas, na avenida Maranhão, presta homenagem ao amigo, correligionário e colaborador.

Fonte: Infonet

Texto e imagem reproduzidos do site: visitearacaju.com.br

Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 2 de outubro de 2014.

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