Acrísio Cruz.
Por Luiz Antônio Barreto.
Acrísio Cruz, filho de Manoel Antonio da Cruz e de Maria
Leopoldina da Cruz, nasceu em Laranjeiras (SE), em 31 de outubro de 1906, sob o
célebre paroquiato do padre Filadelfo Jônatas de Oliveira. Cresceu em sua terra
natal, estudando na escola Laranjeirense, da professora Zizinha Guimarães
(Eufrozina Amélia Guimarães), uma das mais afamadas do Estado. Depois,
escapando do surto de varíola que grassou na população laranjeirense, mudou-se
para Aracaju, matriculando-se no Colégio Tobias Barreto, dirigido pelo
professor José de Alencar Cardoso, dito Professor Zezinho.
Autodidata, enveredou pelos caminhos da educação, assumindo,
aos 25 anos, a direção do Grupo Escolar General Siqueira, um dos mais antigos
de Aracaju, construído pelo presidente do Estado José de Siqueira Menezes, à
rua de Itabaiana, onde hoje está sediada a Polícia Militar, com seu Quartel
central, passando, depois, para o Grupo Escolar Manoel Luiz, construído por
Graccho Cardoso, na praça da Bandeira.
Estudioso da psicologia e das novas concepções pedagógicas,
Acrísio Cruz apresenta-se na Segunda Reunião da Sociedade de Neurologia,
Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste Brasileiro, realizada em Aracaju de 20
a 25 de outubro de 1940, com uma comunicação original, intitulada Personalidade
infantil e escola, na qual mais do que mostrar atualização bibliográfica,
discute um caso colhido na sua experiência como diretor do Grupo Escolar Manoel
Luiz. Já em 1944, no número 2 da Revista de Aracaju, dá a conhecer aos
sergipanos a Tese que apresentou no III Congresso de Neurobiologia, tratando de
temática pedagógica, sob o título de Carência Lúdica e Escolaridade.
A carreira de administrador escolar e de técnico em
educação, e suas reflexões pedagógicas, precedem a de professor de Língua
Portuguesa, de Psicologia Infantil, de Pedagogia, e não impede sua presença no
jornalismo sergipano, notadamente o jornalismo político, engajado
partidariamente, muito menos na militância e no mandato por ela conquistado.
Assim, além de Diretor de grupos escolares, Acrísio Cruz foi Assistente Técnico
Geral do Departamento de Educação, em 1942, Técnico em Educação, em 1943, e por
cinco vezes Diretor do Departamento de Educação, entre 1944, desde 11 de
janeiro, data de sua primeira nomeação, até 1950, desde 9 de setembro quando
foi nomeado pela última vez e até assumir, na Assembléia Legislativa do Estado,
em 1951, seu mandato de deputado, eleito pela legenda do Partido Social
Democrático.
Desenvolvendo intensa atividade laboral, Acrísio Cruz ocupou
outros cargos, presidiu e integrou Comissões, representou o Estado junto a
organismos nacionais e internacionais, e principalmente orientou e dirigiu os
trabalhos do Departamento de Educação do Estado, durante o Governo de José
Rollemberg Leite (1947-1951), que resultaram numa verdadeira revolução no
ensino público primário, com a construção de mais de duas centenas de Escolas
Rurais, da Escola Murilo Braga, de formação de professores, em Itabaiana, e da
criação das duas primeiras escolas superiores – Química e Economia -, e ainda
do apoio financeiro e material para a fundação de mais duas escolas, a de
Direito e a de Filosofia. Acrísio Cruz colocou Sergipe, naquele período de
Governo, como piloto das mais novas experiências pedagógicas, conduzidas no
Ministério da Educação pelo professor Murilo Braga. A Escola Rural, por
exemplo, juntava sala de aula, multi seriada, com a moradia da professora, em
dois cômodos principais, enriquecidos com uma área entre eles, que servia para
a recreação. Construída em pequeno terreno, a Escola permitia aos seus alunos
um contato com a terra, a família da professora, pequenas plantações e animais
de pequeno porte. A Escola Rural Murilo Braga, a primeira das escolas
secundárias no interior do Estado, também representava uma novidade, que o
correr do tempo desativou. Hoje o Colégio Murilo Braga, um dos maiores do
Estado, cumpre seu papel de escola propedêutica, com os olhos lançados,
anualmente, para o vestibular das universidades e faculdades. Deve-se, também,
a Acrísio Cruz a construção de grupos escolares, na capital e no interior,
democratizando o acesso das crianças e dos jovens à escola.
O prêmio pelo seu trabalho como Diretor do Departamento de
Educação do Estado, cargo equivalente, hoje, a Secretaria de Estado da
Educação, foi o mandato de deputado estadual, conquistado, em 1950, com 1855
votos, a maior votação entre os candidatos do seu partido, o PSD, a terceira
entre todos os candidatos, de todos os partidos e coligações. Como deputado
Acrísio Cruz teve a oportunidade de servir, política e tecnicamente, ao Governo
de Arnaldo Rollemberg Garcez (1951-1955), inclusive como Secretário de Justiça,
muito embora não tenha conseguido a reeleição para a Assembléia, na eleição de
1954. Com apenas 1427 votos, ficou na suplência. Nomeado para a COAP, depois
SUNAB, órgão controlador de preços do Governo Federal, sabia que os novos
tempos não eram favoráveis, afinal a UDN, liderada por Leandro Maciel,
conquistava o Poder e se manteria no Palácio Olímpio Campos até 1963, quando
Seixas Dória, retirado dos quadros udenistas e apoiado pela coligação PSD-PR,
quebrou a seqüência que alternava Luiz Garcia e Leandro Maciel nas disputas ao
Governo do Estado. Acrísio Cruz foi então, 1963, nomeado para compor o Conselho
Estadual de Educação, figurando ao lado de outros notáveis professores, como
Ofenísia Soares Freire e José Silvério Leite Fontes. Com o movimento militar de
1964 o governador Seixas Dória foi deposto e preso, e o Conselho Estadual de
Educação sofreu intervenção.
Acrísio Cruz enfrentou com tranqüilidade o ostracismo
político. Casado com Maria do Carmo Vieira Cruz, pai de Maria Luiza Cruz,
Procuradora de Justiça e de Marta Vieira Cruz, professora, doutora da
Universidade Federal de Sergipe. Graças ao casamento de sua filha Marta Vieira
Cruz com Aerton Menezes Silva, Acrísio Cruz participou da administração da
Rádio Liberdade de Sergipe, de propriedade de Albino Silva da Fonseca, como
Diretor Comercial, entre 1966 e 1967. Terá sido a sua última atividade pública.
Em 13 de setembro de 1969, aos 63 anos, morre em Aracaju. A Lei municipal 151,
de 1970, dá a avenida I do Conjunto João Alves, o nome de Acrísio Cruz e o
governador José Rollemberg Leite, no segundo Governo (1975-1979) ao construir
uma escola, de 14 salas, na avenida Maranhão, presta homenagem ao amigo,
correligionário e colaborador.
Fonte: Infonet
Texto e imagem reproduzidos do site: visitearacaju.com.br
Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 2 de outubro de 2014.
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