São João em Sergipe e sua História
Por Marcos Paulo Carvalho Lima*
Sabe-se que Patrimônio Cultural é todo tipo de manifestação
que representa um povo, de uma comunidade, que são reconhecidas através da sua
referência cultural e histórica. Chamadas de festa caipira ou de quadrilha
matuta, as quadrilhas juninas também estão inseridas no contexto que nos traz a
concepção de Patrimônio Imaterial. Entendemos que a quadrilha junina tem esse
referencial de expressivo valor para os brasileiros, principalmente aos
nordestinos. Em Sergipe a maioria delas foram fundadas há cerca de quarenta
anos, sendo a Século XX uma das mais antigas, fundada em 1964, e outras com
destaque não só na região, mas também em nível nacional como é o caso da Unidos
Em Asa Branca, oriunda do Conjunto Leite Neto, em Aracaju/Se.
Teve vários nomes de 1980 até o seu registro em cartório em
09 de maio de 1986, sendo José Elói Filho, junto com outros amigos, responsável
pela fundação do grupo. Desde sua fundação tem participado de todos os
concursos de Quadrilhas Juninas realizados na Capital, sido campeã por várias
vezes, ou sendo classificadas entre as 04 primeiras. Já se apresentou no
programa da Hebe Camargo no SBT e já fez apresentações em vários estados como
Bahia, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará, São Paulo, Brasília etc.
Entretanto, podendo um grupo ser
reconhecido como Patrimônio Imaterial, por sua
representatividade cultural e referência histórica.
Pesquisas revelam que desde o século XIX, a quadrilha já era
dançada no Brasil. Não há uma grande preocupação sobre a preservação no que se
refere a conservação dessa cultura tradicional (quadrilhas juninas) como um
todo, porque é uma tradição fortíssima, pouco provável seu fim, e sim o
distanciamento cada vez mais de sua originalidade, lembrando que a sociedade
está em constante mudança. Já foi feito um trabalho de pesquisa com as
quadrilhas em nosso Estado, para a sistematização de ação para apoio às
quadrilhas, feita através de ficha de inscrição e visita de fiscalização aos
locais dos ensaios. (Dados obtidos por intermédio da publicação São João é
Coisa Nossa, Série Memória – Volume: II – Aracaju/SE, 1990).
Hoje existem quadrilhas estilizadas que se apresentam como
uma nova forma de expressão junina. São grupos de danças que se organizam com
formato diferente de quadrilha tradicional e, com coreografia própria. Os
passos ensaiados e marcados previamente com um corpo de balé, executam números
criados exclusivamente para determinadas músicas. Também apresentam diversos
personagens, conhecidos popularmente: o cangaceiro Lampião, Maria Bonita, o
cigano, a espanhola, etc. (São João em Sergipe. Aracaju, 1990). Em algumas
cidades de Sergipe são realizados grandes campeonatos de quadrilhas, com
prêmios e regulamentos rígidos que visam manter a tradição. (São João em
Sergipe. Aracaju, 1990).
São João, Bairro Santo Antônio, em Aracaju/SE, relatado pela
professora antropóloga Eufrásia Cristina da Universidade Federal de Sergipe,
durante a sua palestra na I Semana de Educação Patrimonial organizado pelos
alunos e professores do Curso de História. A professora Eufrásia cita também
sobre a perda das coreografias tradicionais, por conta das mudanças que ocorre
na sociedade, novos repertórios sobre o homem urbano com novas representações
durante as apresentações, perdendo um pouco da essência tradicionalíssima do
caipira com os dentes pintados de preto como estivessem podres, etc. Comenta
também pela necessidade de algumas quadrilhas sergipanas necessitarem de apoio
para a sua continuidade. É uma das preocupações, se perderem por falta de
incentivo, como subsídios para a manutenção da mesma.
Para tanto, enfatizo a importância de se valorizar essa
cultura através de reconhecimento pelo poder público. Para a Cidade de Aracaju
no que se refere ao patrimônio cultural imaterial como formas de expressão,
vejo que as quadrilhas juninas é um referencial forte, por isso, servindo de
representação como cultura identitária. Então, é uma grande razão para uma
pesquisa através de inventario para as quadrilhas, que servirá como mapeamento,
diagnóstico e posteriormente se fazer um estudo apontando um ou mais grupos
para um reconhecimento da sociedade e oficialmente pela Prefeitura de Aracaju,
dentro dos procedimentos técnicos para que se obtenha o título de Patrimônio
Cultural Imaterial. Daí surge à necessidade de um diálogo com a sociedade, para
que possa esclarecer o que leva uma cultura a ser contemplada e qual a razão
para que uma ou outra receba esse tipo de homenagem
assim, perpetuando cada vez mais, colaborando para a
manutenção da cultura popular tradicional da sociedade aracajuana e
contribuindo para a memória do Estado de Sergipe.
*Graduando em História pela UFS e Assessor Técnico da
Coordenação de Preservação da Subsecretaria de Estado do Patrimônio Histórico e
Cultural
Texto e foto reproduzidos do blog:
canalr5blog.blogspot.com.br
Fotos Edson Araujo.
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 4 de março de 2013.
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