Publicado em 06/03/2013 pelo jornaldacidade.net
30 anos de ‘Sargento Getúlio’.
Corria o ano de 1983, quando um filme rodado em Sergipe,
começou a deixar sua marca na cinematografia brasileira, com prêmios no
Festival de Gramado e em outros cantos do mundo (Locarno e Havana).
Corria o ano de 1983, quando um filme rodado em Sergipe,
começou a deixar sua marca na cinematografia brasileira, com prêmios no
Festival de Gramado e em outros cantos do mundo (Locarno e Havana). Trata-se de
“Sargento Getúlio” dirigido por Hermano Penna, cuja adaptação do livro homônimo
de João Ubaldo Ribeiro, foi realizada pelo próprio escritor, juntamente, com
Penna e Flávio Porto.
Protagonizado por Lima Duarte (Getúlio) e contando com um
casting sergipano- Orlando Vieira, Amaral Cavalcante, Antônio Leite, entre
outros- o filme foi rodado em 1977, no interior do Estado, mas só sentiria o
contato com a tela do cinema, seis anos depois, período em que foi ampliado de
16 mm para o formato de 35 mm.
Passadas três décadas de seu lançamento, “Sargento Getúlio”
será exibido em Canindé de São Francisco, nesta sexta-feira, às 19h, na Praça
Ananias Fernandes, como uma forma de homenagear os participantes dessa
empreitada. A iniciativa partiu do Grupo Raízes do Nordeste, de Poço Redondo,
que junto com a prefeitura municipal de Canindé, uniu forças para realizar a projeção
do filme e um debate com o diretor Hermano Penna e os atores Orlando Vieira
(que interpretou o personagem Amaro), Antônio Leite e Amaral Cavalcante.
“Essa carinhosa manifestação aos 30 anos do ‘Sargento
Getúlio’ teve origem na iniciativa do grupo Raízes do Nordeste, grupo de ação
cultural de Poço Redondo, liderado por Val Santos, cantora e guerreira da
cultura regional do sertão São Franciscano de Sergipe. E é Poço Redondo que
numa atitude única e exemplar no Brasil, homenageia o cinema brasileiro tornando
o ‘Sargento Getúlio’, Patrimônio Cultural da cidade. Fato que deve ser
divulgado em prosa e verso para todo o País. O filme tem uma relação tão
profunda com Sergipe que é natural que todos se sintam patronos dessas
homenagens. No caso de Canindé, a cidade é citada nominalmente numa das
primeiras falas de Lima Duarte, logo no início do filme. Justificativa maior
não há para a exibição acontecer nessa cidade”, explica o diretor.
Ambientado nos anos de 1940, o filme conta a história de
Getúlio (Lima Duarte), um rude sargento que tem a missão de levar um
prisioneiro, inimigo político de seu chefe, de Paulo Afonso (BA) a Aracaju
(SE). No meio do caminho, em virtude de uma mudança no panorama político, o
sargento recebe a ordem para soltar o prisioneiro, mas devido a seu
temperamento avesso às mudanças, ele decide terminar a missão que lhe foi
confiada, mesmo que tenha de matar para completá-la.
Durante um certo tempo, Getúlio consegue resistir ao
enfrentamento das forças federais, por conta da ajuda do fiel escudeiro Amaro
(Orlando Vieira). Porém, acaba sendo abatido no terceiro combate com elas.
Não deve ter sido fácil para Hermano Penna adaptar os longos
monólogos do Sargento no livro para as telas, ainda que tenha contado com o
auxílio de João Ubaldo para essa “cinematização”.Quando questionado se o filme
ainda hoje é reconhecido como um dos melhores da safra brasileira e de suas
constantes comparações com a obra original, o diretor é categórico.
“Melhor do que o livro não é. ‘Sargento Getúlio’ é um dos
cinco melhores livros da literatura de língua portuguesa, no dizer do ‘cometa’
Glauber Rocha. Mas se tenho algum orgulho é saber do apreço e carinho que João
Ubaldo tem pelo filme, como demonstrou numa mesa redonda da Balada Literária
realizada em São Paulo, em novembro passado. Acrescento que muitas outras
homenagens estão sendo programadas para este ano em todo o País, inclusive, com
a publicação de um livro contando a saga do filme”.
É uma pena, no entanto, que até hoje, o filme não tenha sido
lançado em DVD (apenas foi digitalizado pela Programadora Brasil, projeto da
Secretaria do Audiovisual para levar clássicos ecults nacionais em DVD apenas a
universidades e centros culturais). Segundo Penna, há intenção de lançar
“Sargento Getúlio” neste formato, mas para isso,a cópia precisa ser restaurada.
“Estamos lutando para realizar essa operação. Esse é o único entrave. E porque
não, o Governo de Sergipe tomar essa iniciativa? Não custa muito. Seria uma
forma de se associar à vontade do povo sergipano que se expressa com tanto
carinho e apreço ao filme através dessas exibições”.
Com uma forte ligação com o sertão sergipano, tendo filmado
nos anos de 1970, além de “Sargento Getúlio”, “Mulher no Cangaço”, o cineasta
cearense voltou a Sergipe, há um ano e meio para realizar “Aos Ventos Que
Virão” protagonizado por Rui Ricardo Dias (de “Lula, o Filho do Brasil”), Luís
Miranda e Emanuelle Araújo.
Com locações em Canindé e Poço Redondo e um orçamento em
torno de R$ 2,4 milhões, o longa-metragem narra a trajetória de Zé Olímpio (Rui
Ricardo), que após uma experiência como cangaceiro troca sua terra natal por
uma vida nova em São Paulo, na construção civil. Ao voltar para sua região de
origem, a fim de reconstruir o que lá deixou, ele entra na carreira política e
vislumbra toda a fragilidade de caráter em torno das disputas pelo poder.
“O filme está totalmente finalizado e esperando ‘os bons
ventos’ de uma boa distribuição. Nessa minha visita a Sergipe, pretendo
discutir com o Governo do Estado, Secretaria de Cultura e outros patrocinadores
como o Banese, uma exibição do filme em Aracaju. Espero fazer isso ainda no
primeiro semestre desse ano”, conta o diretor.
Quem sabe não vem por aí, um filme tão promissor quanto
“Sargento Getúlio”? É esperar para comprovar.
Texto reproduzido do site: jornaldacidade.net
Foto: Divulgação.
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, 3 de maio de 2013.
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