Publicado em 16/03/2007 pelo Portal Infonet
Aracaju e seus Prefeitos Médicos
Edvaldo Nogueira, por pouco, não fez parte da lista dos
médicos que foram prefeitos de Aracaju, cidade que neste sábado comemora 152
anos de existência. No quarto ano de Medicina, quando se inclinava para a
especialidade de cirurgia-cardiovascular, optou por uma bem sucedida militância
política. Foi vereador de Aracaju por dois mandatos e depois fiel aliado de
Marcelo Déda como vice-prefeito, com uma atuação discreta e leal, como o cargo
exige, mas sem deixar de colaborar de forma bastante positiva com a administração
petista.
Quando se articulava o processo de reeleição de Déda, fortes
comentários davam conta que o vice seria descartado em função da necessidade de
novas alianças. Mas não foi o que aconteceu. Ele permaneceu como vice e
terminou alcançando o alto comando municipal com a saída de Déda para o Governo
do Estado. Faltou pouco para Edvaldo Nogueira entrar no seleto clube dos
discípulos de Hipócrates. Se por um lado a classe perdeu um companheiro de
histórica combatividade, a população ganhou um administrador sereno,
equilibrado e com forte compromisso com o desenvolvimento humano, social e
estrutural da cidade. Seria, pois, o sexto médico a comandar Aracaju nos seus
152 anos.
O presente trabalho, elaborado de forma despretensiosa,
objetiva prestar uma homenagem a Aracaju neste 17 de março e revelar para os
curiosos quem foram os médicos que comandaram a cidade na condição de
prefeitos. Em razão disso, enfoca mais o lado biográfico de cada um, tomando
como referencia o Dicionário Histórico Biográfico dos Médicos de Sergipe, no
prelo, sem entrar em aspectos de suas gestões e realizações, tarefa essa que
poderá ser desenvolvida em outra oportunidade.
A nossa história começa com ALEXANDRE DE OLIVEIRA FREIRE, o
primeiro da lista a comandar a cidade, na qualidade de Intendente Municipal,
antiga denominação de Prefeito, no triênio de 1915 a 1918, durante o governo do
Presidente Oliveira Valadão. Nascido em 14 de dezembro de 1854, no Engenho
Carvão, em Divina Pastora, filho de Alexandre Freire do Prado e Maria Etelvina
de Oliveira, Alexandre formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 15 de
dezembro de 1883, defendendo a tese “Hidroterapia”. Trabalhou como
clínico-geral nas cidades de Divina Pastora e N. Sra. Das Dores e, finalmente,
transferiu-se para Aracaju. Elegeu-se deputado estadual no biênio 1896/97. Foi
Intendente Municipal de N.S.das Dores no biênio 1912/13. Faleceu em 19 de maio
de 1932, aos 78 anos.
Aracaju da década de 10 era uma cidade precária, sem
saneamento. Apenas um hospital atendia à população. Para ser ter uma idéia do
caos, em 1916 os óbitos superavam os nascimentos numa proporção de 4 para 1.
Epidemias de varíola e gripe espanhola atingiam a população indefesa. Em 1918,
um surto de gripe espanhola se espalhou por todo o estado e deixou quase 1.000
mortes. Aracaju era a cidade dos “grandes pântanos”. Os esforços iniciados por
Rodrigues Dória, Oliveira Valadão e Pereira Lobo para suprir a cidade de água
potável e rede de esgotos não haviam sido suficientes para controlar tais epidemias.
Na década de 20, mais intensamente no governo de Graccho Cardoso, grandes
iniciativas culminaram com a criação do Instituto Parreiras Horta e a
inauguração do Hospital de Cirurgia. Era o início de uma fase mais auspiciosa
para a saúde pública de Aracaju. No último ano da administração de Alexandre
Freire, aconteceu o rumoroso caso que envolveu os médicos Augusto Leite e
Helvécio de Andrade. Procurado pelo comerciante Estevam Pereira Coelho para
cuidar de seu filho Ewerton Coelho, Helvécio recomenda a suspensão imediata do
mercúrio que lhe vinha sendo administrado para tratamento de sífilis, ao
constatar que o mesmo possui um inflamação renal. Mesmo assim, o jovem Ewerton
morre e a família, desconsolada, atribui a morte ao uso da medicação. Acontece
que o médico que prescreveu o tratamento fôra o Dr.Augusto Leite. Este volta-se
contra Helvécio e a família, ainda traumatizada, acirra os ânimos. Manda
escrever no túmulo do garoto um trecho de versos de Camões: "Mas debaixo o
veneno vem coberto, segundo foi o engano descoberto, oh! caso grande, estranho
e não cuidado". A questão termina nos tribunais sob intensa repercussão
popular.
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Carlos Firpo.
Depois de Alexandre Freire, vem CARLOS ALBERTO DE MENEZES
FIRPO, em 1941. Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1933, ao lado de
Garcia Moreno, do qual foi grande amigo, exercia a especialidade de obstetrícia
e era considerado um humanista. Dirigiu o Hospital Santa Isabel por 9 anos,
onde promoveu uma total transformação na sua estrutura, com a construção de um
novo centro cirúrgico, instalação de lavanderia mecânica, construção da
clausura das irmãs e outras reformas. Morreu brutalmente assassinado em 29 de
abril de 1958, em sua residência, crime não foi completamente elucidado até os
dias de hoje. Era casado com Milena Napolioni Mandarino, filha do imigrante
italiano Nicola Mandarino, que se radicou e progrediu de forma extraordinária
em Aracaju, na área do comércio. A revolucionária administração de Carlos Firpo
no Hospital Santa Isabel tirou a instituição da condição de entidade
ultrapassada, combalida e rejeitada pela população de Aracaju, dando-lhe novas
condições de higiene e conforto.
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Roosevelt Menezes.
Depois de Firpo, o próximo médico no governo municipal foi ROOSEVELT DANTAS CARDOSO DE MENEZES, que teve a feliz oportunidade de comandar a cidade por ocasião das comemorações do primeiro centenário de sua fundação. Seu mandato iniciou em 1955 e terminou em 1959. Nascido em 1913, em Laranjeiras, filho de João Cardoso de Menezes e Raquel Dantas de Menezes, Roosevelt formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1939. Exerceu a profissão em Itaporanga d’Ajuda. Em 1940 passou a atuar no Hospital de Cirurgia, criando o primeiro Banco de Sangue do Estado. Em 1941 ingressou na política, elegendo-se Prefeito de Itaporanga. Exerceu diversos cargos, destacando-se na presidência do SAMDU de 1954 a 1962. Faleceu em 1995.
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Fotos e texto reproduzidos do site: infonet.com.br
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 3 de maio de 2013
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