Publicado por Osmário Santos, em 2 de agosto de 2010.
Hugo Costa: a arte de escrever e de viver (I)
Por Osmário Santos
Mas quem vem para a delícia da página de hoje? Sim, o Hugo
Costa, uma atração especial com muita saúde, com todo o seu toque, que vive
hoje momentos maravilhosos, curtidos no seu bem montado apartamento, na beira
da praia, com toda a proximidade do mar e conquistando o prazer da boa vida com
um bom wísque, lendo Maquiável, descobrindo a idade, tomando banho de espuma
com hidro-massagem no banheiro em tom preto e branco com várias plataformas.
Um Hugo que se preocupa com o verde, onde no seu canto, as
plantas estão presentes. Um Hugo na intimidade que gosta de uma cama na cor
vinho e branco, de concreto, larga e segura para não balançar nada, nem o seu
humor. Um Hugo precavido com uma tremenda grade de proteção na porta principal
do apartamento para evitar ladrões e sequestradores. Afinal, todo o cuidado é
pouco para a sua pena, que dizem de ouro, e que já aprontou muitas histórias no
jornalismo e na política em Sergipe.
Hoje, aquela pessoa observadora e apreciadora de uma boa
feijoada política, que já fez mil coisas na sua vida jornalística, abre tudo
para embalar a leitura de um dos importantes depoimentos para a nossa memória.
Hugo é da época do antigo Repórter Esso, mas aqueles que tem rabo preso não se
preocupe, Hugo Costa faz um estilo de respeito ao ser humano. Suas linhas
jornalísticas venenosas não mataram ninguém e o seu antídoto é respeitar a
privacidade das pessoas, coisa que não funciona no lado do cargo que a pessoa
ocupa. Ele bem sabe dosar as coisas e quando contratado para efetuar trabalhos
para os políticos sergipanos nas campanha eleitorais, sabe muito bem, que uma
das maneiras decisivas de se findar um relacionamento é a que se apela para a
memória.
Um autor desconhecido escreveu: “ O melhor homem é aquele
que sabe um pouco de cada coisa, mas tudo sobre o seu trabalho”. Chegou o
momento de passarmos para o nosso leitor quase tudo de Hugo Costa. Um trabalho
que realizamos num clima arejado de ideias e de humor.
Início de conversa
Hugo Alves Costa é o nome do jornalista e advogado. “ Deixei
de usar o Alves por comodismo. Quando comecei a escrever em jornal, assinava
Hugo Costa e assim desapareceu o Alves, mas, oficialmente ele existe e está nos
meus documentos”.
Nasceu de uma família pobre. “ Já nasci marcado; talvez pela
sorte, porque minha mãe morreu no ano seguinte ao meu nascimento e o meu pai
pouco tempo depois. Fui criado pelos meus avós. Cresci um pouco na adversidade,
pois quando você cresce sem conhecer o seu pai e a sua mãe, sem ter visto nem
fotografia, é uma espécie de castigo já na infância e não deixa de ser um
trauma, que de certa forma eu convivo com ele até hoje. Só que eu procuro
sublimar”.
Sendo criado pelos avós, aos 13 anos de idade, logo cedo
toma conhecimento do outro lado da vida. “Foi a necessidade de conviver num
mundo estranho com pessoas estranhas, quartos de pensão, casas de estudantes.
Daí em diante, aprendi tudo na vida com a vivência. Logo senti uma força que
atuava dentro de mim. Era uma força muito grande e nisso sabia que nunca
deixaria de conseguir as coisas que iria tentar. Tenho o bom senso de não
desejar as coisas absurdas. Confesso que até hoje consigo tudo que desejo”.
A nova fase
De bem com a vida, morando no seu reino encantado, tem tempo
para a vida em pleno gozo.
“Tenho pena das pessoas que não vivem como eu. Tenho pena
das pessoas que vivem com os bolsos cheios de dinheiro, juntando cada vez mais
como dizia o nosso poeta Vinícius de Morais na sua música Testamento: você que
só ganha pra juntar, o que é que há? Você vai ver um dia em que fria você vai
entrar. Por cima de uma laje. Embaixo a escuridão, é goro irmão”.
Hugo no seu grande estilo diz que viver é uma arte que
requer inteligência. “Daí a minha
felicidade. Sou uma pessoa que não tenho inveja da vida de
ninguém, pois a minha vida é a melhor que eu conheço”.
É carioca
Nasceu em 27 de novembro de 1934 no Rio de Janeiro, na Rua
do Bispo, no bairro da Tijuca. Seus pais, sergipanos de Propriá: Filenila sua
mãe, conhecida por Filé, tocava flauta e violino. Seu pai, José Alves Costa,
sapateiro dos bons, era conhecido como Juca, o tocador de sax. Vem daí o seu
gosto pela música.
Lembranças da infância em Própriá
Chega em Propriá aos dois anos de idade, indo morar no bairro
Alto do Hospital, numa casa onde não tinha energia elétrica e entre duas que
tinham. “Minha casa não tinha sanitário. Usávamos alguns penicos de noite e de
dia cada um saía com seu penico e ia jogar no mato, pois, mato tinha até
demais”.
Sua casa era localizada bem próxima a Lagoa das Pedrinhas,
“aquela que dizem... quando um cara toma banho lá, sai falando fino, o que não
aconteceu comigo. Falo até grosso demais”.
Além disso tudo, sua casa em seus momentos de infância era
em plena zona do meretrício: “Nasci e cresci em redor das putas. De lado era
casa de puta, enfrente era casa de puta, puta por todos os lados. Cabaré de
Patú e de todos os cabarés eu era íntimo”.
Hugo diz que foi daí a origem do seu sentimento boêmio.”
Toda vida deu um valor enorme as putas, pois via que eram pessoas humanas”.
Outra lembrança do seu tempo de criança: “Quando era garoto
só existia em Propriá dois homossexuais: Louro e Luquinhas. Se qualquer um
desses dois colocasse o pé na rua de dia, mesmo para comprar um pão na bodega
ia preso. De ordem da polícia, só tinham autorização de andar à noite. Era uma
discriminação terrível que existia em Propriá. Naquele tempo ninguém chamava de
gay nem homossexual. Era veado mesmo ou marico”
Início de vida em Aracaju
Por não ter na cidade de Propriá curso ginasial, muda-se
para Aracaju e vai ser aluno da professora Judite, matriculando-se no Colégio
Jackson de Figueiredo e residindo num pensionato. “Meus companheiros de quarto:
Gilvan Rocha e seus irmãos Hilton e Gilson Rocha. Hugo Costa lembra do seu
tempo de pensionato com todo prazer, principalmente da parte da noite onde
coisas aconteciam. “Eu e o Gilvan Rocha tínhamos uma mania. Veja que mania:
Vizinho ao nosso quarto de moças e não vou dizer os nomes, pois são conhecidas.
De noite a gente ficava esperando elas fazerem xixi para ouvir o som no urinou,
pois ficávamos excitados com o som do xixi”. Quando Gilvan foi candidato a
governador, Hugo lembrou o fato ao amigo. “Se você me encher a paciência eu
conto a história do xixi”.
Depois de algum tempo resolve mudar de colégio e decide ser
aluno do Atheneu. “Naquela época tinha de fazer concurso para entrar no
ginásio. Me preparei para o exame recebendo aulas da professora dona Rute que
ainda hoje existe e quando encontro com ela na rua, me beija muito”.
Seu primeiro emprego
“No primeiro ano que entrei no Atheneu, o meu professor de
português era o José Olino de Lima Neto. O professor passou uma prova de
redação com o título: São João no interior. Era a prova do meio do ano.
Tínhamos essa prova no meio de junho e a do fim do ano. Quando eu voltei da das
férias, disseram-me que o diretor queria falar comigo. Eu não conhecia o
diretor, que era Joaquim Sobral. Fui ao seu gabinete com o Manuelzinho que era
um bedel antigo. Quando cheguei lá Joaquim me perguntou: Menino de onde você é?
Sou de Propriá. Quem é seu pai? Não tenho. Quem é sua mãe? Não tenho. Olha, o
professor José Olino me disse que a sua prova foi a melhor do colégio inteiro
que tem três mil alunos. Eu quero lhe dar um emprego. Você aceita?”
Com a carta de apresentação do professor Joaquim Vieira
Sobral para Reinaldo Oliveira, do Diário Oficial, Hugo Costa depois de passar
por um ditado, com o teste de verificação das suas qualidades, recebe o emprego
de revisor. “Fui funcionário Público aos 14 anos. Não tinha idade para isso,
pois teria de ter 18 anos”.
Sua entrada no Sergipe Jornal
Através de José Carlos Oliveira que escrevia sobre futebol,
Hugo Costa é levado par ser revisor do Sergipe Jornal. Depois de um bom tempo
de revisor, acontece a viagem do diretor do jornal. “O pai de Luiz Eduardo
Costa que era o dono e diretor do jornal, além de ser advogado e promotor
público, não me conhecia. Entrava e dava um bom dia. Necessitando ausentar-se
do Brasil indo para um congresso na Argentina, Paulo Costa que escrevia uma
coluna publicada na primeira página com o título: Não está certo, antes de
viajar aprontou 15 colunas correspondentes aos dias de ausência. Passou mais
tempo e o pessoal da redação passou a reprisar suas colunas. Ninguém ousaria
fazer a coluna do diretor do jornal. Eu achei que estava reprisando demais e
fiz meia dúzia delas, sem o chefe da oficina perceber que tinha feito. Ninguém
notou isso e quando o Paulo Costa voltou, um dia foi lá saber quem tinha feito
aquelas colunas. O gerente ficou todo se tremendo, dizendo que não sabia de
nada. Terminou para mim que era quem guardava as colunas. Aí eu disse a
verdade. Ele me disse que não acreditava e que eu não tinha cara de ter feito a
coluna, e que alguém escreveu em meu lugar”.
Hugo Costa foi forçado a provar sua aventura de colunista
escrevendo sobre três assuntos na presença de Paulo Costa num ambiente afastado
do jornal, no escritório de representações que Paulo tinha com o nome de “A
Carneiro”, instalado na Rua de Larajeiras. “Fiz os temas dados na hora. Ele leu
e quando acabou me pediu para fosse com ele até o jornal e que deixaria de ser
revisor e passaria a ser diretor. Fui diretor do jornal por 15 anos”.
Do grande amigo Paulo Costa
Hugo conta que daí por diante Paulo Costa passou a ser um
grande amigo e foi quem incentivou a fazer o curso de Direito. “Quando fiz
advocacia fui trabalhar em seu escritório. Paulo Costa foi o meu grande mestre
no jornalismo a na advocacia. E ao contrário do que muita gente pensa não era
meu parente”.
Matéria publicada no JC em 08/07/1990
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Hugo Costa: a arte de escrever e de viver (II)
Hugo comenta seus trabalhos
Por Osmário Santos
Eu sempre fui uma pessoa que procurei usar uma linguagem
moderna. Termo chulo, não uso nem falando. Sempre procurei ser um estilista no
texto, pois sou um leitor dos grandes autores.
Encontramos na mesa da sala, um livro de Maquiavel e
perguntamos como estava a leitura. “Maquiavel, sempre... e quando chega o
período de eleição a gente tem que fazer uma revisão. Por exemplo: Eu acho que
Maquiavel deve ter sido o inspirador deste acórdão maquiavélico, Maquiavel
sempre está presente no mundo político.
O político tem muito medo da imprensa escrita. A imprensa
televisada, a notícia vai embora: o rádio esquece; o jornal, por ser documento,
é temido. O candidato concorre a um cargo e vinte anos atrás ele deu um desfalque,
foi envolvido num escândalo, vendeu, comprou calcinhas. A imprensa escrita
apesar de atingir um menor número de pessoas, é um documento e tudo fica
guardado. Sempre procurei fazer uma crítica e nunca, jamais, penetrei na vida
íntima das pessoas. Sempre fiz no exercício do mandato, pois nós todos temos o
direito de criticar uma pessoa que está lá porque fomos nós que colocamos.
Hugo e os seus famosos discursos
“Fiz discursos para muitos políticos, ocupantes de cargos e
isso não é nada demais. É uma coisa que acontece em todas as partes do mundo.
Eu sou redator de discursos e se fosse um governador iria contratar alguém para
isso. Quando uma pessoa está num exercício de um cargo, cheio de agenda, de
preocupações, não tem condições para escrever.
Fiz para muitos governadores, prefeitos, deputados. Me
lembro que certa vez eu fiz num mesmo dia dois discursos: um prefeito do
interior queria homenagear o governador. Então ele pediu ao governador que
conseguisse um discurso para ele. Aí eu fiz o discurso para o prefeito,
elogiando o governador. Fiz o do governador agradecendo ao prefeito e fiz a
reportagem sobre a inauguração para o jornal. Soltava o foguete e apanhava
flecha.
A maior dificuldade, que Hugo encontrou na elaboração de um
discurso, foi no atendimento a uma solicitação do seu dentista: “Um discurso
para uma faculdade de Odontologia é um negócio muito complicado, em todo caso,
você me arranja uns dois ou três livros de odontologia, tudo complicado dos
livros. Então o reitor, que na época era o Dr. Aloísio Campos, quando ele
terminou o discurso disse; “professor, eu sou reitor há vários anos e nunca
ouvi um discurso tão bem feito igual ao seu”.
Nas campanhas políticas
“Na última campanha política, fiz todos os discursos de
Seixas Dórea para aTV. Em princípio alguém poderia dizer que foi mentira,
considerando que Seixas Dórea é sem a menor dúvida um dos maiores oradores
políticos que Sergipe já conheceu até hoje. Seixas saía de casa às seis horas
da manhã e voltava às duas horas, não tinha tempo para os seus discursos.
O lado do editorialista
“Eu já fiz muitos editoriais para serem publicados num
determinado jornal, não vou dizer o nome pelo lado ético da coisa.
Um determinado jornal publica um editorial criticando
duramente o governo. Aí o governador diz: “eu quero fazer a resposta, mas eu
quero no mesmo local”. “Eu faço o editorial desmentindo o que o outro disse e
sai no dia seguinte no mesmo lugar. Problema é da relação do governo. Não sou
eu que vou ao jornal. Em Sergipe, o maior anunciante é o poder. Todas as
empresas tiram o chapéu e não tem jeito para não tirar, pois nós não temos um
mercado de publicidade para garantir o funcionamento da imprensa sem o poder
público.
O Hugo e a academia de letras
“Uma vez fui convidado para entrar na Academia e o dono da
vaga ainda estava vivo. Eu não aceitei por causa disso. O presidente da
Academia foi me convidar com um grupo de acadêmicos, dizendo que eu era a arma
que eles tinham encontrado para evitar a entrada das mulheres na Academia. Essa
mulher que queria entrar na Academia e terminou entrando, era Núbia Marques.
Hugo respondeu aos imortais; “Não quero concorrer. Primeiro sou a favor da
entrada das mulheres. Segundo Núbia é uma grande escritora e merece entrar.
Terceiro, e a vaga? “A vaga é de companheiro nosso, porém já está desenganado,
ele morrerá dentro de poucos meses. Hugo Costa ficou indignado com o fato.
“Achei um mau caratismo sem limites, alguém me convidar para ocupa a vaga de
uma pessoa que ainda estava viva”.
O Hugo e as comendas
“Vou dizer o seguinte: tem um vereador, vou até dar o nome:
Marcélio Bomfim. Há dois anos luta comigo, para me dar o título, pela Câmara de
Vereadores, de cidadão de Aracaju. Me garante que o título sairia com unanimidade,
só faltando os dados biográficos de minha vida. Eu acho muito esquisito para
mim, receber títulos festivos. Uma coisa que não combina muito comigo”.
Como o Hugo enfrenta as pedradas
Não levo muito em consideração este assunto, porque eu não
costumo cortejar a popularidade. Toda popularidade me parece artificial e
fútil, além de passageira. Hoje você vê Maradona levando pedradas por todos os
lados, só porque fez gols. Na minha área, eu sempre fiz gols, por isso é
natural que receba pedradas. Como sempre fui uma pessoa que agitei e continuo
agitando muitas coisas, esse tipo de pessoa causa descontentamento a algumas
pessoas, e causa inveja a outras. Eu nunca na minha vida, amigo de políticos
como eu sou, eu nunca ocupei um cargo, que não fosse por concurso. Para mim,
nunca pedi nada. Não devo um centavo a bando nenhum, a cidadão nenhum. Não
compro fiado a ninguém, tudo meu é de primeira. Só bebo whisky importado.
Ballantines, só ando no luxo, pois eu gosto mesmo. Já contei que nasci na
pobreza extrema. Hoje eu vivo às custas do meu trabalho. Não ganhei na loteria,
não casei com moça rica, nunca recebi um centavo de nada que não possa
comprovar. Nunca ocupei nenhum cargo público que eu tivesse verba na minha mão
para desviar. Todo o meu dinheiro é resultado do trabalho. Eu sou aquele cara
que sabe ganhar e sabe gastar. Como vivo bem, devo causar grandes transtornos e
muita gente que quer e não pode.
Hugo fala do movimento cultural de Aracaju
“Vai muito mal. Sem dinheiro, nenhum movimento cultural vai
pra frente. Não há verbas para isso. Estou sabendo que a RTA que é a emissora
cultural do governo do Estado, não tem condições de fazer uma reportagem na rua
sequer. Como é que o governo tem um programa cultural e não cuida de dotar a
sua emissora de condições técnicas para acompanhar esse movimento cultural?
Para documentar, instrumentalizar essa cultura, para tornar essa cultura
accessível às pessoas através do maior recurso que existe modernamente no
mundo, que é a televisão.
Hugo nunca pensou em epitáfio
Nunca pensei em epitáfio. Acho uma coisa muito drástica
sabe? Nesse sentido, vou dizer uma coisa: sou uma pessoa que não penso em
morte, pois penso que viverei eternamente...
Hugo, a solidão e os amores
Amor de número um é o que tenho pelos meus filhos. Nunca fui
um solitário. Solitário é quem vive só. Eu moro só, que é diferente. Amor
sempre existiu no mundo. Quando a pessoa perde a capacidade de amar, morreu
também. Quanto ao problema de amor no sentido que se trata da relação
homem/mulher, no meu entender sempre é uma coisa que requer reserva, requer
discrição e requer uma proteção para que ele continue existindo.
Hugo e religião
Religião, não tenho. Eu fiz tudo para ser religioso. Fui
criado no terrorismo da Igreja Católica. Quando fiz a primeira comunhão, a
professora em Propriá, dona Rosinha dizia que se a gente tocasse com a língua
na hóstia no céu da boca, a gente ia para o inferno. Para mim, o dia da minha
primeira comunhão foi um dia de terror, pois fui para a Igreja com aquele medo
e tudo que eu temia aconteceu. A hóstia grudou no céu da boca e eu tive de
tirar ela com a língua.
Sou uma pessoa bíblica, tenho a Bíblia, leio a Bíblia. Acho
o livro mais belo que se escreveu no mundo. Para mim o meu modelo, minha
filosofia de vida, são os salmos, as conceituações bíblicas, pois até hoje,
mais de 200 anos depois ninguém conseguiu escrever nada mais belo que o texto
bíblico.
Hugo e o seu humor
Acho que sou um humorista nato. Se não tivesse seguido essas
profissões que tenho, poderia ser humorista. Tenho uma capacidade de ver humor
em tudo, até na tragédia.
Hugo compositor
Não existe, porque a composição musical requer uma
elaboração. Não é só você de repente dizer que fez uma música, tem que burilar,
de cuidar e uma consequência que é gravar, ser executada. Tem de ter uma
dedicação total. Devo ter composto uma média de 200 músicas e hoje não me
lembro de 20 e não tenho saudades. Nós vivemos numa região onde o compositor
faz as músicas e elas se perdem e não acontece nada.
Hugo e seu projeto de vida
“Meu grande projeto, até hoje não consegui realizar. Eu acho
que nasci para ser escritor e até hoje não consegui, mesmo porque, nesta altura
dos acontecimentos, também não poderia fazer um projeto de escritor. Eu não
poderia ser, pois no Brasil o escritor normalmente não consegue viver dos seus
escritos. No Brasil só temos um escritor que vive de escrever que é Jorge
Amado. Assim mesmo não é do direito autoral do livro. É da novela, do filme.
Hugo, o final da reportagem e a história do general
“Eu queria dizer, que gosto muito de repórteres
inteligentes, como você. Gosto de coisas assim, informais como essa reportagem
que está fazendo agora. Para mim, respondo a qualquer pergunta que me for
feita. Só gosto de fazer entrevistas assim.
Para mim a entrevista mais importante, foi a que fiz com o
general Djenal Tavares de Queiroz. Todos os outros políticos quando eu ia
entrevistar em rádio, televisão, eles queriam combinar antes as perguntas.
Queriam evitar que falássemos deste assunto, daquele e daquele outro. Eu
entendia, pois afinal de contas a gente tem de ser cordato com o entrevistado.
No dia que fui entrevistá-lo, eu disse a ele: General, quais os assunto que o
senhor não responde? “Respondo a qualquer um”. Fiz uma pergunta super drástica
para ele, pois sabia que uma vez ele tinha mandado um jornalista engolir uma
página de um jornal, por ter feito uma crítica a ele. Perguntei no ar. O
jornalista era um doador de sangue, ele era conhecido por Movimento, aqui em
Aracaju.
Só escrevia sobre esporte. Fez um artigo esportivo sobre o
time do general e parece que não agradou o general. Aí o general, que era
secretário de Segurança, mandou chamá-lo. E eu perguntei: é verdade, que o
senhor o fez engolir o jornal: Ele engoliu, mas, não fui eu que fiz, foram os
meus amigos”.
Tem uma piada que diz que o Movimento que era uma pessoa bem
humorada, na hora de engolir a página do jornal, ele disse: “general, o artigo
aqui desse lado eu fiz, mas do outro lado tem uma propaganda de um trator da
Casa da Lavoura. Sou obrigado a engolir o trator também.
Texto reproduzido do site: usuarioweb.infonet.com.br/~osmario/
Foto de Hugo: reproduzida do site de Jorge Lins.
Foto de Hugo com Gwendolyn Thompson: reproduzida do
Facebook/MTéSERGIPE/Gwendolyn Thompson.
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 8 de abril de 2013.
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