sábado, 27 de abril de 2013

As efemérides sergipanas de Epifânio Dória


Publicado pela Infonet/Blog Luiz Antônio Bareto, em 05/03/2010.

As efemérides sergipanas de Epifânio Dória
Por Luiz Antônio Barreto.

A cultura sergipana contou, no curso da história, com alguns autores que deram intensa e ampla contribuição na fixação da vida local, muito embora não tenham resistido ao tempo, muito menos ao descaso com a memória. Recortando-se apenas o tempo da República, anota-se o nome de Felisbelo Freire (1858-1916), que além da clínica médica, da militância política, legou aos pósteros uma História de Sergipe, uma História Territorial do Brasil (que inclui Sergipe) e uma História Constitucional da República, dentre outros livros referenciais. Outros nomes merecem destaque, como o de Francisco Carvalho Lima Júnior, o de Clodomir Silva, o de Manoel dos Passos de Oliveira Teles, pinçados dentre muitos que dedicaram tempo à pesquisa e aos estudos sergipanos.

Outro nome que também é uma referência é o de Epifânio Dória (1884-1976), o organizador de acervos, o gestor dos arquivos, o zelador perfeito da documentação sergipana. Sua biografia ilustre começa em Maroim, onde emprestou seu talento no Gabinete de Leitura daquela cidade, fundado em 1877. O circuito de atividades de Epifânio Dória inclui a Biblioteca Pública, que hoje leva seu nome, o Arquivo Público do Estado de Sergipe, a Loja Capitular Cotinguiba, a mais antiga instituição maçônica, ainda em funcionamento, e o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, onde doou suas últimas forças, preservando o acervo e a prestação de serviços da Casa de Sergipe, que muito em breve celebrará seu Centenário.

Além do esforço pessoal, dos contatos protetores para as instituições nas quais servia, e da prestimosa atenção que dispensava aos leitores e pesquisadores, Epifânio Dória organizou uma vasta obra, que demarca a vida intelectual sergipana, desde sua participação, em 1925, na edição do Dicionário biobibliográfico sergipano, de Armindo Guaraná, ao lado de Prado Sampaio. Os jornais das cinco primeiras décadas do século XX estão repletos de artigos, comentários, correspondências, anotações de Epifânio Dória, tudo destinado a formar um repertório de conhecimento local, fazendo despontar fatos e pessoas que nem sempre conquistaram o justo lugar no panteão dos construtores da sergipanidade.

De todos os trabalhos empoeirados, sem edição, Epifânio Dória deixou um, que pela sua contribuição merece destaque. Refiro aos artigos enfeixados no título geral de Efemérides sergipanas. Trata-se de artigos publicados em vários jornais, acrescidos de novas informações, anotados e algumas vezes refundidos, que constituem um corpus de excelência sobre Sergipe e os sergipanos. Não há nada igual. Por isto mesmo muitos dos pesquisadores atuais sonharam com a organização, a fixação dos textos e a publicação das Efemérides sergipanas. Havia, contudo, muito a enfrentar e superar, para dar forma e divulgação ao esforço gigantesco de Epifânio Dória.

Ana Maria Fonseca Medina, professora e pesquisadora, já formando alentada obra de referência com temática sergipana, a exemplo dos livros sobre a Ponte do Imperador, sobre Hermes-Fontes, a partir de cartas, sobre os desembargadores do Tribunal de Justiça, decidiu enfrentar o desafio de recolher, cotejar, organizar e publicar, em 2 volumes, a obra maestra de Epifânio Dória. Um trabalho hercúleo e audacioso, uma contribuição enorme e útil, que recupera para os contemporâneos uma obra de referência que corria o risco de permanecer inacessível às novas gerações de sergipanos.

Os dois volumes formam, na verdade, uma Seleta da imensa colaboração aos jornais, dada por Epifânio Dória. É certo que alguns artigos foram perdidos, juntamente com os jornais que os publicara. É possível, ainda, localizar versões de efemérides, que foram reescritas ou corrigidas, ou mesmo ampliadas pelo autor. Nada, contudo, tornará menor o esforço de Ana Maria Fonseca Medina, em organizar e editar a principal das obras de Epifânio Dória. A publicação, que seguiu o ordenamento cronológico, contou com o patrocínio do Governo do Estado, do BANESE e do BANESE CARD, e mereceu comentários de Ivan Valença, Luiz Eduardo Costa, Pedrinho dos Santos, Coronel José Garcez da Costa Dória, Tânia Menezes e do Governador Marcelo Deda, Prefácio de José Ibarê da Costa Dantas, Introdução da organizadora, cronologia, por José Francisco Menezes, e fortuna crítica reunindo opiniões de Urbano Neto, Ariosvaldo Figueiredo, Manoel Cabral Machado, Hugo Costa, José Augusto Garcez, Dilton Maynard e Arivaldo Silveira Fontes.

Uma obra, portanto, das entranhas da história e da cultura de Sergipe, para servir de lume ao conhecimento das atuais e das novas gerações dos sergipanos. Pelo seu caráter didático, tomara que chegue às escolas, de todos os níveis, onde é feita a formação do cidadão desta terra.

Foto e texto reproduzidos do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 22 de abril de 2013.

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