Postado originalmente no: Perfil/Facebook/Linha do Tempo/Lucio Prado Dias/12/07/2015.
Recordando Theódulo Côrtes.
Por Lucio Prado Dias.
Mais do que encadernador das minhas coleções de fascículos
da Editora Abril, que não eram poucas e passavam por todos os tipos de
assuntos, Theódulo Côrtes era um amigo.
Admirava muito a sua arte, o seu cuidado no trabalho e
principalmente as suas histórias. Por muitos anos frequentei o seu atelier, na
esquina da rua Propriá com a Avenida Pedro Calazans.
Mas "Seu" Theódulo não era somente um
encadernador, era também o músico, o palhaço e o mágico que animava festinhas
da gurizada. Fazia isso por um prediletismo e alegria contagiantes. Lembro que
numa das festinhas de aniversário de minha filha Marcela, ele foi a atração,
fazendo mágicas e entretendo a petizada. Os meninos cresceram, a febre das
coleções desapareceu e nunca mais voltei a ver o dileto amigo.
Nesta semana, voltei hesitante à casa na esperança de
reencontrá-lo, porque uma placa me chamou a atenção: "Encadernam-se
livros". Com alguns exemplares nas mãos para restauração, fui recebido à
porta por Roberto, que me relatou que Côrtes havia falecido, fazia muitos anos,
inclusive sua esposa e o único filho também haviam seguido o mesmo destino. Ele
agora, como filho de criação, como se denominou, mantinha sozinho o negócio.
Nada na casa me lembrava mais os tempos passados, os móveis,
o ateliê, os quadros da parede, o saboroso suco de jenipapo, que gentilmente
ele me servia, enfim nenhuma imagem que me reportasse ao velho amigo...
A não ser por uma foto, uma única foto, perdida num canto
qualquer, colocada num porta retrato amarelado pelo tempo.
Recordações de um tempo que não volta mais!
Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 12 de julho de 2015.
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