Professora Terezinha Alves de Oliva:
Emancipação de Sergipe ainda é um desafio para os estudiosos.
Publicado originalmente no Jornal do Dia Online, em
08.07.2015
Independência completa 195 anos.
ASN
Há 195 anos, o Rei do Brasil e Portugal Dom João VI
assinava, do Rio de Janeiro, a Carta Régia elevando Sergipe à categoria de
Capitania Independente. A independência do território de Sergipe da Bahia foi
marcada por intensas lutas políticas. Em artigo publicado em julho de 2013 na
Revista Cumbuca, a historiadora e professora da Universidade Federal de
Sergipe, Terezinha Alves de Oliva, relata que o tema da Emancipação de Sergipe
ainda é um desafio para os estudiosos. Ela conta que, em seus estudos, Felisbelo
Freire descreve que alçar Sergipe a uma capitania independente foi a maneira
que o Rei D. João VI encontrou para compensar a participação dos sergipanos na
vitória da Corte Portuguesa sobre a Revolução Pernambucana de 1817.
Essa, entretanto, não é a única versão. A professora Maria
Thetis Nunes dedicou-se ao estudo deste tema e, atualmente, a professora Edna
Maria Matos Antônio, lançou o livro "A independência do solo que habitamos
- poder, autonomia e cultura política na construção do Império Brasileiro -
Sergipe (1750- 1831). Ela estuda a independência de Sergipe no contexto da
política do Reino de Portugal e da presença da Corte Portuguesa no Brasil. É o
trabalho mais completo que se tem hoje sobre o assunto enfocando a política de
D. João VI quando da sua permanência no Brasil e, depois, o entrelaçamento da
Independência de Sergipe com o processo da Independência do Brasil.
O território sergipano foi conquistado em 1590 por Cristóvão
de Barros e, desde então, Sergipe ficou sob a tutela da Bahia. Cristóvão de
Barros, como conta Terezinha Oliva em seu artigo, venceu os índios e distribuiu
as terras em sesmarias.
"Durante mais de dois séculos, Sergipe foi Capitania
Subalterna, dedicada a abastecer a capital baiana através da sua produção
agropecuária, recebendo dela as autoridades, as famílias dominantes, os
encargos, os produtos do seu comércio", conta a historiadora em seu
artigo.
Ainda de acordo com Terezinha Oliva, somente no século XVIII
a economia de Sergipe conquistou uma nova estatura com o crescimento da
atividade açucareira, tornando-se visível a movimentação das exportações
sergipanas pelos portos baianos.
Nas primeiras décadas do século XIX a capitania contava com
mais de duas centenas de engenhos a estabelecer relações com o comércio da
Bahia, com os capitalistas que financiavam a produção e controlavam o comércio
de açúcar que abasteciam o comércio de escravos e de todos os bens demandados
pela sociedade açucareira.
Retorno do Rei - Com o retorno do Rei a Portugal, as medidas
tomadas por Dom João para emancipar Sergipe foram contestadas. Apesar da
nomeação do Brigadeiro Carlos César Burlamaqui como governador de Sergipe ter
ocorrido em 25 de julho de 1820, ele somente tomou posse em 20 de fevereiro de
1821. Ocorrida em São Cristóvão, a posse se deu em clima conturbado pela
chegada de cartas da Bahia que determinavam que ela não se realizasse.
Apesar dos protestos baianos, a posse ocorreu em fidelidade
ao Rei Dom João VI. No entanto, no dia 18 de março do mesmo ano, o governador
foi deposto do cargo por uma força armada a mando da Bahia, reforçada pelo
apoio da Legião de Santa Luzia, comandada pelo senhor de engenho Guilherme José
Nabuco de Araújo. Carlos Burlamaqui foi conduzido preso para Salvador.
Com este episódio, frustrou-se temporariamente a emancipação
política de Sergipe. Se por um lado os senhores de engenho não queriam a
independência, por outro, líderes do agreste e do sertão, criadores de gado
como Joaquim Martins Fontes e José Leite Sampaio, tomaram posição em defesa da
Emancipação Política de Sergipe e, a partir de 1822, pela Independência do
Brasil. "Os dois processos se confundem e confluem", conta Terezinha
Oliva.
A adesão à Independência do Brasil significou a aceitação da
Emancipação de Sergipe, uma vez que o Imperador Pedro I confirmou a Carta Régia
de D. João VI. "Sergipe fica politicamente separado da Bahia e torna-se
uma província do Império", diz a historiadora.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br
Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 9 de julho de 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário