sexta-feira, 23 de março de 2012

O Tempo de Jorge Farone



Vocês imaginem a Aracaju do final dos anos setenta, uma aldeia entrevada entre a danceteria da Fugase e os domínios de Sobó nas elegâncias do Iate Club. Uma pequenina cidade ensaiando os caminhos da modernidade, onde a convivência com a segurança oferecida pela tradição precisava ser feita para que Aracaju se mantivesse capaz de reter em seu seio os rebentos da inquietação... que perpassava o resto do mundo. A juventude aracajuana, tomada pela intuição da nova era, embalada pela revolução de costumes e pela conscientização política que lhes obrigava a ditadura militar de então, reagia de qualquer modo à repressão que nos aviltava, naqueles tempos.
Uma geração inteira de jovens sergipanos se formou assim e assim construiu suas perspectivas de progresso individual nesta cidade. Uns escolheram o front político e outros, como Jorge Farone, se impuseram pelo empreendedorismo.
A fábrica de roupas Farone foi uma das primeiras respostas da nossa geração às expectativas da cidade:
- E esses meninos malucos vão fazer o que por nos todos?
Jorge Farone fez. Movimentou a economia municipal e gerou dezenas de empregos. Mais que isto: serviu-nos de exemplo nos mostrando como ser um bom capitalista perseguindo o lucro sem negar atenção á solidariedade cidadã. Por diversas vezes visitei sua fábrica, nos áureos tempos, e vi com qual matéria de amor elas funcionavam.
Chego agora ao que queria lhes contar, desde o início desta Crônica: Jorge Farone foi um dos primeiros anunciantes do Folha da Praia, torcendo para que aquela contravenção jornalística chegasse algum dia (como hoje chega), a noticiar com estoicismo e amor a sua despedida
Viva em nós. Jorge Farone!

Amaral Cavalcante

Postagem original na página do Facebook em 23 de março de 2012.

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