Antônio Bonfim do Cinform
(Publicadas no cinformonline em 2008, quando retomei o gosto de escrever crônicas incentivado por Jozailto Lima).
Faltou gás
Preciso escrever uma crônica para o cinformonline!
Pois foi bem na hora de refogar os temperos, já com todos os ingredientes picadinhos e a as palavras maturando no tacho, que faltou gás. Quer dizer: no caso do meu fogão interior - esse coração de seis bocas que cozinha sonhos - o gás é o vinho.
Sem ele não há fervura e sem fervura não há texto que preste.
Quem há de me valer nesta aflição terrível?
Ora, valei-me o Senhor Bonfim!
Senhor Bonfim, na minha taça não chove desde a semana passada. Seca e esturricada minha verve não serve nem ao pasto das muriçocas municipais, única manada que aqui se cria e acresce aos meus bens a ilusão fazendeira. Vive cá um seu posseiro sem inteiras nem meias, mal tendo o que beber. Nem meiotas de aguardente, nem latinhas de cerveja, nem um cardo azedo na pobre vida desse escritor gaiato.
Acode! Chega Antonio Bonfim, mangangão do Cinform! Custa nada? Envie trovoadas de vinho sobre a minha adega crestada, faça engrossar os veios da minha imaginação que ela, aos borbotões, haverá de continuar provendo o seu pomar de frutíferas crônicas.
Amaral Cavalcante - fevereiro/2008
Choveu na horta
Recebi aqui em casa um Bonfim atarantado, carregando uma caixa enorme de vinhos dos melhores. A cara feliz de quem reencontra a adolescência a buzinar aflito, que eu abrisse logo a porta, desacostumado com tarefas assim amorosas e sentimentais. Era para entregar sua oferenda (como qualquer filho de santo), aos orixás que me cuidam. Você precisava ver! Na mesma hora, eu fazia o que melhor sei fazer: recebia um amigo querido, Sales Neto, com o vinho que ele me trouxera gritando na porta: quer vinho, poeta!
Boa hora para se chegar.
Bonfim adentrou e tomou conosco uma taça do chileno aberto. Brindamos, conversamos miolo de pote e fomos indo do Chile à Itália, um golinho em Portugal, uma bicada na França. Agora, fico a pensar: quanta gente não gostaria de receber em casa, sem aviso, o mangangão do Cinform? Quantos não se veriam surpresos com o carinho desajeitado desse conterrâneo vitorioso? Eu mesmo não esperava tanto. Mas qual! Somos os mesmos moleques do Santo Antonio, da Atalaia, do Siqueira Campos... os rebentos de fé de uma Aracaju antiga – nunca sei se melhor ou pior – envelhecendo felizes nesta cidade amada.
Conheci Bonfim numa agenciazinha de propaganda estabelecida no Bairro Santo , na batalha pioneira da publicidade moderna, fazendo Slide para a televisão. Assim de clientes, muitos deles clientes também da engraçada Folha da Praia, a novidade irreverente de então. Pegou o Cinform alternativo e fez dele o que é hoje, sem perder o jeitão sergipano, tímido, mas sempre correto, empreendedor e ascendente.
Grande Bonfim, mas não é?
O presente dos vinhos é em agradecimento pelas crônicas que tenho publicadp no seu www.cinformonline.com.br que me levam ao prazer de fuxicar memórias e achar moedas no nariz da história. Amei, Bonfim.
Amaral Cavalcante -fevereiro/2008
Postagem original na página do Facebook em 19 de março de 1012.
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