Infonet - Blogs - Luíz A. Barreto - 02/04/2005.
Durante os festejos do Sesquicentenário de Aracaju, o
prefeito Marcelo Déda concedeu a Medalha Cultural Inácio Barbosa a artistas,
produtores e outras figuras destacadas da vida cultural aracajuana. Ele mandou
inscrever na Ordem do Mérito Serigy gradas pessoas, que têm com a capital um
contato digno do reconhecimento público, e distribuiu, ainda, a Medalha
especial, mandada fazer na Casa da Moeda, comemorativa da efeméride. Não há o
que discutir, com relação as escolhas e nem os méritos de cada um dos agraciados.
Mas um débito que não pode calar que é o de reconhecer a contribuição que um
artista sergipano dá ao Brasil, no campo instrumental, como músico e como
teórico.
Luiz Almeida D’Ánunciação, ou simplesmente Pinduca, é
percussionista, concertista, autor, compositor e pesquisador, com formação nos
Seminários de Música da Universidade Federal da Bahia, de 1956 a 1959, fazendo
estudos de percussão na Universidade do Colorado, em Boulder, Estados Unidos.
Foi aluno, de vibrafone, de Phill Krauss em Nova Iorque, de marimba, de José
Bethancourt em Chicago, tendo ainda estudado percussão cubana com José Helário
Amat e Lino Neira Benthacourt, em Havana, em 1996.
Pinduca preparou o naipe de percussão da Orquestra Sinfônica
Brasileira nas excursões da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá, sob a
direção do maestro Isaak Karabchewsky, sem deixar suas funções de
professor/orientador na implantação do Curso de Percussão da Universidade
Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, depois de ter sido integrante,
por 18 anos, do elenco da TV – Globo, como percussionista, arranjador e
regente.
Autor do Manual de Percussão, em 4 volumes, divididos em 14
cadernos e 2 livros, assim distribuídos: Instrumentos da Rítmica Brasileira:
Caderno 1 – O Berimbau, 2 – O Pandeiro Estilo Brasileiro, 3 – O Surdo de
Repenique; 4 – A Ginga do Surdo no Samba; 5 – Tambores de Percussão Direta. A
Técnica para Instrumentos Barrafônicos: Livro A – Técnica a 2 baquetas; Livro B
– Técnica a 4 baquetas. Estudos de Técnica para a Caixa-clara: Caderno 1-
Inicial, 2- Rulo; 3- Ornamentos; 4- Adiantados. A Técnica para os Instrumentos
da Percussão Complementar: Caderno 1- Triângulo; 2- Pratos (Tam-Tam, Gongo,
Crotales); 3- Bombo Sinfônico; 4- O Reco-Reco no repertório sinfônico; 5- o
Pandeiro no estilo sinfônico. O próximo livro de Pinduca a ser lançado tem o
título de Os Instrumentos Típicos Brasileiros na Obra de Heitor Villa-Lobos.
Como compositor, Pinduca é autor de diversas peças, como a
Pequena Suite para Vibrafone, Um Choro para Radamés (marimba), Divertimento
para Pandeiro Estilo Brasileiro, Dança, para Pandeiro Estilo Brasileiro e Oboé,
Primeiro Estudo, para Vibrafone e Violão, Toccata para Timpanos, Divertimento,
para Berimbau e Violão, dentre muitas outras, que correm o mundo em CDs. É
rica, muito rica, a biografia artística de Pinduca, sergipano nascido em
Propriá, em três de maio de 1926, e que já mostrou todo o seu talento em
Sergipe, durante os anos que organizou e dirigiu sua orquestra em Aracaju,
animando bailes, fazendo apresentações, tocando nos auditórios do rádio,
fazendo sucesso como atesta o memorialista Murillo Mellins, amigo e companheiro
de geração do artista, em seu livro de reminiscência sobre a vida cultural e
boêmia da capital sergipana, que já teve duas edições esgotadas.
João Melo, Carlos Tirso, Raimundo Melo, Carlos Dantas, o
próprio Murillo Mellins guardaram, na melhor lembrança, os tempos em que as
festas contavam com a animação da Orquestra de Pinduca, um destaque sem
precedentes na música sergipana, especialmente na década de 1940, quando a
Rádio Difusora iniciava as suas transmissões e apareciam, de forma organizada,
os artistas e conjuntos regionais, revelando talentos que o tempo consagrou,
como o violonista Carnera, os cantores João Melo, Raimundo Santos, Guaraci Leite
França, Dão, e, mais tarde, Antonio Teles, Vilermando Orico,Dalva Cavalcanti, o
Trio Atalaia, formado por Djalma,, Lisboa, Edildécio Andrade, além de outros
nomes da música e da radiofonia de Sergipe. João Melo tornou-se cantor e
compositor bem requisitado, na Bahia e no Rio de Janeiro, profissionalizando-se
como produtor de discos, responsável pelo lançamento de grandes valores da MPB,
como Djavan, MPB-4, dentre outros.
Carlos Tirso ficou aqui, sobrevivendo de outras atividades,
mas com a voz sempre afinada para abrilhantar encontros. Raimundo Melo foi para
Salvador, para o Recife e deixou sua voz imortalizada no Hino do Centenário de
Aracaju e no Hino do Clube Esportivo Sergipe, que ainda hoje é um dos símbolos
da torcida rubra. Carlos Dantas, também chamado de Chopin, foi, por muitos
anos, no Rio de Janeiro o pianista do restaurante da Mesbla, acompanhante da
cantora lírica Norma Bloch, e funcionário da Escola Nacional de Música.
Sergipe e Aracaju devem a Pinduca uma homenagem, que
reconheça de público e agradeça a sua contribuição á arte e a cultura, e
especialmente à música e mais especialmente ainda à percussão. E que faça a
ponte entre Aracaju de ontem e as gerações de hoje, para que o artista
brilhante possa rever as paisagens da sua terra, onde certamente aprendeu o
ritmo, a ginga, a malícia, da música popular, tão expressiva em sua percussão
nos grupos folclóricos que resistem, heroicamente, a tudo.
Fonte: Pesquise - Pesquisa de Sergipe / InfoNet.
Contatos, dúvidas ou sugestões de temas: institutotobiasbarreto@infonet.com.br.
Foto e texto reproduzidos do site:
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Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 17 de junho de 2013.
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