Fotos: Fabiana Costa/Secult.
Publicado originalmente no site Conselho de Cultura SE, em
14/01/2013.
Entrevista: Lú Spinelli e sua vida dedicada à dança em
Sergipe
Por Glauco Vinícius, em 17/08/2012
Aos cinco anos de idade ela já afastava as cadeiras da sala
da casa onde morava em Salvador, na década de 50, e reunia a irmã Nairzinha e
as coleguinhas da vizinhança para se divertir. A brincadeira era quase sempre a
mesma: dançar. Ali, diante dos olhos das amigas (e freqüentemente da mãe) a
menina se movimentava com graça, criava coreografias, e descobria os limites do
próprio corpo.
Hoje, aos 61 anos (40 deles vividos em Sergipe), Lú Spinelli
se orgulha de ter escrito seu nome na história da dança sergipana e brasileira.
Com coragem e paixão pelo que faz, construiu a Studium Danças (mais tradicional
escola de dança de Aracaju), criou o primeiro grupo profissional do Estado,
integra o Conselho Brasileiro de Dança, o Conselho Estadual de Cuiltura, e
constantemente é convidada para comentar, analisar e compor júri nos principais
festivais do país.
Na entrevista abaixo, a premiada bailarina e coreógrafa de
Sergipe compartilha algumas informações sobre sua carreira, relembra episódios
marcantes para a dança no Estado, e diz que, apesar da extensa lista de
realizações, ainda tem muitos sonhos profissionais a realizar.
Sergipe Cultural – Quem ou o quê te influenciou a mergulhar
no universo da dança?
Lú Spinelli – Cresci numa família que tinha forte relação
com a arte. Meu pai e meu avô eram instrumentistas, e isso, claro, foi um
grande estímulo. Mas, além disso, tem a paixão pela dança que já nasceu dentro
de mim. Quando eu era criança, a maior diversão era afastar as cadeiras na sala
de casa e criar coreografias. Atenta a essa disposição que eu tinha para a
dança, minha mãe, que apesar da formação em Ciências Contábeis era muito ligada
às atividades artísticas, me matriculou em uma escola de dança. Daí as coisas
foram acontecendo naturalmente.
Sergipe Cultural – Então você não enfrentou nenhum tipo de
resistência familiar quando decidiu seguir carreira nessa área?
Lú Spinelli – Enfrentei sim. Apesar de todo esse histórico
de ligação com as artes, meu pai era muito receoso de que eu não tivesse como
me sustentar através dessa atividade. Então entrei para o curso de Secretariado
Executivo, aprendi o ofício e peguei meu diploma. Essa formação foi muito
importante para a minha vida, pois fui assessora especial da Secretaria de
Estado da Cultura e diretora do Teatro Atheneu por muito tempo, e todas as
lições aprendidas no curso foram essenciais para o desenvolvimento de um bom
trabalho enquanto profissional do serviço público e produtora cultural.
Sergipe Cultural – Nessas quatro décadas de trabalho, você
elege algum momento específico como o mais significativo para a dança em
Sergipe?
Lú Spinelli – Sem dúvidas a realização do Festival de Arte
de São Cristóvão, do qual fui coordenadora por 18 anos. Na época, trouxemos
tudo o que havia de melhor no Brasil no que se refere à dança: balé da Cidade
de São Paulo, Corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Stagium,
etc. A Studium também marcava presença e acabou fomentando a cena da dança no
Estado, pois estimulou o surgimento de novos grupos. Outro ponto que merece
destaque foi a criação do primeiro grupo profissional de dança de Sergipe. Foi
quando os artistas começaram a aprender a ganhar dinheiro com arte.
Sergipe Cultural – Para Lú Spinelli, o que é dança?
Lú Spinelli - A dança está presente na minha vida de uma
forma muito poética. É assim que eu sempre a vi. É uma arte livre, mãe de todas
as outras, pois o corpo tem o poder de expressar uma história contada pela
literatura, dramatizar um clássico do teatro, ou dançar sem nenhum contexto por
trás, a dança pela dança, que é a mais importante. Nós esculpimos corpos em
movimento.
(Por Glauco Vinícius, da Ascom/Secult).
Fotos e texto reproduzidos do blog:
conselhodeculturase.blogspot.com.br
Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 12 de novembro de 2015.
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