Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade.Net, em
05/10/2015.
Entrevista - José Carlos Mendonça (Pinga).
“Eu produzi mais de 300 shows em Sergipe”.
Por: Eugênio Nascimento/Equipe JC.
Sergipano de Propriá, o empresário José Carlos Mendonça,
mais conhecido como “Pinga”, durante muitos anos foi o responsável pelos
grandes shows realizados em seu Estado natal, especialmente em Aracaju, cidade
para a qual trouxe os nomes mais representativos da Jovem Guarda (a turma do
iê, iê, iê), inclusive o “Rei” Roberto Carlos, com quem mantém até os dias de
hoje uma relação de amizade. A carreira de produtor de eventos do show business
começou na década de 1960 e hoje, aos 75 anos,ele pensa em ir parando
lentamente, depois de 49 anos de carreira e 15 mil shows em todo o Brasil, 300
dos quais em Sergipe, através da sua Pinga Produções Artísticas, com artistas
como Roberto Carlos, Ney Mato Grosso, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Elba
Ramalho. Nos últimos anos ele estava morando em Recife e agora, pouco a pouco,
está se transferindo para a Bahia, onde tem residência na praia do Forte. Em
entrevista ao Jornal da Cidade, ele faz um breve balanço de sua carreira e fala
do seu amor pelo Clube Esportivo Sergipe.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
JORNAL DA CIDADE - Como e quando teve início a sua carreira
de promotor de shows?
José Carlos Mendonça – Eu entrei no mercado de trabalho
inicialmente pelo ramo de produtos farmacêuticos. Somente ingressei no segmento
de show business em 1966 quando me empolguei com a Jovem Guarda. Hoje, estou
perto de completar 50 anos nesse ramo e quase 15 mil eventos realizados dos
quais 285 com Roberto Carlos. Meu ingresso foi entusiasmado por um show de
Wanderley Cardoso e Rosemary, em Aracaju. Foi ali que decidi: eu vou contratar
um artista para fazer uma apresentação, mas tem que ser algo que supere isso.
Para fazer isso, só com Roberto Carlos. Foi meu primeiro show.
JC - E como conseguiu entrar no ramo? Foi muito difícil?
JCM – Apareceu um mexicano que estava levando Roberto Carlos
para uma apresentação na TV Jornal do Comércio, no Recife (PE), e passou por
Aracaju para me oferecer o show dele. Na época eu tinha programa de
disc-jóquei,que, sem modéstia, tinha uma boa audiência. Quando ele estava
saindo do aeroporto de Aracaju para a cidade, fez o percurso em um táxi que
estava sintonizado no meu programa. Ele pediu para que o taxista o levasse até
a emissora para falar comigo e me ofereceu show. Eu, sem experiência nenhuma,
já aceitei pelo preço que ele pediu. Tive prejuízo, mas continuei.
JC - E a sua carreira teve continuidade em Aracaju?
JCM – Sim. Até 1972, a minha carreira se resumia a Sergipe,
bem mais a Aracaju. Em 2 de março de 1972 promovi o meu primeiro show fora de
Sergipe, em Fortaleza (CE), A partir daí, comecei a sair para outros
estados.Hoje eu posso afirmar que em todos os estados do Brasil tem shows
assinados por Pinga Produções Artísticas. Com Roberto Carlos, só há seis
capitais do Brasil que eu não fiz: Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São
Paulo, Palmas e Boa Vista. Mas com outros artistas, eu fiz no Brasil inteiro.
Conheço o Brasil com a palma da mão. Hoje eu tenho viajado menos porque são 48
anos que eu completei nessa profissão com pouco mais de 15 mil shows.
JC - Quantos shows o senhor promoveu em sua carreira em
Sergipe?
JCM – Eu produzi mais de 300 shows em Sergipe com artistas
como Roberto Carlos, Renato e seus Blue Caps, The Fivers, Wanderley Cardoso,
Nilton César, Jerry Adriane, Clara Nunes, Júlio inglesas, Ney Matogrosso,
Caetano Veloso, Carmen Silva e Alcione, entre outros
JC - Quantos shows de Roberto Carlos em Aracaju e em quais
espaços?
JCM – Um no Charles Moritiz (Ginásio do Sesc da D. José
Thomaz com Senador Rollemberg), 1 no antigo estádio de Aracaju (no seu lugar
foi construído o Estádio Estadual Lourival Baptista, (hoje Arena Batistão) 2 já
no Batistão e 15 no Constâncio Vieira, totalizando 19.
JC - Em que período ocorreram esses shows?
JCM – Lembro bem que foram dois nos anos de 1960, quatro nos
anos de 1970, cinco nos anos de 1980, cinco anos 1990 e três a partir do ano
2000 até agora. 0 total por meu intermédio, volto a repetir, soma 19 shows.
JC - Mesmo um tanto ausente de seu Estado natal, o senhor
continua sendo torcedor do Sergipe?
JCM – Claro que meu sangue é vermelho - é Náutico, em
Pernambuco,é Vasco, que tem a Cruz de Malta, no Rio de Janeiro, e é Clube
Esportivo Sergipe, em meu Estado natal. Nunca esqueci ou deixei de lado os
clubes que eu gosto e por eles torço.
JC - Qual o motivo do apelido Pinga? O senhor gostava ou
gosta de uma cachacinha?
JCM – Não tem nada a ver com bebida. Eu nunca bebi nada.
Nunca fumei. Como tenho bom gosto e sou vascaíno, quando eu estudava no Colégio
Salesiano, em Aracaju, um padre me colocou esse apelido porque existia um Pinga
no Vasco da Gama. às vezes quando me chamam de José Carlos, eu já não percebo
que é comigo. Parece que Pinga é o meu nome.
JC - Porque você foi morar no Recife?
JCM – Eu sempre digo que sou sergipano, porque nasci em
Propriá, em Sergipe, mas tenho titulo de cidadão recifense e estou um tanto
distante de minha terra ultimamente. A primeira vez em que eu estive no Recife
foi em 1961. Confesso, fiquei apaixonado pela cidade por causa de um programa
de Aldemar Paiva, no rádio. Eu tinha 21 anos e me fascinava quando ele dizia
“Pernambuco você é meu”, e também pelas músicas cantadas por Claudionor
Germano, um maravilhoso cantor de frevos, por quem tenho admiração muito
grande. Fui morar no Recife em 1982 e agora estou saindo e fixando residência
na praia do Forte, na Bahia.
Texto e imagens reproduzidos do site: jornaldacidade.net
Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 30 de outubro de 2015.
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