Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 24/09/2010.
Um Maçom e seu livro
Por Luíz Antônio Barreto.
O Dicionário Biobibliográfico Sergipano, de autoria de
Armindo Guaraná, continua sendo a mais frondosa árvore da inteligência
sergipana, fulgurando em suas páginas centenas de nomes de bacharéis, médicos,
engenheiros, militares, sacerdotes, professores, artistas, que formaram a elite
cultural de Sergipe, principalmente aqueles que viveram nos séculos XIX e XX.
É, por isto mesmo, um inventário do mais alto valor, que ainda hoje é a maior e
melhor referência, ainda que biografias de sergipanos estejam no livro Homens
do Brasil – Sergipe, do general Liberato Bitencourt, que precede o Dicionário
de Armindo Guaraná, embora sem a mesma estrutura de registro e informação.
O certo é que o livro de Armindo Guaraná fixou essa
singularidade sergipana, de oferecer ao Brasil a contribuição dos filhos
ilustres da terra, quase todos incluídos com suas biografias e referências
autorais. É raro alguém de valor que não componha a obra de Guaraná, tendo
projetado sua vida intelectual antes de 1920. O livro, editado pelo Presidente
Graccho Cardoso, em 1925, foi preparado, após a morte do autor, contando com a
organização final de Prado Sampaio e de Epifânio Dória. Os dois editores
seguiram os parâmetros estabelecidos nas biografias, preservando a qualidade
das páginas que Armindo Guaraná preparou.
Mais um nome sergipano teria o mérito de ser incluído no
Dicionário, o de Otaviano de Menezes Bastos, nascido em Capela (SE), em 28 de
setembro de 1879. Estudou em sua terra natal o curso primário, mudando-se para
Aracaju, continuando os estudos ginasiais, antes de seguir para o Rio de
Janeiro e matricular-se na Escola Militar da Praia Vermelha, em 1896. Passou
pouco tempo na Escola Militar, desligando-se em 1897, no bojo de um movimento
revolucionário dos próprios estudantes. Mesmo anistiado, não quis voltar ao
convívio com os militares e deu início a diversos trabalhos, desde o de
comerciário e, em 1902, o de funcionário público do Ministério da Fazenda, como
Escriturário na Alfândega do Pará. Trocou o Pará por São Paulo, servindo na
Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional, na Caixa de Amortização e no Tribunal de
Contas. Exerceu diversas outras funções de confiança, dentro e fora de São
Paulo.
Otaviano de Menezes Bastos começou sua vida intelectual em
Aracaju, redigindo o jornal O Porvir, em 1900, quando em 11 de fevereiro
circulou pela primeira vez, adotando os pseudônimos Fiel e Amorim de Montarroyos.
Sua vida maçônica, que lhe rendeu o reconhecimento nacional, também foi
iniciada na capital sergipana, na Loja Camerino, sendo iniciado em 13 de
fevereiro de 1900, sendo Mestre em 1901. Por onde andou ou viveu colaborou com
jornais e revistas, tornando-se conhecido em vários Estados pela sua
contribuição intelectual. Depois publicou, ao que tudo indica, na Bahia a
primeira edição da sua Pequena Enciclopédia Maçônica, republicada em São Paulo,
em 1952. Fluente e aplaudido pelos seus escritos, Otaviano de Menezes Bastos
escreveu e publicou os seguintes livros: O triângulo e a tara, O México e o
papado, O Maçom e o Seminarista, Rito Brasileiro.
Em Sergipe foi sócio honorário do Instituto Histórico e
Geográfico de Sergipe e membro correspondente da Academia Sergipana de Letras,
legitimando-se, na sua terra, como intelectual. Foi, contudo, na Maçonaria que
Otaviano de Menezes Bastos tornou-se uma referência em todo o Brasil,
conquistando a admiração dos seus irmãos, até morrer, no Rio de Janeiro, em 29
de setembro de 1952. Nesta data é quando sai a segunda edição da Pequena
Enciclopédia Maçônica, livro essencial ao conhecimento do mundo maçônico. Ele,
que na Ordem teve todos os graus, viu a Maçonaria, conquistou todos os títulos,
inclusive os de Benemérito e de Grande Benfeitor, morreu admirado e respeitado
pelos seus irmãos de todo o País, deixando uma obra doutrinária, de livros e de
artigos de jornais e de revistas, que adornam o seu perfil de intelectual da
Maçonaria do Brasil, reforçado pela sua presença e atuação em diversas lojas,
em muitos Estados brasileiros.
Foto e texto reproduzidos do site:
infonet.com.br/luisantoniobarreto
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 10 de junho de 2014.
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