Um Olhar sobre o Engenho Pedras
“Nossa maneira de agir é marcada pela influência do açúcar”
(Maria de Glória Santana Almeida)
Localizado na região da Cotinguiba, próximo à cidade de
Maruim, o Engenho Pedras destacou-se por atravessar diversas fases da economia
açucareira.e é considerado o mais importantes dos engenhos em Sergipe, sendo
atualmente um dos mais estudados. Em 19 de junho de 2010 a turma da disciplina
Temas de História de Sergipe II visitou o engenho.
Em Sergipe, no século XIX, ser proprietário de engenho
significava ter prestígio social e por isso inúmeras disputas foram travadas
entre herdeiros pela posse das terras, resultando em uma fragmentação dos
engenhos que ao longo do século se caracterizaram por serem de pequeno porte se
comparados aos da Bahia e de Pernambuco.
Tais disputas pela herança nos testamentos marcaram a
história do Engenho Pedras. Seu primeiro proprietário foi o coronel Manuel
Rolemberg de Azevedo, de família holandesa, em 1823. Sendo que os quatro
engenhos vizinhos, de menor porte, teriam também sido dirigidos pelos
descendentes desse importante coronel, através de alianças, principalmente pelo
casamento.
A família Rolemberg ao se instalar no engenho se empenhou em
manter o “modus vivendi” europeu através da ostentação do luxo demasiado que
compunha a casa grande com enormes lustres, vasos de porcelana, cristaleiras,
quadros de pintores renomados etc. Infelizmente, a situação atual é bastante
diferente. Devido ao descuido e descaso dos atuais donos, a magnífica estrutura
ameaça desabar a qualquer momento levando à baixo parte importantíssima da
nossa história.
O modo de vida européia também marcou a sociedade colonial e
imperial através da presença marcadamente influente da Igreja Católica. Na
organização do espaço físico do Engenho percebe-se a construção da Capela do
lado direito (considerado sagrado) da Casa Grande; uma representação da
vigilância sobre a moral e os bons costumes. Ali eram realizados batismos,
casamentos e outras comemorações religiosas importantes que norteavam a vida da
sociedade local. Atualmente, grande parte da mobiliária foi modificada,
refletindo a falta de consciência sobre a importância da preservação do
patrimônio histórico.
Mas não se pode esquecer que além da Casa Grande e da
Capela, existiu também a Senzala. Esta não era apenas local de “descanso” e
“reprodução” daqueles que foram a força motriz da economia açucareira. Para se
ter uma idéia, Pedras chegou a ter 129 escravos no ano de 1866. E todo esse
grupo também trouxe consigo costumes que contribuíram na formação do ser
sergipano. Apesar dos espaços físicos serem bastante delimitados no engenho, o
mesmo não ocorria no espaço social, tão pouco cultural, percebendo-se, dessa
forma, uma verdadeira miscigenação de “raças” e de idéias.
No engenho Pedras a Senzala não era como convencionalmente a
imaginamos. Eram pequenas casas, de condições muito precárias que se
enfileiravam uma após a outra. Esse tipo de composição permitiu a formação de
unidades familiares mais estáveis do que nos engenhos onde predominavam as
grandes senzalas.
Atualmente, o engenho se tornou uma espécie de fazenda de
cana-de-açúcar e está totalmente direcionado à produção e industrialização do
açúcar através da Usina Pinheiros, instalada no local. Sua população é,
majoritariamente, composta por trabalhadores assalariados que veio de outras
localidades e que muito pouco ou nada conhecem da história daquele que já foi
um dia o engenho mais importante de Sergipe.
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ALMEIDA, Maria da Gloria Santana de. O Engenho Pedras: uma
unidade em Sergipe. VIII. Simpósio da ANPHU. Aracaju, 1975.
DANTAS, Orlando Vieira. A Vida Patriarcal em Sergipe. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1980. 190p.
SOUZA, Antônio Lindvaldo. Anos de prosperidade e mudanças: a
sociedade do açúcar e a necessidade de uma nova capital. Temas de História de
Sergipe II. São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe/CESAD, 2010.
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Foto e texto reproduzidos do blog: sergipeemprosa.blogspot
De: Mislene.
Um Olhar sobre o Engenho Pedras
Fotos reproduzidas do blog: sergipeemprosa.blogspot
De: Mislene.
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 10 de dezembro de 2013.
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