G1 Sergipe, 02/12/2013.
Déda representou a renovação da política sergipana, diz
cientista político
Hélder Teixeira diz que ‘Sergipe perde o seu grande líder do
século XXI’.
Fredson Navarro
Do G1 SE.
O cientista político Helder Teixeira recordou a trajetória
do governador de Sergipe Marcelo Déda de 53 anos, morreu às 4h45 desta
segunda-feira (2) no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde estava
internado para tratar de problemas decorrentes de câncer no estômago e no
pâncreas. Ele lutava contra a doença havia quatro anos. A informação foi
confirmada pelo hospital.
Déda foi deputado estadual, deputado federal, prefeito de
Aracaju durante seis anos e governador de Sergipe por sete anos. Foram 13 anos enquanto
chefe do executivo. “No Brasil quando se fala em Sergipe é dele que é
lembrado”, afirma Helder.
Para Teixeira, Déda foi eleito prefeito de Aracaju de forma
espontânea onde a militância, ideologia e a crença venceram. “Ele começou atrás
das pesquisas, mas acabou ganhando. Quando ele é reeleito em 2004 aí já temos o
princípio da mudança que começou a gerar críticas e romper com algumas
lideranças no partido”, analisa.
Ainda de acordo com o cientista, mesmo com algumas mudanças
a partir desse momento, Marcelo Déda passa para a história enquanto governador
mais próximo da sociedade sergipana com características pessoais que mesclava
ética e gerenciamento.
De acordo com Helder, Déda representou a proposta de
renovação que se fez concreta do século XX para o século XXI em Sergipe por ter
pertencido a geração que nasceu, cresceu e amadureceu durante a ditadura e por
não ter vivido parte da sua juventude na plenitude democrática, ele lutou por
isso que sempre foi a proposta dele enquanto homem público desde quando iniciou
a sua trajetória política no início da década de 80 com a proposta de renovar e
oxigenar a politica sergipana.
“A renovação foi confirmada em 2006 quando Déda derrotou
João Alves Filho (DEM), o então governador do estado. Na época, muitos não
acreditavam na sua vitória que foi a última legitimada dele. Em 2010 ele
enfrentou dificuldades para ser reeleito. O PT não esperava perder a eleição na
capital. O câncer se manifestou e comprometeu a sua gestão. A saúde dele foi
comprometida e atrapalhou a sua capacidade de reflexão e estratégia”, recorda.
O cientista político disse ainda que Déda passou a ser mais
contestado pelos aliados e militantes do PT mas conseguiu reverter alguns
quadros. Na sua reeleição, ele ganhou a apatia do eleitorado quando se aliou
aos irmãos Amorim. A aliança comprometeu a reeleição e ele quase foi para o
segundo turno.
Em 2012, a derrota começou quando o grupo liderado por Déda
não conseguiu lançar a candidatura de Rogério Carvalho (PT) à Prefeitura de
Aracaju. No momento, o grupo apoiou a candidatura de Valadares Filho (PSB) que
fazia parte dos partidos aliados. Mesmo com o apoio de Déda, Valadares foi
derrotado no primeiro turno por João Alves Filho. “Ele reconheceu a derrota na
capital, fato que ocorreu pela primeira vez em 2010 quando Dilma também perdeu.
Foi a reposta da sociedade sergipana. A forma de governar não estava mais
agradando e a entrada do grupo Amorim comprometeu. Este foi o momento mais
difícil da sua vida política. Ele ainda tentou recuperar com o rompimento e
enfrentou dificuldades para a aprovação do Proinveste”, lembra Helder.
Para o cientista, Jackson Barreto (PMDB) mantém a proposta
de governo de Déda.
A última derrota que Déda sofreu foi dentro do próprio
partido neste ano quando apoiou a candidatura de Marcio Macedo para a
presidência estadual do PT. Na ocasião, ele foi para o segundo turno com
Rogério Carvalho. Ana Lúcia também foi candidata. Sem apoio, Marcio acabou
retirando a candidatura e Carvalho foi eleito.
Helder Teixeira acredita que Déda não deixou um herdeiro
político. “Ele seria o nome do grupo para disputar a vaga no Senado em 2014.
Não ficou um nome óbvio para disputar a cadeira. Rogério Carvalho, Marcio
Macêdo, Silvio Santos e Edvaldo Nogueira sempre tiveram o apoio de Déda, mas
nenhum ficou como o seu herdeiro. O PT deve se mobilizar”, acredita.
O cientista disse ainda que a Déda não deixa uma grande obra
física. “Suas ideias e forma de governar que vão ficar. Ele teve
comprometimento de um governante ético com o seu povo e deixa esse legado”,
reconhece.
“Mas os sergipanos conseguiram separar o homem público e o
ser humano, nesta fase da doença todos se uniram para torcer pela vitória
dele”, garante.
Foto: Reprodução GloboNews.
Imagem e texto reproduzidos do site: g1.globo.com/se
Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, de 3 de dezembro de 2013.
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