sábado, 2 de abril de 2016

Sergipe relembra trajetória do líder João Mulungu



Publicado originalmente no site Palmares, em 19 de janeiro de 2012.

Sergipe relembra trajetória do líder João Mulungu.
Por Daiane Souza.

Na data em que o Estado de Sergipe celebra o Dia Estadual de Denúncia contra o Racismo – 19 de janeiro – a população negra sergipana relembra a trajetória de um de seus maiores líderes do século XIX: João Mulungu. O negro que representa as aspirações democráticas do povo de sua raça foi responsável pela libertação de milhares de escravos no colonialismo. A Lei que institui a data voltada a reflexão sobre o racismo no estado é a mesma em que foi capturado este herói da resistência, em 1876.

Nascido em 1851, em uma senzala de Laranjeiras, a 19 quilômetros da capital Aracaju, João Mulungu foi a maior liderança dos quilombos sergipanos. Escravo com profissão de pedreiro, Mulungu viajava por toda a província. Nos anos de 1860, tornou-se conhecido por interagir com grupos revolucionários do município onde nasceu. A região foi considerada berço do pensamento progressista, onde se difundiram pensamentos humanistas e ações libertárias dos negros do estado.

Trajetória - Tendo presenciado a mãe ser morta a chicotadas, Mulungu se revoltou e como um legítimo guerreiro deu início a sua luta pela libertação dos escravos. Formou quilombos predatórios, colaborou com as fugas de milhares e fortaleceu o contingente de negros em Sergipe. Teve sua trajetória contestada pelas autoridades que desejavam tê-lo como troféu.

Traído por um escravo, João Mulungu foi preso em 19 de janeiro de 1876 e sua captura foi destaque em todo o país. A divulgação de sua morte teve como objetivo demonstrar a extinção dos quilombos de Sergipe, porém alcançou efeito inverso ao esperado pela Coroa: com a morte do herói houve o recrudescimento do movimento pela liberdade.

A união dos negros sergipanos ganhou ainda mais força com outros movimentos abolicionistas que aconteciam pelo Brasil e que levaram, em 1888, a assinatura da Lei Áurea. O poder Legislativo da cidade de Laranjeiras reconheceu em 1990, por meio do Decreto-Lei 407 a importância de João Mulungu transformando a data de sua prisão em Dia Estadual de Denúncia contra o Racismo.

Zumbi sergipano – João Mulungu ficou também conhecido como “Zumbi sergipano”. Este título se deu por semelhanças com a história do Herói Nacional Zumbi dos Palmares que viveu no Estado de Alagoas dois séculos antes de seu nascimento. Ambos dedicaram suas vidas à mesma causa, lideraram grandes mobilizações, foram perseguidos e assassinados pelos mesmos motivos.

Nos anos de 1690, era interessante à Coroa Real a morte do negro que liderou o maior quilombo já existente na América Latina. Desmoralizar Zumbi significava mostrar aos negros o que aconteceria aos demais quilombos que se estruturavam pelo país. Traído por um companheiro, Zumbi foi preso, torturado e assassinado. Sua cabeça foi exposta em praça pública a fim de desmentir a crença da população sobre sua imortalidade.

Texto - reproduzidos do site: palmares.gov.br
Imagem - reproduzida do site: infonet.com.br

Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 01 de abril de 2016.

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