Etelvina Amália de Siqueira.
Etelvina Amália de Siqueira (Itabaiana, 5 de novembro de
1872 " Aracaju, 10 de março de 1935) foi uma poetisa, contista,
jornalista, oradora e declamadora brasileira, autora de vários hinos escolares
e participante da campanha abolicionista na Sociedade Libertadora Sergipana.
Nasceu em Itabaiana no ano de 1872, sendo filha de José
Jorge de Siqueira e Rosa Maria de Siqueira. Em sua terra natal, teve os
primeiros contatos com as letras e cursou o primário. Deixou seu chão na
adolescência juntamente com sua família, dirigindo-se a Aracaju.
Em Aracaju, após aprovada em exames de seleção, ingressou na
primeira turma da Escola Normal feminina do Asilo Nossa Senhora da Pureza,
implantada em 1822. Nessa instituição de ensino, destacou-se pela sua
inteligência e dedicação aos estudos, tornando-se um exemplo para as demais
colegas de classe. Formou-se professora em 11 de novembro de 1884. Segura,
confiante e preparada para exercer o magistério, Etelvina após a formatura
fundou o seu próprio colégio particular para o ensino primário e secundário de
1885 a 1890 (PINA, p. 193), ingressando para a vida profissional como docente.
Em seguida, foi nomeada professora pública na Barra dos Coqueiros de onde foi
removida em 31 de janeiro de 1891 para a aula elementar anexa a Escola Normal.
No mesmo estabelecimento de ensino, em 1911, além da função de professora,
exerceu o cargo de Auxiliar do diretor da Escola Normal e Anexo. Em 1912,
passou a lecionar língua portuguesa nessa mesma instituição.
A abalizada educadora foi uma voz dissonante e fervorosa
contra a continuidade da escravidão no país. Em virtude disso, atuou sobre dois
aspectos: discursivo e intelectivo. Enquanto aquele defendia o abolicionismo
com pronunciamentos calorosos na "Cabana do Pai Tomaz" (1883), este
abrandava a exclusão educacional sofrida pelos filhos libertos das escravas ao
lecionar gratuitamente na casa do seu tio Francisco José Alves, onde funcionava
a sociedade supra citada.
A sua vocação intelectual e profissional não se estanca na
educação, nem na luta abolicionista, pois vislumbramos sua importantíssima
contribuição de cunho jornalístico por meio de discursos e artigos escritos em
diversos jornais sergipanos ("O Libertador", "O Planeta",
"Gazeta de Sergipe" e o "Estado de Sergipe") e no jornal
"A Discussão" do Rio Grande do Sul.
A distinta Etelvina também enveredou por caminhos da
literatura com obras de alta qualidade (poemas e contos), legando-nos uma vasta
produção espalhada por jornais do seu Estado e no Almanaque Sergipano.
Entre as temáticas abordadas em suas composições poéticas
destacamos: o abolicionismo ("Ao Amigo do Escravo"; transcrito por
Pina, s/d, p. 197-98); a educação ( "No levante da Pátria", "Soa
Além do Clarim" e "Surgem Auroras", transcrito por Freire, 1988,
p. 39) produzidos para o início das aulas; exaltação a personalidades como:
Fausto Cardoso ("A Fausto Cardoso"e "No Terceiro Aniversário da
Morte do Dr. Fausto Cardoso", idem, 1988, p. 200) e Tobias Barreto
("Quadras a Tobias Barreto", Idem, 1988, p. 200) e a natureza
("O Pôr do Sol", idem, 1988, p. 199).
Também Etelvina foi uma afamada oradora e dentre os grandes
discursos, salientamos o proferido em razão da colocação do retrato no salão
nobre da Escola Normal e Anexo do governo do estado Dr. José Rodrigues da Costa
Dória e pela inauguração do edifício destinado à mesma instituição em 1911.
Escreveu artigos nos jornais engajados na abolição da
escravatura, principalmente em O Libertador, e participou da Hora Literária,
embrião da Academia Sergipana de Letras.
Com toda certeza, a poetisa itabaianense foi um marco no
rompimento da situação de submissão intelectual e de preconceito em relação à
figura feminina na sociedade sergipana, a qual estava submetida aos caprichos
do homem e aos afazeres domésticos. Segundo Thétis Nunes um dos motivos,
provavelmente dessa mentalidade foi o temor do "homem que a mulher letrada
escapasse ao seu mandonismo tradicional"
A pioneira serrana fez a diferença. Lutou arduamente
enquanto teve forças físicas e mentais em prol da educação e da literatura
sergipana, além de ter sido um exemplo para as mulheres de seu tempo. Mas aos
18 de março de 1935, exaurida pelo tempo e o desgaste de tantas lutas, a
admirável professora cessou a sua estada neste chão.
Bibliografia:
FREIRE, Ofenísia Soares. Etelvina Amália de Siqueira:
Pioneira das Intelectuais Sergipanas. In: Cadernos de Cultura do Estudante.
Aracaju: UFS, ano V, v. 5, 1998, p. 27- 4.
GUARANÁ, Armindo. Dicionário Biobibliográfico Sergipano. Rio
de Janeiro: Estado de Sergipe, Empresa Gráfica Editora Paulo, Pongetti e C.,
Rio de Janeiro, 1925, p. 75.
LIMA, Laís Amaral Vieira. A Participação Feminina na
Imprensa Abolicionista em Aracaju (1881-1885): Etelvina Amália de Siqueira. São
Cristóvão, 1998. (monografia de conclusão de curso em licenciatura em História
pela UFS), p. 15-28.
PINA, Maria Lígia Madureira. A mulher na história. s/l.:
s/e., s/d., p. 193-204.
SANTOS, Maria Nely. A Sociedade Libertadora: "Cabana do
Pai Thomaz", Francisco José Alves, uma História de vida e outras
histórias. Aracaju: J. Andrade, 1997, p. 105.
NUNES, Maria Thétis. História da Educação em Sergipe. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1984, p. 47.
PINA, Maria Lígia Madureira. A mulher na história. s/l.:
s/e., s/d., p. 193-204.
SANTOS, Maria Nely. A Sociedade Libertadora: "Cabana do
Pai Thomaz", Francisco José Alves, uma História de vida e outras
histórias. Aracaju: J. Andrade, 1997, p. 105.
Fonte: Wikipédia.
Texto e imagem reproduzidos do site: onordeste.com
Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 01 de abril de 2016.
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