Publicado originalmente no Facebook/Jorge B. Menezes, em
29/08/15.
Paulo Barreto, meu pai.
Por Jorge Bomfim Menezes.
A vida é a nossa maior escola, diz o ditado popular!
Todos nós passamos por determinadas fases da vida e vamos
ficando cada vez mais convictos da sabedoria humana: Crianças, só pensamos em
brincar. Adolescentes, curtir a vida. Adultos, sermos bons profissionais e
educarmos os nossos filhos para serem homens e mulheres de bem.
Mas chegamos a uma fase da vida que é quando os nossos pais
envelhecem, tornam-se idosos e passamos a cuidar deles. A vida se inverte. Quem
tinha cuidado conosco passa a ser cuidado por nós.
Feliz aquele filho ou filha que tem o prazer de retribuir
este Amor.
Eu estou passando por isto e nunca imaginei que pudesse
conviver com esta experiência. Primeiramente, minha mãe adoeceu relativamente
nova, aos 65 anos, passou 14 anos em uma cama e morreu aos 79 anos. Meu pai,
cheio de saúde, tomava todas as providências e praticamente cuidou dela com
muito carinho.
Meu pai, até os 88 anos, tinha uma saúde boa, resolvia as
coisas dele, fazia o supermercado, ia ao banco e não gostava que assumissemos
nenhuma tarefa da sua casa. "Não estou brouco"! Imaginávamos que ele
morreria, de repente, e ainda com muita saúde!
Mas, pouco antes de completar 89 anos, ao subir em uma
cadeira para olhar a dispensa, virou e sofreu uma queda que iria transformar a
sua vida: Hospital, UTI, costela quebrada, infecção pulmonar, depressão, etc.
Meu pai já não era mais o mesmo. Começou a atrapalhar as
coisas, já não perguntava mais pelas contas que gostava de pagar pontualmente e
pessoalmente, pelo supermercado que fazia às 2° feiras, enfim, deu uma guinada
de 180° em sua vida.
Isto aconteceu exatamente no dia 03 de agosto de 2014, um
domingo, às 14 horas. Tinha estado com ele até o meio dia e conversamos
bastante sobre coisas da política, da família, um papo bastante agradável como
fazíamos todo final de semana.
E aí conheci um outro mundo: o mundo do idoso dependente, do
idoso que virou uma "criança"! Passei a conhecer um mundo novo:
Geriatra, Unimed Domiciliar, Fisioterapeuta, Fonoaudiologa, Cuidadoras,
Administração de Remédios (entre 12 e 15 diários), Alimentação através de
sonda, etc e etc.
Começamos a dividir as tarefas, meus irmãos e eu (somos 3):
Casa (feira, empregada, etc.), Contas (Banco), Saúde (Médicos e Remédios).
Achávamos que ele iria melhorar (ele sempre foi muito forte
e saudável) mas cada vez que internava, retornava mais debilitado. Durante este
ano, foram 05 internações, sendo 03 na UTI.
Meu pai outrora firme, que mandava e ordenava, hoje fala com
dificuldade, fracassa ao tirar a roupa e quase não caminha.
Clinicamente ele está bem (Pressão: 12 × 8; Oxigenação: 94;
Glicemia: 100; Temperatura: 36,5°; Batimentos cardíacos: 108), mas a
"cabeça" já não é a mesma.
Ele está com um princípio de Alzheimer.
Meus irmãos e eu temos o acompanhado, revezando diariamente
nos 03 turnos, para que ele sinta o carinho e o amor dos filhos.
Temos também presenciado algumas passagens que nos deixam
bastantes emocionados e satisfeitos. Vou citar apenas duas:
1) Ele pediu para falar com seus três filhos, ao mesmo
tempo, e nos disse que a melhor coisa da vida e que ele mais amava eram os
filhos. E complementou: Breve estarei me encontrando com a minha querida esposa
Conceição e a minha querida filha Clara Angélica e quero que vocês sejam muito
unidos como foram até agora.
2) Meu pai tem 07 netos, 06 deles formados, e a minha filha
mais nova que está no 4° ano de Medicina em Campina Grande. Ele sempre afirmava
que iria participar da sua formatura aos 92 anos de idade. Isadora, que é sua
neta caçula, chegou agora em julho para passar as férias e a primeira saudação
que meu pai disse foi:
- Não estou esquecido da sua formatura. Irei a Campina
Grande e vou falar lá.
E nós perguntamos: Falar o que?
Ele respondeu: "De improviso!"
E todos caímos na "risada" cheios de emoção!
Vamos tirando várias lições desta fase que estamos passando.
Uma delas é que o que os idosos mais querem é Paciência e Amor.
Feliz do filho que é pai do seu pai antes da morte, e triste
do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
E é por isto que sempre estou falando no ouvido do meu pai:
" Estou aqui, estou aqui, meu pai". E isto é o que um pai quer ouvir
no fim de sua vida: é que seu filho está ali ao seu lado.
Pai, eu quero que o senhor saiba: "Você pode não fazer
mais nada, mas eu não sei viver sem você!"
Sua bênção!
Seu filho, Jorge.
Texto e imagens reproduzidas do Facebook/Jorge Bomfim
Menezes.
Postagem originária da página do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 30 de agosto de 2015
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