Publicado em 15 de outubro de 2005.
A vida do professor Vilder Santos
Formado em letras vernáculas e em direito e presença
constante no rádio como colaborador.
Por Osmário Santos
Vilder Santos nasceu a 6 de abril de 1944, em Aracaju-SE.
Seus pais: Milton e Anita Santos. De 1955 a 1983, seu pai foi vereador da
Câmara Municipal de Aracaju, tendo sido eleito sete vezes consecutivas. Dele, o
filho herdou a determinação. Sua mãe levou uma vida dedicada ao lar, ao esposo
e aos filhos. Dela, o filho aplica em vida, o respeito a todas as pessoas.
O seu tempo de infância foi repleto de brincadeiras,
especialmente na rua Divina Pastora, onde, até hoje, seu pai tem residência.
Jogava com bola de meia, de papel até com coquinho. “Sempre fui um jogador de
chute forte, porque aprendi a chutar coquinho, pois papai não gostava que a
gente jogasse futebol e não nos dava bola de borracha, de jeito nenhum”
(risos).
Foi alfabetizado pelas memoráveis lições do pai e da mãe.
“Foram os meus primeiros educadores”. Na pequena escola da professora Zenaide
Correia de Oliveira, montada em uma sala da residência de seus pais e situada à
rua Divina Pastora com Siriri, suficiente para atender 20 alunos, dá
continuidade aos estudos no ano de 1951. Com mais dois anos, passa a ser aluno
da professora Helena, em sala de aula montada também em residência e que
funcionava à rua Divina Pastora, no trecho entre Siriri e avenida Pedro
Calazans. Chega, pela primeira vez, a um colégio oficial, o Grupo Escolar
General Valadão, para concluir o primário.
Em dezembro de 1954, faz exame de admissão e passa a vestir
a farda do Colégio Jackson de Figueiredo, dos professores Benedito e Judite
Alves de Oliveira, dois mestres que fazem parte da história da educação de
Sergipe pelo estilo de fazer educação. “Passei todo o ano de 55 no Jackson. O
ano do centenário de Aracaju, com o carrossel e as diversões todas no Parque
Teófilo Dantas, foi um dos anos mais alegres da minha vida. Em 56, fui para
Pernambuco”.
A sua saída de Sergipe para estudar aconteceu de forma
interessante: como o irmão Valmir gostava demais de futebol, contrariado, o pai
resolveu mandá-lo para um colégio de um regime mais rígido, que nem permitia o jogo
de futebol, mesmo em horas vagas. Sofrimento maior, seria a ausência da mãe, já
que ele era muito apegado a ela. “Era o Educandário Nordestino Adventista
(ENA), em Belém de Maria, na zona da Mata Úmida, perto do município de Catende,
onde estudou Manoel Silva, estudou Nicodemos Falcão, onde estudaram diversos
sergipanos”.
Vendo o irmão a chorar por diversas noites e a dizer que
iria fugir e vendo sua mãe com tristeza, a preparar o enxoval, passa uma noite
pensando em derrubar a idéia do pai. “De manhã cedo, eu propus ocupar a sua
vaga. Papai com receio, pois Valmir já tinha dito que iria fugir e que
desapareceria no mundo, aceitou. O enxoval estava pronto e não tinha problema,
pois as letras V. S, que minha mãe bordou nos pijamas, toalhas, cuecas, lenços
e outras roupas não perderia. Em vez de Valmir Santos, Vilder Santos” (risos).
No ENA, Vilder passou três anos em regime de internato e de
lá sai ao término do curso ginasial. “Tinha de se acordar às 5h30 e as aulas
começavam às 6h45. À tarde, todos trabalhavam (12 horas semanais) e o trabalho,
era remunerado. “Eu trabalhava como mensageiro da oficina mecânica. O gerente
era o professor de trabalhos manuais. Foi uma experiência muito boa. O colégio
me abriu os olhos para a vida”.
Retorna a Aracaju no ano de 1959 e começa a estudar o curso
científico no Colégio Atheneu. Por não se identificar com as disciplinas
Matemática, Física e Química, perde o ano e toma a decisão de fazer o curso
clássico no mesmo colégio. Dois anos depois, deixa o Atheneu e se matricula no
Colégio Tobias Barreto, onde conclui o colegial. “Descobri que lá o número de
matérias era menor e o curso era pela manhã. Como gostava muito de ir ao cinema
pela tarde, resolvi me mudar para o Tobias.
Terminei no colégio do professor Alcebíades de Melo Vilas
Boas. Hoje, trabalho no Colégio Alcebíades Melo Vilas Boas”. Como gostava de
futebol de salão e era determinado, conquistou vaga no Clássico, time de
futebol de salão do Atheneu. Mas, gostava mesmo era de cinema. Não perdia um
filme bom. “Aprendi muito no Rio Branco. Era a minha paixão e todo o dinheiro
que pegava de papai era aplicado no cinema”.
Do Carrossel do Tobias, que marcou época em Aracaju,
pertencente aos pais e que chegou a ser tombado pelo Patrimônio Histórico do
Estado, Vilder Santos tem muito a contar: “Trabalhava no carrossel e comia um
dinheirinho bom, que guardava e dava para o ano todo. Comandava a banca e
cobrava. Era uma espécie de gerente. O carrossel funcionava no Parque Teófilo
Dantas por ocasião das festas natalinas de Aracaju, durante os meses de
dezembro e janeiro. O carrossel marcou profundamente a minha vida. Graças a
ele, arranjei muitos amigos”.
Passa o ano de 1963 sem estudar e vai à Bahia dirigir o
Carrossel do Tobias, que saiu de Aracaju e foi montado nas cidades de Salvador
e Alagoinhas. “Deu um prejuízo muito grande, porque choveu demais no primeiro
semestre. Melhorou um pouco e ficamos até outubro na cidade de Salvador. A
pedido do prefeito de Alagoinhas ficamos até novembro e voltamos a Aracaju no
mesmo ano e nunca mais o carrossel saiu de Sergipe”. O último natal do
Carrossel do Tobias no Parque Teófilo Dantas, e tendo seus pais como donos,
aconteceu em 83, já que, em 84, foi vendido ao Estado. “Foi instalado no Parque
da Cidade, funcionou com dificuldades, com problemas e, daí pra lá, se acabou.
Foi da nossa família por 25 anos. Até hoje, ele está deteriorado no Parque da
Cidade. Existe muita coisa, mas um técnico que esteve lá achou melhor fazer uma
nova maquinaria .Na verdade, está quase tudo quebrado, tudo depredado. Só o
Tobias pode ser recomposto. Os cavalos, um marceneiro olhou e disse: eu prefiro
fazer outros iguais”.
Volta a estudar em 64 e parte para o município de Belém de
Maria, em Pernambuco, para a mesma instituição escolar, o ENA, que o acolheu no
curso ginasial. “Fui fazer Teologia Pedagógica para ser professor na área
evangélica. Foram três anos e meio de estudos e fui terminar o curso em São
Paulo (SP), no segundo semestre de 1967, no IAE “.
“Em Pernambuco, nos anos 65 e 66, comecei a ensinar as
disciplinas Geografia do Nordeste e Português, no Ginásio Municipal de Belém de
Maria”
Volta a Sergipe e começa a trabalhar para os adventistas do
7o dia. Mas, não passa muito tempo em Aracaju por ter sido deslocado para a
cidade de Ilhéus, onde passa o tempo de três meses, quando segue para Itabuna e
lá fica por 11 meses.
“Lecionava e fazia outras atividades na área evangélica”
Em 70, está de volta à casa dos pais e começa a ensinar
Educação Moral e Cívica no Atheneu. “Fui chamado pela professora Carmelita
Pinto Fontes, um dos maiores nomes da cultura sergipana. Nunca houve concurso
para EMC; os professores eram convidados”.
De 71 a 75, ensina Educação Moral e Cívica no Atheneu, e
OSPB. Dirige o Grupo Escolar Senador Leite Neto, da rede estadual de ensino, no
ano de 1976 e volta à sala de aula como professor de Português, marcando
presença nos colégios 15 de Outubro e Instituto de Educação Rio Barbosa, onde
também ensinou Linguística.
Em 72, faz vestibular e ingressa no curso de Letras da
Universidade Federal de Sergipe. Em janeiro de 73, faz vestibular para Direito,
na UFS. “Fui aprovado em 13o lugar. Quando estava no 4o período de Direito, o
Sindicato dos Professores começou a pressionar quem não era habilitado
profissionalmente para o magistério. E a minha habilitação era somente para
OSPB e Educação Moral e Cívica. O sindicato começou a me ameaçar e resolvi
voltar para Letras sem vestibular e terminei o curso em 1977. Tentei voltar
para o curso de Direito e a Universidade me informou que tinha perdido a vaga.
Fiz novo vestibular em 79. Fui aprovado e terminei em dezembro de 1980. Fui da
última turma da velha faculdade. Sou bacharel em Direito, mas não sou advogado.
Nunca fiz exame para a Ordem dos Advogados. Guardei o diploma e no dia que
tiver coragem irei me submeter ao Exame”(risos).
Fez concurso público para ensinar a disciplina Português no
ano de 78, sendo aprovado em um dos primeiros lugares. “As disciplinas Educação
Moral e Cívica e OSPB foram supressas e elas eram a minha grande paixão. Perdi
muito com isso. Como tinha feito Letras Vernáculas, só para aprender Português
e não para ensinar, devido à supressão das disciplinas que garantiam o
ordenado, fui obrigado a ensinar Português”.
Como a Universidade Federal de Sergipe precisou de professor
para ensinar a disciplina Estudos de Problemas Brasileiros, foi cedido pelo
Estado. “Por cinco anos, lecionei para muitos educandos da UFS. Com a sua
supressão, fiquei um semestre ensinando Psicologia Geral para a turma de
Educação Física e depois Português Instrumental durante muitos anos. O Estado e
a Prefeitura, alternadamente, me colocaram à disposição da UFS. Foram 16 anos
de trabalho na Universidade, sendo 15 em sala de aula”.
Atualmente, trabalha no Centro de Criatividade, pelo Estado,
e no Colégio Alcebíades Melo Vilas Boas, pelo município.
Em novembro de 1960, passa a integrar a equipe esportiva da
Rádio Cultura, com Raymundo Luiz da Silva. “Era captador das notícias nacionais
e internacionais para o Programa do Esporte pelo Esporte para o Esporte, que
começava às 12 horas, de segunda a sábado. Aos domingos, escrevia um comentário
para o Programa Quem Manda é o Torcedor. O programa revelou muitos cronistas
esportivos.
Até hoje, continua presente no rádio sergipano, mas em
função diferente. “Quando retornei, em 70, para o meu Aracaju, voltei como
colaborador de rádio (rato de rádio). O rádio sempre me foi apaixonante. Meu
pai tinha a Empresa de Publicidade Tamandaré, que era a segunda rádio sergipana,
já que, na época, só existia a Difusora (Aperipê). A Tamandaré funcionava na
rua Divina Pastora e era potentíssima. Fazia uso de alto-falantes. Tinha uma
programação completa que ia das 6h da manhã às 22h. Era uma espécie de rádio
comunitária. Lá, eu fazia o uso do microfone e também trabalhava no controle de
som. A Rádio Tamandaré revelou grandes nomes do rádio sergipano, entre os
quais, Álvaro Macedo e Jailton Oliveira. Da Tamandaré, muitos saudosistas ainda
se lembram romanticamente.
Diz que atua como colaborador de rádio, ligando de casa
constantemente para as emissoras em programas abertos ao público, para
manifestar sua opinião. “É o desejo de servir à sociedade e de agradecer,
porque eu concluí dois cursos universitários pagos pela sociedade. Assim,
devolvo à comunidade, parte do que ela fez por mim. Uso o rádio para sugerir,
opinar e tirar dúvidas”.
Legalmente solteiro, sonha aprender a tocar um instrumento
musical. “Comprei o pandeiro e, se aparecer alguma pandeirista para me ensinar,
eu topo”(risos).
Os 40 dias que considera como os mais belos da sua vida,
foram vividos na Europa. “Em 69, visitei 10 países e aprendi bastante”.
Gosta de fazer “triversos”, vocábulo sergipano, que foram
publicados até 95 no Jornal O Que, semanário do Luiz Eduardo Costa, que marcou
época em Sergipe. É apaixonado por telenoticiários e programas rurais.
É radialista profissional e por um tempo apresentou o
programa Voz do Magistério, na Rádio Cultura. “De maio de 81 a junho de 83,
sábado à noite, às 19h, um programa de muita audiência”.
Texto reproduzido do site:
usuarioweb.infonet.com.br/~osmario/
Foto reproduzida do Google
Caríssimo Prof. Vilder Santos. Por favor entre em contato pelo fone 79 9 88.55.33.08. Abraço fraterno !.
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