LUIZ ANTONIO BARRETO –
"CULTURA COMO OPÇÃO DE VIDA"
No dia 17 de abril último,
Sergipe perdeu um de seus filhos mais ilustres: Luiz Antonio Barreto. Poucas
foram as áreas do conhecimento das humanidades que não receberam a sua
contribuição: a educação, a cultura, a história, a imprensa, a literatura, o
folclore, entre outras.
Para Jorge Carvalho do
Nascimento, diretor da Segrase e do Diário Oficial e coordenador geral do
caderno “Memórias de Sergipe – Personalidades Sergipanas”, que retratou a vida
de Luiz Antonio Barreto nas páginas do jornal Correio de Sergipe deste domingo
(29.04), ele produziu uma obra que serve de importante fonte de referência e
análise aos que desejam compreender a cultura brasileira, um homem que colocou
a cultura como opção de vida. “A história de Luiz Antonio Barreto é múltipla e
vária...Olhar para o seu legado é ficar diante de um amplo panorama no qual
produção intelectual e ação cultural nunca se dissociam, posto que uma é movido
pela outra, ao mesmo tempo que também a impulsiona, demonstrando o quanto ele
foi capaz de correlacionar a reflexão com a realidade que viveu, pesquisando
práticas da vida dos indivíduos e das instituições públicas e privadas,
adequando sempre teoria e prática”, sentenciou.
Talvez o desejo de ter estudado a
arte de Hipócrates, no início da sua juventude, venha explicar a admiração que
possuía também pelos vultos da nossa Medicina. Em algumas de suas publicações,
como historiador atento, levantou a biografia de diversos médicos, entre eles a
de Augusto Leite, Lauro Porto, Benjamin Carvalho. Com Antonio Garcia, por
exemplo, Luiz teve uma convivência fraterna e muito próxima, por anos a fio,
quer seja na Academia de Letras, no Conselho de Cultura ou na Fundação Joaquim
Nabuco. Juntos criaram o Encontro Cultural de Laranjeiras e organizaram
diversos fóruns e simpósios.
Mais recentemente, ele idealizou
e coordenou o Projeto “Memoráveis Sergipanos, de Ontem, Hoje e Sempre”, que
contou com o patrocínio da Unicred Aracaju e que, na sua primeira fase,
homenageou dez personalidades sergipanas, das quais seis eram médicos. Na
elaboração do nosso Dicionário Biográfico de Médicos de Sergipe – séculos XIX e
XX, lançado em 2010, Luiz Antonio forneceu informações valiosas. Não era
incomum ele ligar a qualquer hora para transmitir uma informação que faltava,
uma data, um local, uma realização...Pela sua notável contribuição, foi
escolhido para prefaciar a referida publicação.
Luiz Antonio Barreto não só
detinha o conhecimento do fato e das suas circunstâncias sociológicas e
políticas, mas fazia questão de compartilhá-lo com todas as pessoas que
desejassem a informação. Para mim, forma de agir era uma de suas maiores
virtudes. Por ter colocado a cultura como opção de vida e produzido um acervo
cultural imprescindível, Luiz Antonio Barreto deverá ter o seu nome incluído
com destaque no panteão dos heróis sergipanos de todos os tempos.
Na minha opinião, portanto, foi
de uma grande sensibilidade e sentimento de justiça a decisão tomada pelos seus
amigos do antigo grupo Corecon, do qual ele era um dos mais assíduos
participantes, e que nos dias de hoje se reúne todas as segundas-feiras à noite
na Sociedade Médica de Sergipe. Na última reunião, ocorrida no dia 23 de abril,
justamente na segunda-feira em que se celebrava na Catedral Metropolitana de
Aracaju a sua Missa de Sétimo Dia, ficou decidido por unanimidade denominar o
grupo, a partir de agora, de Fórum de Debates “Luiz Antonio Barreto”.
A Sociedade Médica de Sergipe
também não poderia ficar omissa frente a uma perda tão sentida. Assim, fará
publicar, na sua próxima revista, uma matéria especial sobre a vida de Luiz
Antonio Barreto, com depoimentos de colegas e amigos que conviveram mais de
perto com o inolvidável intelectual sergipano.
Postado original na página do Facebook em 29 de Abril de 2012.
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