segunda-feira, 30 de abril de 2012

Luiz Antônio Barreto - "Cultura Como Opção de Vida"


LUIZ ANTONIO BARRETO – "CULTURA COMO OPÇÃO DE VIDA"

No dia 17 de abril último, Sergipe perdeu um de seus filhos mais ilustres: Luiz Antonio Barreto. Poucas foram as áreas do conhecimento das humanidades que não receberam a sua contribuição: a educação, a cultura, a história, a imprensa, a literatura, o folclore, entre outras.
Para Jorge Carvalho do Nascimento, diretor da Segrase e do Diário Oficial e coordenador geral do caderno “Memórias de Sergipe – Personalidades Sergipanas”, que retratou a vida de Luiz Antonio Barreto nas páginas do jornal Correio de Sergipe deste domingo (29.04), ele produziu uma obra que serve de importante fonte de referência e análise aos que desejam compreender a cultura brasileira, um homem que colocou a cultura como opção de vida. “A história de Luiz Antonio Barreto é múltipla e vária...Olhar para o seu legado é ficar diante de um amplo panorama no qual produção intelectual e ação cultural nunca se dissociam, posto que uma é movido pela outra, ao mesmo tempo que também a impulsiona, demonstrando o quanto ele foi capaz de correlacionar a reflexão com a realidade que viveu, pesquisando práticas da vida dos indivíduos e das instituições públicas e privadas, adequando sempre teoria e prática”, sentenciou.
Talvez o desejo de ter estudado a arte de Hipócrates, no início da sua juventude, venha explicar a admiração que possuía também pelos vultos da nossa Medicina. Em algumas de suas publicações, como historiador atento, levantou a biografia de diversos médicos, entre eles a de Augusto Leite, Lauro Porto, Benjamin Carvalho. Com Antonio Garcia, por exemplo, Luiz teve uma convivência fraterna e muito próxima, por anos a fio, quer seja na Academia de Letras, no Conselho de Cultura ou na Fundação Joaquim Nabuco. Juntos criaram o Encontro Cultural de Laranjeiras e organizaram diversos fóruns e simpósios.
Mais recentemente, ele idealizou e coordenou o Projeto “Memoráveis Sergipanos, de Ontem, Hoje e Sempre”, que contou com o patrocínio da Unicred Aracaju e que, na sua primeira fase, homenageou dez personalidades sergipanas, das quais seis eram médicos. Na elaboração do nosso Dicionário Biográfico de Médicos de Sergipe – séculos XIX e XX, lançado em 2010, Luiz Antonio forneceu informações valiosas. Não era incomum ele ligar a qualquer hora para transmitir uma informação que faltava, uma data, um local, uma realização...Pela sua notável contribuição, foi escolhido para prefaciar a referida publicação.
Luiz Antonio Barreto não só detinha o conhecimento do fato e das suas circunstâncias sociológicas e políticas, mas fazia questão de compartilhá-lo com todas as pessoas que desejassem a informação. Para mim, forma de agir era uma de suas maiores virtudes. Por ter colocado a cultura como opção de vida e produzido um acervo cultural imprescindível, Luiz Antonio Barreto deverá ter o seu nome incluído com destaque no panteão dos heróis sergipanos de todos os tempos.
Na minha opinião, portanto, foi de uma grande sensibilidade e sentimento de justiça a decisão tomada pelos seus amigos do antigo grupo Corecon, do qual ele era um dos mais assíduos participantes, e que nos dias de hoje se reúne todas as segundas-feiras à noite na Sociedade Médica de Sergipe. Na última reunião, ocorrida no dia 23 de abril, justamente na segunda-feira em que se celebrava na Catedral Metropolitana de Aracaju a sua Missa de Sétimo Dia, ficou decidido por unanimidade denominar o grupo, a partir de agora, de Fórum de Debates “Luiz Antonio Barreto”.
A Sociedade Médica de Sergipe também não poderia ficar omissa frente a uma perda tão sentida. Assim, fará publicar, na sua próxima revista, uma matéria especial sobre a vida de Luiz Antonio Barreto, com depoimentos de colegas e amigos que conviveram mais de perto com o inolvidável intelectual sergipano.

Por Lucio Antonio Prado Dias, da Academia Sergipana de Medicina


Postado original na página do Facebook em 29 de Abril de 2012.

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