Morre o Mestre Fontes de Alencar.
Por Luiz Eduardo Oliva.
Morre o grande mestre do direito e da literatura (era da
Academia Sergipana de Letras), o jurista e Ministro aposentado do STJ Luiz
Carlos Fontes de Alencar.
De uma família de inteligência destacada, o mestre Luiz
Carlos era filho do poeta Clodoaldo Alencar, que integrou a Academia Sergipana
de Letras "por merecimento", assim como ele e mais dois irmãos, o
recém falecido poeta Hunald Alencar e o ex-reitor da UFS Alencar Filho. Era
também irmão do grande artista plástico Leonardo de Alencar.
Ao chegar ao STF escolhido dentre desembargadores (na época
ele integrava o Tribunal de Justiça de Sergipe, do qual foi presidente) por
sugestão da informática do STJ (disse-me ele) passou a ser conhecido somente
pelo sobrenome "Fontes de Alencar".
Era natural de Estância, 82 anos (31 de dezembro de 1933), e
também foi membro da Academia Brasiliense de Letras.
Tive o privilégio de ter sido seu aluno na Faculdade de
Direito de Sergipe ainda no velho prédio da Av. Ivo do Prado, que hoje abriga o
Cultart.
Professor Luiz Carlos, como eu gostava de chamá-lo, me
mostrou os caminhos do STJ quando fui candidato a Desembargador Federal em
2001, apresentando-me a ministros que tinham influência no TRF da 5ª Região
porque era necessário os votos para a lista tríplice (eu liderava a lista
sêxtupla do Conselho Federal da OAB).
Era brilhante nas argumentações e também dono de uma memória
privilegiada. Um dos seus últimos livros foi sobre a Questão do Acre,
"História de Uma Polêmica", no qual se destacam figuras como o Barão
do Rio Branco, Rui Barbosa e, sobretudo, o jurista sergipano Gumersindo Bessa.
O velho mestre era um colecionador de títulos sergipanos,
garimpando obras de autores da terra D'El Rey. Com ele vai a sua memória
fulgurante, o mestre que tinha a precisão do direito - sobretudo na esfera do
processo penal - e trazia nas citações que fazia de artigos de lei e da
doutrina uma cultura jurídica polifacetada, fazendo seus alunos e
interlocutores pensar para além da letra fria da lei e do direito.
Feliz dos que beberam da sua inteligência e vasta cultura.
Esses são privilegiados. Eu me sinto um deles e rendo-lhe minhas homenagens por
essa honraria.
Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 3 de julho de 2016,
Artigo de Luiz Eduardo Oliva, compartilhado por Aída Campos.
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