Publicado no blog do Escritor Reginaldo, em 04/12/2014.
Ilma Fontes - A Promoção dos Artistas Sergipanos é sua
Bandeira de luta como Ativista Cultural.
Por José Reginaldo dos Santos.
Meu primeiro contato com Ilma Fontes foi em 1991, em um
grupo de estudo para o vestibular da UFS, quando estudávamos "Os
Corumbas" de Amando Fontes, do qual meu amigo Efraim além de ler o livro
conhecia bem a biografia, e aí citou Ilma Fontes. Meu segundo contato aconteceu
quando meu mestre e amigo, Professor José Carlos de Souza, na época diretor da
Escola de 1º Grau Olavo Bilac, me deu de presente um livro do poeta Mário Jorge
no qual me apaixonei pelas suas poesias e ao aprofundar a pesquisa da biografia
dele tomei conhecimento de que, ele, era amigo de Ilma Fontes. No ano seguinte
fundei o Grêmio Mário Jorge na Escola de 1º e 2º Grau Governador Augusto
Franco. Somente no dia 19 de agosto de 2014 tive o prazer de conhecê-la,
apresentada pelo meu amigo Cristiano Conselheiro, no momento em que Ilma Fontes
preparava o Espaço Cultural da Assembleia para o evento da referida data. Em
uma curta conversa solicitei a inclusão do lançamento do meu livro
"Mulheres Maravilhosas" na pauta do mês seguinte e logo em seguida
tivemos confirmada a inclusão do lançamento para o dia 23 de setembro de 2014.
Diante da sua receptividade e apoio cultural aumentou minha admiração pela
pessoa que ela é, pois diante de outras respostas negativas de apoio, Ilma
Fontes acolheu o meu trabalho sem criar nenhuma barreira.
Imediatamente assumi um compromisso comigo mesmo de
incluí-la no meu livro e fazer uma homenagem à mulher maravilhosa que conheci.
No dia 22 de novembro de 2014, às 16:00 horas, conforme o
combinado chegamos à casa de Ilma Fontes para a entrevista e fomos recebidos
por ela, e Indra, uma cadela labrador, - entre nós: eu, Cristiano e Andréia,
fui privilegiado, pois foi de mim que Indra gostou mais, tipo amor à primeira
vista, ela me acompanhou por todos os lugares que andei dentro da casa, e então
escoltados nos dirigimos ao quintal da residência, situada em plena Avenida Ivo
do Prado, no centro da cidade de Aracaju. Estar em uma casa que nos passa a
impressão de casa de interior, cheia de plantas combinadas com um pequeno
ateliê de artes, que me fez lembrar a infância na casa da minha avó materna, em
Siriri, exceto pelos belíssimos quadros de artistas da terra e outros
espalhados por toda a casa. Acomodamos-nos para a entrevista acompanhados de
Indra, que deitou perto de nós e ficou em silêncio, acompanhando os diálogos.
Antes de iniciar a entrevista alguns pensamentos rodeavam
meu cérebro, um deles foi "Meu Deus, isso é um sonho, essa mulher não
existe, como pode alguém com tanta experiência, com um extenso curriculum e
imensa popularidade ser tão simples, ao contrário de alguns gestores de
entidades ligadas ao mundo das artes que parecem ter um rei na barriga; ela me
faz sentir mais humano, mais feliz como artista, desfez da minha mente todo
desprezo que já recebi procurando apoio para meu trabalho, ao mesmo tempo em
que cria dentro de mim uma responsabilidade muito grande em realizar esta
entrevista com alguém tão especial e da mesma forma quero passar essa
humanidade aos leitores.”
- José Reginaldo dos Santos: Como foi a sua infância e
adolescência como filha de costureira e funcionário público?
- Ilma Fontes: Eu estudei toda minha vida em escola pública,
porque minha mãe, costureira, e o meu pai, funcionário público, eu tinha uma vida
sem maiores necessidades, mas uma vida simples. Meus irmãos estudaram em
escolas particulares, mas eu queria estudar em escola pública. Fiz o primário
no Colégio Tobias Barreto e o ginásio e científico no Colégio Estadual Atheneu
Sergipense, o que me enche de orgulho - e enchia de orgulho todos aqueles que
conseguiam passar no exame de admissão ao ginásio, que era um verdadeiro
vestibular, na época em que o Atheneu era uma excelência em educação, não tinha
pedido de prefeito, de político, que fizesse filho passar e os professores eram
excelentes. Tive excelentes mestres como Maria Augusta Lobão; Franklin,
professor de inglês, muito louco, que morava na Barra dos Coqueiros, mas, que
me deu uma base boa; Maria da Glória, professora de geografia e Ofenísia Freire,
professora de português. Aquela época era o inverso do que é hoje: bom era o
colégio público, o particular era o chamado "papai pagou, passou".
Por causa do sucateamento da educação as coisas inverteram.
Fiz Medicina na Universidade Federal de Sergipe, tenho duas
especialidades: Psiquiatra e Medina Legal - e aí você vai me perguntar por que
isso acontece. A gente foi incentivada à leitura muito cedo, nós temos uma
família de intelectuais, aos 14 anos meu pai me deu para ler "O Papa
Negro", um livro que excomunga. Aos 16 anos eu li Freud, Nietzsche,
Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, os filósofos alemães e franceses, me
identifiquei muito com Nietzsche, com Freud. Por conta da leitura de Freud, eu
me engracei pela psicanálise. Mas para fazer psicanálise, tinha que fazer
medicina.
Na infância você define mais ou menos o que você quer ser -
as pessoas me perguntavam, "o que é que você quer ser quando
crescer?", eu dizia: marinheiro, pois morando perto da Marinha e eu
gostava do figurino, que são vários, branco, azul e branco, eu achava linda
aquela movimentação da Marinha, então queria ser marinheiro, mas não podia,
porque naquela época só podia homem. Depois de marinheiro eu queria ser
bombeiro, eu não queria ser médica, essa história de brincar de médico quando
era criança, não fazia o meu gosto, eu queria brincar com bicicleta, jogar
bola, trocar porrada. Eu tenho dois irmãos e minha irmã é mais velha do que eu
6 anos, minha maior proximidade era com Carlos, meu irmão que é 4 anos mais
velho do que eu, era com quem eu disputava e levei muita porrada, então aprendi
a dar porrada também. Por conta disso eu já ganhei muitos preconceitos, muito
antes de definições sexuais.
Entrei na Medicina pela porta da Psiquiatria: tive que fazer
medicina para fazer psicanálise e contei com a sorte de ter bons mestres, como
o Dr. Garcia Moreno, que também foi diretor da Faculdade, e foi meu professor
em duas matérias: Psicologia Médica e Medicina Legal. Um dia eu estava lá
olhado minhas notas quando ele chegou para mim e disse: "O que você vai
fazer?" Eu respondi: Vou fazer psiquiatria. Então eu olhei pra ele e
perguntei: Por quê? Ele respondeu: Porque eu quero convidar você para fazer o
concurso para monitor de medicina legal, porque até hoje eu trabalhei sem um
auxiliar e gostaria que você fizesse o concurso para monitor porque vai ter uma
vaga para auxiliar de professor e você então poderia entrar nessa vaga e
depois, quem sabe, me substituir na minha aposentadoria. Eu achei aquilo
demais, foi um elogio enorme, bateu na minha alma, ele viu em mim uma coisa que
eu não tinha visto, pelas provas, pelos papos que tivemos, eu sempre gostei de
bater papo com gente mais velha do que eu. Fui lá na casa dele, e ele me
mostrou a biblioteca e me emprestou alguns livros... nós conversamos muito, ele
achava que eu era uma pessoa interessante do ponto de vista de ter uma
aparência libertária e ao mesmo tempo ser uma pessoa séria, com uma cultura
grande para minha idade, e disso surgiu uma amizade muito bacana e ele me fez
esse convite, sinceramente irrecusável, eu não poderia fugir e aceitei de
pronto. Eu queria fazer a especialidade de Psiquiatria, não em Aracaju, aqui as
pessoas se formam e já se definem isso e aquilo. Mal acabou de se formar no
curso básico de medicina e se diz: "Sou gastroenterologista, sou
otorrinolaringologista", eu queria uma formação mais completa, queria
fazer mestrado, então fui para o Rio de Janeiro (para fazer psicanálise) e aí o
Dr. Garcia Moreno fez uma carta de apresentação para o Instituto Médico Legal
da Guanabara me apresentando para um estágio lá e isso aconteceu. Depois voltei
para Aracaju, para a festa de formatura - porque Medicina e assim, no 6º ano, o
último período você faz a opção dentro da sua especialidade, dentro do que você
quer seguir, e eu tenho duas especialidades: psiquiatria e medicina legal.
Mas foi dureza, duro pra chuchu. Eu dormia noite sim, noite
não, porque filha de costureira com funcionário público na cidade do Rio de
Janeiro, cara do jeito que é, eu tive que arrumar um jeito de trabalhar e eu
dava plantão numa clínica na Tijuca - morava em Laranjeiras e ia para o
Instituto Médico Legal às 9 horas da manhã e saía às 5 horas da tarde, e aí
corria para a Tijuca para entrar às 7 horas no plantão, saía no outro dia 7
horas, muitas vezes sem tempo de passar em casa para trocar de roupa, tomava
banho na clínica, mas a roupa era a mesma. Foi dureza, mas eu sou uma
guerreira, nunca tive mordomia, tudo meu sempre foi muito batalhado. Bom!
Cheguei em Aracaju e me diplomei, participei da formatura.
Fiz o concurso para professor auxiliar na cadeira de
medicina legal, enfim, mas eu sofro de rejeição desde a barriga da minha mãe e
capto rejeição no ar, e eu fiz o concurso, passei em primeiro lugar, março foi
chegando e eu não era chamada pra dar aula, aí eu disse ‘o que é que é isso?’,
fui lá na UFS, falei com a velha secretária Gilca e perguntei: O que é que tá
acontecendo, estou com meu plano de aula pronto, quando é que as aulas vão
começar? Ela respondeu: "As aulas já vão começar e é outro professor",
como assim, outro professor?! A pessoa que estava classificada em segundo
lugar, já estava contratada pela universidade. Bom, eu fiz política estudantil.
Tive desempenho na política estudantil desde o secundarismo, desde a greve que
tomou o Atheneu dez dias. E agora o meu opositor, o cara que tirou o
classificado em 2º lugar assumiu o cargo, mudou-se do estado de onde ele veio,
porque ele dedurou o grupo inteiro que fazia militância política. Dentro do
contexto da ditadura ele era a pessoa certa e não eu. Bom! Mas eu disse: Comigo
não é assim, eu não sou de desistir fácil, então fui ao reitor que se chamava
Luiz Bispo saber o que era que estava acontecendo, levei o Diário Oficial com a
minha aprovação, com as minhas notas superiores, eu não tive média dez porque
acharam que eu tinha errado uma palavra no espanhol, por conta disso me tiraram
três décimos e eu fiquei com 9,7 por causa de uma palavra que estava certa, mas
mesmo assim eu tive a maior nota. Então municiada do diário oficial fui ao
reitor perguntar como é que isso podia acontecer, uma pessoa presta um
concurso, tem a aprovação em primeiro lugar e sem nenhuma elegância por parte
da universidade, eu não ser contratada e ser postergada em favor de um segundo
lugar. Então, ele me disse de claro e bom som, que o fato de eu obter o
primeiro lugar nas provas, não me qualificava para o cargo de ensino na
universidade porque eu pecava no item fundamental que era idoneidade moral. -
Como assim, é idoneidade moral? Ele respondeu: A sua casa é frequentada por
comunistas e coisa e tal. Aí eu disse: Essa é a sua última palavra? Ele
respondeu: Sim! Não há o que fazer; aí eu disse: Vamos ver. Eu jogo xadrez e
pensei, ele é o bispo preto, eu vou no bispo branco, fui em dom Luciano Cabral
que era um bispo de peso. Cheguei lá, ele conhecia minha família porque minha
tia Julinda arrumava o altar de Nossa Senhora, ele conhecia minha família toda.
Nós tivemos alguns arranhões políticos por conta da instalação da universidade;
mas nessa hora vamos apagar as diferenças e vamos conversar, eu disse pra ele:
Eu tenho 25 anos de idade, acabo de me formar, acabo de ser aprovada em
primeiro lugar no concurso, está aqui o diário oficial e eu tenho dois
caminhos: Um, assumir meu cargo, minha carreira de médica e como professora
lecionar, e abrir meu consultório, ou pegar um fuzil, ir para o MR8 (Movimento
Revolucionário Oito de Outubro) e assaltar banco e sequestrar embaixador, eu
tenho meus companheiros no Araguaia. Dom Luciano disse: "Não! Que nada!
Vamos resolver essa pendência" Naquele mesmo momento, às 10h30, pegamos um
táxi e fomos lá no quartel falar com o general do Exército, um homem finíssimo,
culto, maravilhoso, a ideia que a gente tem de truculência dos militares é
errada, nos recebeu muito bem, expus minha problemática e ele disse: Olha, você
foi presa alguma vez? Eu disse: Não, já fui chamada uma vez para depor. Ele
respondeu: "Tudo de Sergipe, seja questão política e estudantil, tem a
central em Recife, estou indo a Recife pessoalmente, vou me empenhar em seu
caso e vamos ver o que pesa lá contra a senhora." Ele foi e rapidamente
ele me deu notícia de que não tinha nada contra mim, então a UFS teve que me
contratar e tive que dizer a Luiz Bispo: "Está vendo que não é a última
palavra." Voltando para minha estratégia do jogo de xadrez, fui para a
torre e na torre me dei bem.
Fui contratada para lecionar a disciplina de medicina legal,
que estava atrasada, em função do Dr. Garcia Moreno ter passado por alguns
problemas. Então eu disse para ele: "Por que a gente não faz isso no
verão?” Eu fui a primeira professora da UFS, de medicina, que deu curso de
verão, pois então juntei os alunos de Medicina, Direito e Odontologia, as
pessoas juravam que não ia dar certo e deu supercerto, deu tanto certo que
pessoas que não eram daquela disciplina ou ainda iam estudar a matéria ou já
tinham passado por ela, gostavam das minhas e vinham assistir as aulas, porque
eu vim com uma boa bagagem, uma bagagem diária de IML do Rio de Janeiro,
abrindo 35 cadáveres no mínimo por dia. Ensinei dois anos, pois meu contrato
era de dois anos, mas não gostei e eu que briguei para entrar, não briguei para
sair, acabou o contrato não quis mais renovar. Ora, eu não sou burra, sou
jovem, posso muito bem fazer o que eu quiser e não quero isso para minha vida,
e foi assim que eu deixei de ser professora na UFS.
A família Fontes: Como a própria Ilma Fontes define “Os
Fontes são poetas, suicidas e alcoólatras, em geral é uma combinação que a
gente não pode fugir muito ao DNA, então veja Hermes Fontes no dia 25 de
dezembro de 1930, deu um tiro no peito, se matou.”
- José Reginaldo dos Santos: Qual o grau de parentesco seu
em relação a Hermes Fontes?
- Ilma Fontes: Parente duas vezes, tanto pelo lado do pai
como pelo lado da mãe, ele vem ser meu primo de 2º grau tanto do lado de pai
como do lado de mãe. Nós temos muito orgulho do Hermes, o Hermes se destacou
(Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes, conhecido como Hermes
Fontes, nasceu em Boquim, Sergipe, em 28 de agosto de 1888, e morreu no Rio de
Janeiro, em 25 de dezembro de 1930. Filho de Francisco Martins Fontes e Maria
de Araújo Fontes, foi compositor e poeta e jornalista. Formou-se bacharel em
Direito, em 1911). Tem o Amando Fontes (o autor da obra "Os
Corumbas", Amando Fontes, nasceu na cidade de Santos, São Paulo, em 15 de
maio de 1899. Ainda bebê ficou órfão de pai, o que proporcionou o retorno da
sua família à cidade de Aracaju/SE, de onde era originária. Foi jornalista,
advogado, deputado estadual e romancista, escreveu apenas duas obras. "Os
Corumbas", lançado em 1933 e o livro "Rua Siriri"). Eu amo muito
e quero antes de morrer fazer um filme chamado "Os Corumbas”, escrito por
ele, que inaugurou o romance industrial no Brasil, é um livro que recomendo a
todos, um livro muito lindo e que dá um filme fantástico. Amando Fontes se
matou cedo, foi para SP, se meteu com o movimento sindicalista anarquista,
então se matou. Meu avô deu tiro na cabeça. A gente que é Fontes convive com a
ideia do suicídio com uma naturalidade muito grande, isso é uma opção, é uma
questão de honra. Os Fontes não se matam por dívida nem financeira nem moral,
se matam por questões existenciais, morais, por dificuldades pessoais, é uma
coisa muito louca. Então, eu durmo com meu 38 do lado, esperando a minha hora.
José Maria Martins Fontes (foi médico, poeta e destacado humanista, brasileiro,
nascido na cidade paulista de Santos, em 23 de junho de 1884. Morreu em Santos,
em 25 de junho de 1937, e está sepultado no Cemitério de Paquetá, naquela
cidade.) Pai de Clarêncio Fontes, jornalista no movimento modernista, advogado
e poeta, Lourival Fontes (Riachão do Dantas, 20 de julho de 1899 - 6 de março
de 1967 foi um jornalista e político brasileiro, melhor conhecido por ter sido
o ministro de propaganda do presidente Getúlio Vargas, entre 1934 e 1942). E
parentas enfermeiras que serviram na 1ª guerra mundial.
- José Reginaldo dos Santos: Atualmente alguns psiquiatras
afirmam que os transtornos mentais na sua imensa maioria não são consequências
de traumas de infância. O que a senhora pensa disso?
- Ilma Fontes: Essa área de psiquiatria, psicologia, ainda
tem muito que aprender, porque não existe um ser humano igual ao outro. Quando
se rotula uma pessoa de esquizofrênico, ou de maníaco depressivo, por quadros
que essas pessoas formam, quadros que podem ser reversíveis ou não, pensando
assim a psiquiatria está sendo muito mal conduzida, tanto assim que eu saí
dela. É outra coisa que eu também batalhei tanto, meu Deus, pra conseguir o
brevê, mas não quero mais voar nesses ares. Acho que está muito mal entendida,
muito mal encaminhada e o futuro vai provar isso, então essa questão que
transtornos de infância que geram problemas para o adulto, claro que isso
sempre existiu, o velho Freud grafou isso, mas ainda se tem muito a estudar a
mente humana, o ambiente onde o ser vive, que acho que é muito mais
transformador. Eu, por exemplo, fui uma pessoa muito revoltada, tive problemas
de família na infância e tive problemas gravíssimos com meu pai, porque meu pai
de ultra direita e eu de ultra esquerda e tivemos problemas enormes. Mas na
maturidade tive a chance de conversar com ele, conversamos olho no olho, de
pessoa pra pessoa sem superioridade de pai e filho sem degraus, tivemos
oportunidade de nos perdoarmos e tenho certeza que hoje sou uma pessoa melhor
por conta desse perdão. Eu perdoei a ele e ele me perdoou, a solução está no
diálogo.
- José Reginaldo dos Santos: Em um texto publicado em 1966,
confissão de uma estreante, a senhora diz que o amor ao teatro é uma tarefa
árdua, difícil. Existe boa vontade e persistência, como é fazer teatro e cinema
em Sergipe?
- Ilma Fontes: Não existe! Acabou! Olha, o teatro daquela
época era uma coisa. Hoje é outra história, não se pode fazer nem um paralelo
no que o teatro é hoje, mas tanto lá como cá o problema do teatro em Sergipe é
o mesmo do cinema, é o público, porque há uma rejeição com o que é produzido na
nossa terra, há uma descaracterização, uma falta de respeito ao ator, ao
diretor, ao autor; enfim, vem o Piaba da Bahia falar besteira e lota o teatro,
mas se você montar Max Dez não vai ninguém Vou te dá um exemplo vivo meu, na
época que eu escrevi esse texto eu estava fazendo uma peça de Jean Coutour
baseado na vida de Edith Piaf e que na maior seriedade eu mergulhei naquele
texto chamado "O Belo Diferente" um monólogo difícil, encenar durava
de 45 a 50 minutos, um ator sozinho no palco contracenava com o Belo Diferente,
mas ele não abria a boca. A gente dar o convite, falar em comprar, nem se fala,
você implora para ir e tudo mais e ainda ficam falando besteira, ali estava
começando e isso já me incomodou muito. Por último eu fiz um texto de Jean
Genet, chamado "As Criadas" com três atores fantásticos, por
coincidências os três já morreram talvez pelo desgosto de fazer teatro em
Sergipe, fiz com todo o rigor de uma despedida fiz as criadas com apoio da
Aliança Francesa de Jean Pierri Palmieri , que assistiu os ensaios e entendeu a
seriedade do projeto e deu todas as condições e também com o apoio da PETROBRAS
que também subsidiou parte de figurino, cenário. Nós levamos aquela montagem
com todo rigor e podia ser exibido em qualquer palco, conseguimos pauta no
Teatro Atheneu por dois dias, no primeiro dia deu 11 pessoas na plateia e no 2º
dia deu 7. Eu disse “aqui eu me despeço, não faço mais teatro em Sergipe e
saí.” Não adianta fazer tanto esforço, o povo não quer isso, o povo de Sergipe
gosta de ator da Globo, então eu disse ‘vou fazer um filme com ator da globo’ e
fiz "Minha Vida em Suas Mãos" com direção de Maria Zilda e 18 atores
da globo, mas, é de Ilma Fontes.
- José Reginaldo dos Santos: No filme "Minha Vida Em
Suas Mãos" no qual foi roteirista, fala basicamente sobre as "doenças
urbanas", a concepção deste filme a transforma em uma militante social?
- Ilma Fontes: Militante social eu sempre fui, na medida que
minha mãe permitiu eu ter uma personalidade sem os atrasos das províncias,
porque minha mãe, filha de portuguesa com holandês, então eu tive uma formação
europeia, mas o núcleo central do argumento do Filme “Minha Vida em Suas Mãos”,
me foi passado através de uma consulta a uma paciente que me autorizou a fazer
o roteiro com história dela, logicamente com nome e locais modificados, mas é
uma história real. Ela é psicóloga e ainda atua no Rio de Janeiro, “aquele
ideia dela de esperar a amiga descer do prédio, cedo encontra o cara que vem,
leva ela pro apartamento e fica com ela durante basicamente uma semana; que ela
fica com um revólver na cabeça, com o cara se drogando dentro do apartamento e
nesses casos geralmente termina em morte e ela conseguir reverter o caso para
que o cara acreditasse que ela se apaixonou por ele e ainda voltasse com
flores. Aí ele é preso.” Esse é um fato real, eu achei interessante e
desenvolvi a retórica na cidade do Rio de Janeiro, que eu amo, em uma época que
o Rio de Janeiro estava muito lindo, muito fotogênico, início dos anos 70. Fiz
as locações especiais, os pontos característicos e aproveitei fatos da época,
fatos de jornal, e agreguei aquele núcleo no filme, então ele é um filme de
pouca ficção.
Mas eu fui traída pela minha parceira de roteiro porque o
final do filme não é aquele besteirol que Maria Zilda como produtora se alvorou
o direito de mudar muitas coisas, no momento em que o cinema brasileiro em
geral está saindo da pornochanchada, saindo do sexismo barato, o meu filme que
tinha alto conteúdo social foi descontextualizado por Maria Zilda Bethlem e
Yoya Wursch. Esvaziaram o conteúdo social do filme e sexualizaram, eu não tive
acesso porque como eu vim para Aracaju, eles modificaram, eu assinei uma procuração
pra Yoya Wursch, pra ela lidar com a burocracia e ela e Maria Zilda mudaram
tanto o roteiro, que quando eu vi o filme, tomei um susto, "esse não é o
meu filme", também não briguei por ele, não lutei por ele, por conta dessa
besteira sexualizar. Que falta de conhecimento da história, do momento, que
burrice, porque teria sido um grande filme se fosse seguido à risca o roteiro.
- José Reginaldo dos Santos: A senhora morou no Rio de
Janeiro, onde a arte, a cultura e o cinema têm mais apoio do que em Sergipe.
Então viver em Sergipe é apenas uma questão de patriotismo?
- Ilma Fontes: Sim e não, porque eu nunca imaginei que
voltava para Aracaju, tenho meus amigos no Rio de Janeiro, tinha minha casa que
era muito querida. Eu não gosto de apartamento, consegui uma casa ótima, tinha
o meu ambiente intelectual, social e cinematográfico, mas teve a questão do meu
pai, apesar da gente ter brigado muito na juventude e talvez por isso o meu pai
passou a sofrer do coração. Eu vim aqui passar umas férias, senti como filha e
como médica que podia ajudar muito a dar uma sobrevida maior para ele, a
experiência foi muito boa e depois eu fui fazendo o caminho de volta.
Uma vez tive uma conversa com Gilberto Gil no Rio de Janeiro
que reverberou anos na minha cabeça e ele me perguntou: "Por que você saiu
de Sergipe?" Eu respondi: "Por que tu saiu da Bahia?" e ele
disse: "Eu tenho minha casa lá e minha sede e na Bahia". Respondi:
"Eu também tenho minha sede em Aracaju. Mas porque tu me faz essa pergunta?"
"Porque Sergipe tem pouca pessoas, vocês não pode sair de Sergipe, não é a
toa que uma pessoa nasce em um lugar, vocês são importante, como os anjos
guardião daquela cidade na interação dos artistas e até para evolução daquelas
pessoas". Na época que Gil falou isso pra mim foi uma época que ele estava
em crise, foi a época que ele escreveu aquela música "Se eu quiser falar
com Deus, eu tenho que ficar só". E aquela conversa reverberou na minha
cabeça, também é o seguinte, a gente às vezes faz bobagem. Eu me casei muito e
eu tive um casamento muito bom no Rio de Janeiro, era meu oitavo casamento,
estava muito bom, estava ótimo, mas eu tenho um bicho corredor dentro de mim,
uma coisa inquieta que, quando as coisas estão muito boas, tenho que estragar
pra ir pra outra, e aí eu me apaixonei por outra pessoa. "Tudo era uma
brincadeira, a velha música e foi crescendo, crescendo e de repente",
pronto, aí já dei um jampe na vida e fui primeiro no Ceará visitar uns amigos.
Lá tem um grande poeta chamado Paulo Veras que morreu quando completou 30 anos
e assim eu pude ver Paulo Veras pela última vez e nunca mais voltei lá no
Ceará; fui em Fortaleza, dei uma caminhada pelo Brasil, pelo Norte, Nordeste,
fui até Porto Velho antes de sair do Rio de Janeiro para me certificar se era
isso mesmo que eu queria e naquele momento. A coisa era Aracaju, tem detalhes
que numa entrevista assim não dar para se revelar, porque eu sou multifacetada
e você deve ter outras facetas.
- José Reginaldo dos Santos: Eu, particularmente, tenho um
apreço muito grande por Mário Jorge, é para mim o maior poeta sergipano; quero
que a senhora fale da sua amizade com ele?
- Ilma Fontes: Nós somos quase da mesma idade, ele é de 1946
e eu de 1947, ele é de 23 de novembro e eu de 10 de abril. Conheci Mário Jorge,
ele tinha 5 anos de idade, numa disputa de velocípede, ele é a coisa mais linda
do mundo. Desde então me apaixonei para sempre, depois eu soube que Mário Jorge
tinha uma grande afinidade com Osman Fontes e a mãe dele, a irmã de dona Ivone,
a tia de Mário Jorge era casada com Osman Fontes, morávamos todos pertinhos,
ali na praça Tobias Barreto e Mário Jorge tinha mais mais afinidade a Osman
Fontes que ele chamava mais de paizinho do que o próprio pai que era
truculento, não entendia Mário Jorge. Então eu achava que Mário Jorge era meu
primo por conta de Osman Fontes e a gente se tratava por primos e essa história
de se tratar por primos, morar perto, gosta de ler, fazer política estudantil
juntos, no tempo do Atheneu, fomos contemporâneos do Atheneu e depois eu fui
pra Medicina e ele foi pra Direito. Mas a gente sempre fazendo política juntos.
Mário Jorge descobriu minha sexualidade, coisa de primo, tínhamos afeto um para
o outro e como nós éramos libertários, nós não tínhamos a caretice do ciúme,
ele tinha as namoradas dele, inclusive ele namorou com duas primas minhas, de
famílias diferentes, do lado do pai, outra do lado da mãe. A gente não tinha
posse, nem ciúmes, todo mundo podia fazer o que quisesse. Mas nas madrugadas, a
gente sempre estava juntos.
- José Reginaldo dos Santos: A dinamização do Espaço
Cultural da ALESE tem uma importância social e cultural muito grande, pois
revela novos artistas e divulga os trabalhos de artistas já consagrados. Qual a
importância desse espaço para você e nos conte alguma curiosidade que já
aconteceu durante os eventos.
- Ilma Fontes: O espaço cultural da Assembleia é mais um
criado numa esteira de espaço que a AMART, que era uma ONG criada por Dinho
Duarte e por mim, e Dinho foi um grande parceiro na criação desses novos
espaços tipo Cantinho da Arte da Unimed, Cantinho Cultural dos Correios, a
gente entende que o artista plástico, ele tem custos com tela, tinta, pincel.
Ele prepara uma exposição, consegue uma pauta, digamos na Álvaro Santos, faz a
exposição, vende um ou dois quadros, volta para casa com aquele monte de
quadro, aí bota atrás do guarda-roupa, em cima do guarda-roupa, embaixo da
cama, já para não ver mesmo e ter impulso para criar novos quadros, porque você
vai produzindo, se você não deságua, você se intoxica. Este raciocínio é válido
para as outras instâncias de artes, escultura, poesia, fotografia, música. Era
necessário fazer um circuito de exposições, e criamos espaços no estado de
forma que, depois que passar pelo circuito, se não conseguir vender pelo menos
50% da produção, mas ele teve divulgação, aumentou o seu currículo, seu book.
Para o artista pleitear exposições fora ele vai precisar de currículo, o espaço
da ALESE é mais criação minha do que da AMART, porque eu imaginei regras e
módulos em 5 expressões de arte, que tivesse um convite de qualidade, pois isso
é muito importante para o book do artista, também a legitimidade que se dar
para o artista. A ALESE na verdade é um referencial de topo, no espaço cultural
da ALESE, Dinho entrou apenas como fotógrafo do projeto. O projeto é meu. Dinho
tem à frente outros projetos encabeçados por ele, a ALESE foi eu que encabecei,
então pensei em fazer a biografia desses artistas. A minha pretensão era
escrever 500 biografias, são 5 artistas por mês, 10 exposições por ano, então eu
consegui escrever as 500 biografias, um dia eu vou publicar essas biografias.
Depois eu transformei o Projeto que, de início, se chamava a Excelência das
Artes em Sergipe, em espaço cultural da ALESE, em exposições temáticas de forma
que o convite tem as cinco expressões de artes para baratear custos. O
presidente que encampou a ideia nos deu todas as condições para execução do
projeto, mas os subsequentes, alguns não entenderam a grandiosidade do projeto
ou pelo projeto ou por mim, assim o projeto começou a sofrer um mesquinhamente,
para não interromper o projeto, fui minimizando e se adequando à mesquinharia,
que mesmo assim, continua sendo de grande importância pro movimento cultural de
Sergipe.
- José Reginaldo dos Santos: Estou iniciando no mundo das artes
literárias, quais são suas dicas para os novos artistas literários?
- Ilma Fontes: Se você gosta de Mário Jorge, não acredite em
nada que lhe digam desse, pesquise na fonte, na raiz, leia Mário Jorge, é
importantíssimo ler Mário Jorge. Eu digo para essa juventude, você não ler os
clássicos, para mim os clássicos é Mário Jorge. Nós estamos em uma geração que
não tem o hábito da leitura, perdeu o hábito da leitura, escreva primeiro para
você gostar, se não gostar não publique, escreva para você pensado no futuro,
se projete para o futuro, pois é lá onde vai estar o seu leitor.
- José Reginaldo dos Santos: Nos fale dos seus sonhos
- Ilma Fontes: Meu sonho de cinema, por exemplo, é tornar
“Os Corumbas” um filme e “A Fúria da Raça" também, que é um roteiro que
escrevi para os 400 anos de Sergipe, que passaram praticamente em branco, com
alguns grupos folclóricos dançando na rua; 400 anos é uma coisa muito séria, eu
fiz uma pesquisa séria, um roteiro sério, mas até hoje não consegui realizar
este sonho, ficam alguns sonhos inacabados; agora eu tenho um sonho que é
transformar a minha casa na casa da moca, para depois da minha morte continue
acontecendo aquilo que sempre foi a minha casa, onde quer que eu morasse no RJ,
Fortaleza, SP, BA, eu sempre hospedei artistas, eu quero que minha casa sirva
de albergue, para um cordelista, alguém que vai lançar seu livro e vem do
Interior, ou que vem de outra cidade e não tem grana para se hospedar em hotel.
Deve permanecer com meus objetos de artes, tudo no mesmo lugar, deve ter alguém
tomando conta da casa, fazendo pagamento de IPTU, etc. Sempre hospedando
artista em trânsito, artistas provavelmente não famosos, fazer o que eu sempre
fiz na minha vida, de fazer o gatinho pro artista subir
- José Reginaldo dos Santos: Nos deixe uma mensagem para os
sergipanos.
- Ilma Fontes: Nós temos uma terra linda e rica, nós somos
ricos de tudo, a terra é boa, os filhos da terra têm boa índole, os artistas da
terra são muitos originais, mas precisamos de um público, um público que tenha
mais amor a terra. Precisamos que os sergipanos deem mais valor aos sergipanos,
que aprendam a ver o talento que é nascido aqui, que não tenham olhos só para
os talentos que nasçam lá fora, pois aqui tem gente que nasce e morre e não
aparece, porque o público não permite.
- José Reginaldo dos Santos: Quero lhe agradecer por esta
honra de estar lhe entrevistando, a senhora é para mim a maior militante
cultural do estado.
- Ilma Fontes: Eu vou lhe dizer, eu não abro minha casa para
entrevista tem muito tempo.
Ilma Mendes Fontes - (10/04/1947) - Aracaju/SE, filha de
Aderbal Fontes de Araújo Góis e Jenny Mendes Fontes.
Psiquiatra e Legista, trocou a Medicina por Jornalismo,
Cinema e Ativismo Cultural. Publicou os livros: "Melhor de Três - Roteiros
para Cinema"/1987 e "A Fúria da Raça" - Roteiro para Seriado de
TV (1997). Escreveu, produziu e dirigiu junto com Yoya Wurch os filmes:
"Arcanos (O Jogo)" (1980) e "O Beijo" (1980). Produtora,
roteirista e diretora do curta "A Taieira" (1986), do seriado de TV
"A Última Semana de Lampião" (1986). Dirigiu o Departamento de
Produção da TV Educativa de Sergipe (1984/1987), onde fez inúmeros
documentários e direção de cinco programas semanais: TeleSaudade, Primeira
Chamada, Som-Vídeo, Aperipê Especial e Forró no Asfalto, além de produzir e
dirigir todos os vts institucionais da TV Aperipê - Canal 2; Prêmio Anchieta de
Teatro - Festival Nacional de São Mateus/ES - "A Fina-Flor", em
parceria com Yoya Wurch, com quem roteirizou o filme "Minha Vida em Suas
Mãos" - longa-metragem filmado e lançado no Rio/2001, produzido e
protagonizado por Maria Zilda Betlhem. Pesquisou e reconstituiu o período
histórico de 1575 a 1595, para o roteiro original "A Fúria da Raça",
escrito em 1987 e publicado em 1997. Participou da pesquisa para roteiro
"Foliar Brasil" de Carolina Paiva/2004, ambientado/filmado na
Bahia/Sergipe/Amazonas.
Presidente do Conselho Municipal de Cultura (1995),
Presidente da Funcaju (1996), Vice-Presidente do Conselho Municipal de Cultura
(1997), Membro do Conselho Estadual de Cultura (2001-2005), Membro do Conselho
Estadual dos Direitos da Mulher (2003-2004). Membro do Sindicato dos Escritores
do Rio de Janeiro, do Sindicato dos Artistas e Técnicos RJ. Membro da diretoria
da Associação Sergipana de Imprensa - ASI; Fundadora do SATED/SE; Membro do
Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (DRT 431/SE),do Sindicato dos Radialistas
SE; Membro da Sociedade de Cultura Latina do Brasil; da Internacional Writers
Associaton - IWA/EUA; da Poebras Salvador/BA; Membro fundadora da Casa do Poeta
de Aracaju (2006). Fundadora da Associação Sergipana de Psiquiatria (1974);
Diretora da Clínica Adauto Botelho (1976). Fundadora dos Jornais Folha da Praia
(1981), com Amaral Cavalcante; Vídeo Artes News (1987), com Alfredo Mendonça;
Pipiri - O Jornal da Cultura/PMA/1986, com Lânia Duarte. Editora da Revista da
SCAS, com Amaral Cavalcante (1981); Fundadora/Editora do Jornal O Capital
(1991). Prêmio ASI de Direção de Teatro/1995 com a peça "As Criadas",
de Jean Genet. Prêmio Arlequim de Mármore/UFS/1995, Direção de "As
Criadas"; Sócia fundadora e Vice-Presidente da AMART - Associação Amigos
da Arte através da qual editou a Série "Arte e Vida" de artistas
plásticos sergipanos e "Zé Peixe - Uma Vida no Mar", além de vários projetos
e eventos, com destaque para o Cantinho da Arte Unimed, Cantinho Cultural dos
Correios, Espaço Cultural da Assembléia Legislativa/SE, da qual é curadora.
Dirigiu o Complexo Cultural Lourival Baptista - da
Secretaria de Estado da Cultura de Sergipe, onde reativou e coordenou os
Prêmios Santo Souza, de Poesia e Núbia Marques, de Contos - 2003-2004. Dirigiu
a Galeria Horácio Hora/SEC, 2003/04.
Participação em incontáveis júris de Teatro, Música, Poesia,
Literatura, Fotografia, Cinema e Vídeo, destacando: Júri do Concurso de
Roteiros do Rio-Cine Festival em 1984 e 85; Júri do Prêmio SESI de Teatro em
Brasília/DF, 1995; Júri do Prêmio Multicultural do Jornal Estado de São Paulo
2001 e 2002; Júri do Prêmio Sociedade de Cultura Latina do Brasil, 2005; Fundadora
do Prêmio Capital de Resistência ao Ordinário e coordenadora, desde 1997.
Textos e poemas publicados em impressos nacionais e internacionais, como
"Anto - Revista Literária" editada em Lisboa pelo Gabinete Português
de Leitura; New Wave - IWA/Ohio/EUA; II Convívio, do Sul da Itália; La
Circulair, da Tunísia; Perigrama, de Atenas/Grécia; The Moon Light of Corea, de
Seul; New Poetry of the World, China; Dimensão - Revista Ibero-Americana de
Poesia. Participa de diversas antologias nacionais, como "Nova Poesia
Brasileira" - org. Olga Savary/RJ/1992; livro "Rimbaud no
Brasil" - org. Carlos Lima/RJ/1993; antologia Poesia Sergipana do Século
XX - org. Assis Brasil/Imago/RJ/1998; Catálogo da Produção Poética nos Anos 90
- org. Leila Míccolis/RJ/1995; Álbum de Sergipe - org. Benvindo Salles de
Campos/1989; Revista da Poebras Salvador/BA, 2002/03/04/05.
Homenagens: Medalha da Ordem do Mérito Serigy - Oficial -
PMA/1996; Medalha do Mérito Parlamentar - Assembléia Legislativa de SE/2003;
Medalha Sílvio Romero da Academia Sergipana de Letras/2003; Medalha do Mérito
Cultural Ignácio Barbosa/PMA/2005. Eleita "Mulher do Século XX" pelo
SESC/SE/2001; Comenda da Integração Mercosul/Bento Gonçalves/RS/1995; Prêmio
Ativista Cultural da União Brasileira de Escritores/RJ/1997; "The Best of
the World - Journal Cultural" O Capital/IWA/EUA/1995. Senadora da Cultura
pelo Congresso da Sociedade de Cultura Latina - Seção Brasil/SP, diplomada em
11 de maio de 2004. Servidora municipal lotada na Funcaju. Curadora do Espaço
Cultural da Assembléia desde 2003. Ilma Fontes email: ilmafontes@yahoo.com.br
Texto e imagens reproduzidos do blog:
escritorreginaldoamorepazcbb.blogspot.com.br
Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 18 de março de 2017.
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