sexta-feira, 29 de março de 2013

Conversando Fotografia recebe Lineu Lins

O foco da produção do fotógrafo é o homem.
Foto: Lineu Lins/Divulgação


Publicado no Portal Infonet em 23/05/2011.

Conversando Fotografia recebe Lineu Lins

Lineu Lins começou a gostar de fotografia ainda adolescente. Descobriu a paixão no Ginásio e em 1953 revelou o seu primeiro filme

A oitava edição do Conversando Fotografia recebe(u)... no auditório da Sociedade Semear, o fotógrafo Lineu Lins. A conversa, organizada pelo Trotamundos Coletivo, vai enfocar a trajetória de Lins na documentação da história de Sergipe, nos últimos 50 anos, e abordar o sucesso da aquisição de seu acervo com cerca de 500 mil fotos pela Universidade Tiradentes para fins de preservação.

Lineu Lins começou a gostar de fotografia ainda adolescente. Descobriu a paixão no Ginásio e em 1953 revelou o seu primeiro filme. Em meio aos estudos autodidatas e as experiências que foi adquirindo com um cotidiano de práticas fotográficas tornou-se profissional em 1956, aos 19 anos de idade. Desde então, Lins vem se dedicando a fotografar as transformações ocorridas em Sergipe, a partir da urbanização das principais cidades do estado.

O foco da produção de Lineu Lins é o homem. É a partir desse referencial que ele aborda as mudanças no espaço urbano, rural e no meio-ambiente sergipano. O seu acervo, contudo, é composto ainda por representações fotográficas da cultura popular, arquitetura, personalidades e eventos sociais, onde aparecem os cerca de 1500 casamentos que fotografou em Sergipe. A atuação de Lins é vista ainda em trabalhos que realizou para indústrias, empresas e para instituições governamentais sergipanas.

Essa produção rendeu um arquivo com cerca de 17 mil rolos de filmes em preto e branco, que compõem o período que vai de 1961 a 1967; 10 mil filmes coloridos, que foram trabalhados a partir de 1967; e um belo grupo de 15 mil slides e chromos de médio formato (6x6). O acervo foi adquirido em definitivo há um mês pela Universidade Tiradentes (Unit) com intuito de preservação e está a disposição do público no Campus Aracaju Centro, cujo acesso é pela rua Lagarto.

A aquisição do acervo veio junto com a inauguração do Laboratório Fotográfico Lineu Lins, que vai funcionar no próprio campus, e conta com o acompanhamento do próprio fotógrafo na gestão do armazenamento, digitalização e acesso dos arquivos para visualização pública. A participação de Lins foi uma exigência feita pelo próprio durante a negociação do acervo com a Unit, que reconheceu a proximidade como um passo importante para a condução das atividades de transferência e digitalização do material fotografado por Lineu.

Os arquivos do fotógrafo constituem, hoje, uma das mais importantes produções documentais do Estado, ganhando ainda mais ênfase após o incidente ocorrido com o acervo de Walmir Almeida. Proprietário do Cine Foto Walmir e de um arquivo que continua uma parte significativa da memória fotográfica e cinematográfica do Estado, Almeida procurou o apoio para preservar seu acervo e diante de sucessivas negativas, reuniu tudo o que tinha e ateou fogo.

O gesto desesperado abriu uma série de questionamentos sobre iniciativas que visem preservar e ampliar o acesso dessa memória à população, pesquisadores, jornalistas, fotógrafos, historiadores, memorialistas, artistas, entre outros. E as ações envolvendo o acervo de Lineu Lins são uma forma de não fazer o debate ser esquecido. Como este tema interessa à fotografia sergipana, o fotógrafo é o convidado desta edição do Conversando Fotografia...

Fonte: Assessoria de Imprensa

Texto e Foto reproduzidos do site: infonet.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 28 de março de 2013.

Quem foi Doutor Parreiras Horta

 Foto  Dr. Parreiras Horta reproduzida do site: fsph.se.gov.br/

Prédio do Instituto Parreiras Horta, em Aracaju/SE.
Foto: Carllos.costa/ panoramio.com

Quem foi Doutor Parreiras Horta

Paulo de Figueiredo Parreiras Horta nasceu em 24 de janeiro de 1884, na cidade do Rio de Janeiro, filho do engenheiro José Freire Parreiras Horta e de Paula Margarida de Figueiredo Parreiras Horta. Formou-se farmacêutico em 1903 pela Faculdade de Farmácia do Rio de Janeiro e, posteriormente em Medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 21 de janeiro de 1905, defendendo a tese “Contribuição para o Estudo das Septicimias Hemorrágicas”, da cadeira de Bacteriologia. defendida em 21 de janeiro de 1905, tendo sido aprovado com distinção.

Trajetória do Estudante:

O Dr. Parreiras Horta viveu sob a influência das idéias prevalecentes da época, oriundas do Velho Continente, principalmente da França, em que a Medicina deveria ser conduzida por conceitos fisiopatológicos. O termo fisiopatologia, o estudo das doenças fundamentada na fisiologia, deve tudo a Claude Bernard, que criou a Medicina Experimental.

O mundo no final do século 19 até o final da 2ª Guerra Mundial, vivia a crença que a Ciência e a Medicina, através das pesquisas e da benemerência, legaria à humanidade um futuro venturoso, rico e saudável. As palavras e o espírito de pesquisador de Claude Bernard na "Introduction à le étude de la médicine experimentale", em 1865, constituía-se inspiração para os jovens médicos, quando ensinava, categoricamente: "A inspiração dos médicos que não se esteiam na ciência experimental é só fantasia, e é em nome da ciência e da humanidade que devemos reprová-la e baní-la".

O lugar ideal para as aspirações o então estudante Parreiras Horta, seria o pequeno centro da ciência, o Instituto Manguinhos, criado e dirigido por Oswaldo Cruz, que de 1904 a 1907 recebeu interessados em pesquisa, alguns ainda estudantes, como Rodolpho Abreu, Borges da Costa, Affonso Mac Dowel, Gomes de Faria, Raul de Almeida Magalhães, Rubens de Campos, Authur Neiva, João Pedro de Albuquerque, Pires Salgado, Authur Moses, Aleixo de Vasconcelos, Eduardo Marques, Jayme Aben-Athar, Antonio Periassú, José de Mendonça, Thompson Motta, Francisco Catão, Abreu Fialho, Octavio Rego Lopes, Jesuíno Maciel, Leão de Aquino e Almada Horta.

Muitos deles ainda eram estudantes de medicina, como Parreiras Horta, que desejavam elaborar suas teses de final de curso sobre assuntos originais no campo da Hematologia, Sorologia, Bacteriologia, Parasitologia, Anatomia Patológica, Entomologia que até 1906 eram os trabalhos mais desenvolvidos na Instituição. Outros eram médicos que vinham em busca de conhecimentos especializados sobre a medicina experimental, ou em busca do conhecimento necessário para prestação de concursos no campo da Saúde Pública, especialidade médica que começava a se tornar importante no meio médico.

Pesquisador e Dirigente de Várias Instituições

Em 1904, desejoso de seguir a carreira de pesquisador, no último ano do seu curso de Medicina, procurou o Instituto Manguinhos. Entre 1906 e 1907, fez o Curso de Especialização em Microbiologia no Instituto Pasteur em Paris.

Através de portaria datada de 30 de agosto de 1909, foi nomeado para exercer o cargo de Assistente do Instituto de Manguinhos, em substituição ao Dr. Henrique de Figueiredo Vasconcelos. Admitido no Instituto como pesquisador, a convite do Prof. Oswaldo Cruz, passou a desenvolver seus trabalhos no campo da bacteriologia e da dermatologia.

A partir de 01 de outubro de 1911 foi contratado em definitivo como Assistente do Instituto, ficando por pouco tempo, pois em 08 de março de 1912, a seu pedido, foi exonerado do cargo por ter sido nomeado Chefe da Secção Técnica da Diretoria Geral do Serviço de Veterinária do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio.

Em 1917 foi nomeado professor catedrático de Microbiologia e Parasitologia dos Animais Domésticos, da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, do Rio de Janeiro.

Em 1919 exerceu o cargo de Diretor da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária e integrou o corpo clínico da Policlínica Geral do Rio de Janeiro, trabalhando no Serviço de Dermatologia e Sifiligrafia, onde sucedeu ao Dr. Werneck Machado e foi substituído pelo Dr. Ramos e Silva.

Convite Para Vir a Sergipe:

Tornou-se grande amigo do Dr. Maurício Graccho Cardoso e este, quando estava no Rio de Janeiro, freqüentemente se encontrava com o Dr. Parreiras Horta para trocar idéias. Foi esta amizade, além do seu espírito empreendedor, que o fez vir a Sergipe em 1923 e aceitar o desafio de construir e fundar o Instituto Parreiras Horta, o primeiro no gênero a ser criado no norte e nordeste do país. Foi uma mudança que mobilizou toda a sua família, pois trouxe com ele sua esposa Ruth e seis filhos pequenos, deixando em Petrópolis apenas Paula e Carlos, que estavam estudando.

Em Aracaju, dedicou-se com empenho na fundação do Instituto Parreiras Horta, instituição que foi criada através da Lei nº 836 de 14 de novembro de 1922, destinada a completar a nova estrutura de Saúde Pública estadual. Foi responsável por toda a concepção arquitetônica e organização funcional da nova entidade, acompanhando diariamente a construção do prédio, tijolo por tijolo, localizado no mesmo lugar onde ainda hoje presta serviços à comunidade sergipana.

Em dezembro de 1925, o Dr. Parreiras Horta, terminada mais uma das suas bem sucedidas missões, tendo contribuído decisivamente para o desenvolvimento da prática médica e a implantação da medicina científica em Sergipe, retorna ao Rio de Janeiro, deixando em seu lugar como diretor da nova instituição, o médico Dr. João Firpo Filho.

Fonte: pesquisa Henrique Batista e Silva

Médico cardiologista, professor de História da Medicina, diretor do Hospital Universitário e membro da Academia Sergipana de Medicina.

Texto reproduzido do site: fsph.se.gov.br/

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 28 de março de 2013.

Tradição - Começa a Venda dos Bonecos de Judas, em Aracaju


Bonecos são confeccionados em casa. 
Fotos: Portal Infonet.

Portal Infonet, Março de 2013.

Começa venda do Boneco de Judas para o sábado de aleluia
Os bonecos são feitos em alusão a Judas Iscariotes
Por Eliene Andrade

Começam as vendas dos bonecos de Judas para o sábado de aleluia. Tradicionalmente os bonecos são feitos em alusão a Judas Iscariotes que traiu Jesus Cristo por trinta moedas de prata. Na margem da Rodovia dos Náufragos, povoado Gameleira, Zona Sul de Aracaju, a tradição mobilizou moradores do local. Os bonecos enfeitam a via no período que acontece o sábado de aleluia.

A aposentada Roselina Quirina Brandão, de 70 anos, que já comercializa o boneco há 16 anos, revela que para confeccioná-los, conta com a ajuda da família, que é composta por cinco pessoas. Os lucros para a família que confecciona os bonecos de Judas representam mais de 60% da renda, segundo a aposentada. “Eu faço esses bonecos há mais de 16 anos. Gosto muito do que faço e o lucro é muito bom. Este ano, vamos vender mais de 120 bonecos e espero que não sobre”, disse a aposentada.

Os bonecos variam de tamanhos e sexo. Segundo dona Quirina, os clientes até escolhem o tipo de boneco e quem ele irá representar. “Nós já tivemos encomenda inusitadas aqui. Este ano faremos o jogador de futebol Neymar”, disse a aposentada.

Para confeccioná-los a artesã utiliza palha de junco seco, sendo os olhos de bola de gude e a cabeça de coco. As roupas para vestir os bonecos são doadas ou vendidas. Em média, a família cobra pelo boneco de Judas valores entre R$ 40 a R$ 100 reais.

Outro fato curioso relatado pela artesã foi que donos de fazenda compram os bonecos para representá-los no caso de ausência, ou para utilizar nas plantações como espantalhos. “As pessoas compram para colocar dentro de casa, caso tenham que sair. Eles utilizam os bonecos nas plantações para espantar os pássaros, portanto a produção não para”, disse a aposentada.

A malhação do Judas ocorre nos bairros da capital. Crianças, jovens e adultos amarram o boneco nos postes ou pedaços de pau, logo após, todos se juntam e começam a bater com socos e pauladas o ‘traidor’, até que os pedaços se soltem, simbolizando a morte de Judas.

A tradição consiste em queimar o boneco em praça pública simbolizando a queimação de Judas Iscariotes, discípulo que traiu Jesus Cristo. Com o tempo, a população passou a utilizar a queima do Judas em simbolismo aqueles que lhes desagradam.

Foto e texto reproduzidos do site: infonet.com.br

Bonecos são confeccionados em casa
Foto: Portal Infonet.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 28 de março de 2013.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Arquivo Público resgata memórias da Ditadura em Sergipe


Publicado pelo Portal Infonet, em 27/09/2012.

Arquivo Público resgata memórias da Ditadura em Sergipe
Ação do APES faz parte do projeto 'Memórias Reveladas'

Parte da memória do tempo da Ditadura Militar em Sergipe está disponível para consulta através de uma ação que vem sendo implementada pelo Arquivo Público de Sergipe (APES), denominada ‘Memórias Reveladas’. A iniciativa inédita é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e a Casa Civil da Presidência da República, coordenada pelo Arquivo Nacional.

O objetivo do projeto, patrocinado por diversas instituições como o Banco do Brasil e Petrobras, é organizar, preservar, informatizar e digitalizar os arquivos do aparato repressor do Estado de Sergipe – DOPS (1964 a 1985), composto de dossiês contendo fichas de acompanhamento individual e registros de interrogatórios.

Em Sergipe, foram identificados 793 dossiês de presos políticos que já estão disponíveis para consulta no Portal do ‘Memórias Reveladas’. Através do site é possível ter acesso à lista completa dos dossiês que compõem o acervo do período de 1964 a 1985. A pesquisa pode ser feita clicando no link Banco de Dados, onde é possível escolher a instituição que deseja consultar e pesquisar o documento a partir de diversos critérios. O site conta com colaboração de diversas instituições e arquivos públicos de 15 estados e do Distrito Federal.

Assim que encontra o material desejado, o pesquisador pode conferir um resumo do conteúdo. Para ter acesso ao arquivo com o documento completo é preciso fazer uma solicitação ao Arquivo Público de Sergipe (APES). “Esse controle se faz necessário porque é preciso pedir autorização à família ou à pessoa citada no documento para que ele seja liberado para consulta”, explica o historiador e coordenador do projeto em Sergipe, Milton Barboza.

“Existem muitos pesquisadores de diversas áreas, daqui e de outros estados, que nos procuram para ter acesso a essa informação. Agora, não precisa mais o pesquisador vir até o Arquivo Público, basta consultar no site, conferir se tem o que procura, entrar em contato conosco e nós enviamos o documento digitalizado”, afirmou o coordenador do projeto.

Resgate

Milton conta que Sergipe foi o primeiro Estado a finalizar a primeira etapa do projeto, que consistiu na realização do levantamento desses documentos nas delegacias, através da Secretaria de Segurança Pública, do tratamento arquivista, digitalização e publicização na rede através do site.

Segundo o coordenador do projeto, Sergipe está preparado para receber a segunda etapa do ‘Memórias Revelados’, que será a criação do Centro de Referência das Lutas Políticas de Sergipe. O espaço funcionará no Arquivo Público e contará com um grande acervo de documentação desse período.

“Existem muitos documentos sobre a Ditadura espalhados pelo estado e nosso objetivo é recolher, identificar, tratar e digitalizar toda essa documentação que também ficará disponível para consulta online”, explicou Milton. Segundo ele, o acervo sobre esse período irá triplicar nesta segunda etapa do projeto.

O projeto ‘Memórias Reveladas’ coloca o APES no circuito nacional de pesquisa e preservação da memória política do país. Além disso, constitui um marco na democratização do acesso à informação. “Essa casa é um verdadeiro tesouro de informação e memória e através deste projeto estamos reforçando o nosso compromisso com a preservação, divulgação e acessibilidade da memória oficial do nosso estado e do País”, disse.

Fonte: Secult.
Foto: Divulgação.
Texto e foto reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura/

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 26 de março de 2013.

Memórias Reveladas em Sergipe


Publicação do Jornal Informação, em 04 de Dezembro de 2012.

Memórias Reveladas em Sergipe

“Quando eu digo que não tive como escapar não é uma reclamação e até uma gratidão pelo fato de ter tido acesso de modo direto a documentação sobre o regime militar em Sergipe.”
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Essa entrevista foi um trabalho de conclusão da matéria Técnicas de Reportagem II pela autora na Universidade Federal de Sergipe.

Luciana Mans do "jornalinformação.com" entrevista o historiador Milton Barbosa:
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O historiador e cientista social Milton Barbosa tinha um desejo quando jovem: poder ajudar a sociedade a ver a Ditadura Militar da forma como ela era sem agredir nada, nem ninguém. Em 1996 recebeu a notícia de que havia muitos documentos provenientes do Regime Militar no estado e que eles estavam disponíveis para pesquisa e passou a estudar arduamente a respeito disso. A partir de 1997 o projeto se efetivou no estado. Nomeado como Memórias Reveladas, o projeto após quatorze anos de pesquisa, em 2011, Sergipe se tornou o primeiro estado no território nacional a finalizar uma das etapas do mesmo.

O projeto entrou em vigor a partir de 2009, quando a presidenta Dilma Rousseff ainda era Ministra da Casa Civil. Esse é um dos projetos que fazem partes de um programa muito maior: As comissões da verdade no Brasil, que objetiva mostrar a sociedade brasileira o que há por dentro de sua identidade não só nos momentos de alegria, como também nas partes mais obscuras da história nacional.

J. I. O senhor vem pesquisado a respeito dos documentos do Regime Militar desde 1997. De onde surgiu essa ideia? Vontade? Houve motivação? Era um objetivo passado?
M.B. Desejo do ofício. Sou historiador de formação e como a ditadura militar tendo de certa forma marcando minha geração, uma geração que se constituiu dentro das consequências da ditadura, então eu não tive como escapar de estudar a documentação. Quando eu digo que não tive como escapar não é uma reclamação e até uma gratidão pelo fato de ter tido acesso de modo direto a documentação sobre o regime militar em Sergipe. Quando em 96 nós tomamos conhecimentos da documentação em Sergipe, logo iniciamos todos os procedimentos para o recolhimento dela. Isso vai se efetivar a partir de 97. Desde então, nós temos recolhido essa documentação, estudado, tratado e dado à importância da documentação. Terminamos por inserira documentação no cenário nacional. Temos o apoio da Secretária do Estado da Cultura e do Governo federal, principalmente.

J.I O projeto Memórias Reveladas veio a público em 2009, porém mesmo em 2012, muitos brasileiros desconhecem a abertura dos documentos provenientes do Regime Militar. O senhor percebe interesse dos sergipanos?
M.B. Então, como nacional, sim. Quando a presidente Dilma Rousseff era somente ministra da casa civil. Em seu ministério, ela enquanto ministra, e enquanto uma das vítimas da ditadura militar, em 2007 ela dá início a uma comissão para dar início a reconstituição de toda documentação. Ele não é totalmente conhecido. Apesar da mídia já ter dado muita menção ao projeto. Não tenho do que me queixar. Nosso trabalho sempre tem tido espaço. Talvez pudesse ser mostrado um pouquinho mais, porém entre a morte e o assassinato, o maior apelo é esse e não dá para medir.

J.I. Existem etapas? Quais são?
M.B. O projeto memórias reveladas têm várias etapas e a primeira dela é o colhimento das informações e de todos os dados. A segunda seria a criação de um templo de estudos e isso já está sendo fomentado e a terceira etapa seria publicar, divulgar, fazer seminários, congressos, entre outros. E também a permanência desses arquivos entre diversos meios como web, arquivos, etc. Sergipe é um estado pequeno, porém cheio de vontade. Por isso Sergipe foi o primeiro estado a finalizar a primeira etapa.

J.I. Qual a relevância desse projeto para os sergipanos?
M.B. Não é para nós sergipanos. A relevância é para nós brasileiros. E vou mais longe. O projeto é importante para a humanidade. A humanidade é vítima do regime. Não só ao regime, mas ao atentado contra democracia. Depois de terminados os regimes em Portugal, Espanha, Iugoslávia, nos restaram o trabalho de limpar o lixo deixado por esses agentes públicos da época que fazia esses regimes possíveis, afinal quem provocou todo esse lixo histórico foram eles.

J.I. Como foi sua trajetória como pesquisador de 1997 a 2012? Houve dificuldades?
M.B Eu acho que por ter sido uma pesquisa histórica, política e social não é algo fácil de analisar e uma parte dessa pesquisa você faz com recursos próprios. Outra parte pode ser a menor parte, você faz com recursos públicos. É explicável se você observar quem provocou todo esse lixo histórico que resulta na documentação do momento da Ditadura foi esses agentes. Em outro momento, nós, agentes públicos, teremos que mostrar isso. Então, em certo momento você vai ter que enfrentar certas dificuldades. Porque a história é recente e uma parte das vítimas está vivas e outras ocupando cargos chefes. Então falar certas coisas incomodam.

J.I. Quais eram suas metas quando decidiu pesquisar a respeito disso? O senhor recebeu incentivo quando começou? Quais seus ideias de início?
M.B Tivemos o apoio do projeto memórias reveladas em âmbito nacional e a partir desse apoio que a gente recebeu equipamentos, recursos humanos, estagiários. Quanto às ideias, queríamos levantar todas as informações possíveis a respeito disso.

J.I. E hoje? Como o senhor vê tudo isso agora em 2012?
M.B. Estamos ainda em pleno trabalho de levantamento de dados.

J.I. Hoje o senhor é visto com um homem sábio a respeito desse assunto de acordo com todas as histórias que pesquisou e ouviu. No início como foi receber tais documentações e saber as histórias que ouviu?
M.B. Uma parte de mim fica orgulhosa. Outra parte fica triste por ter dito contato com tanto sangue, tantas lágrimas, tantos desaparecidos por um motivo tão fútil.

J.I. Existe alguma história que o marcou?
M.B. Todas as histórias contidas nos setecentos e noventa e três dossiês são marcantes. Tem personagens que têm maior apelo. Histórias como a do afastamento do governador Seixas Dória que saiu de seu cargo e se tornou um réu, sendo julgado e condenado por algo que não fez de forma injusta mudando para a Ilha das Cobras Mas é um personagem famoso que sempre será lembrado. Mas o ferroviário, um homem que com certeza nunca será lembrado como Seixas Dória. Um homem que foi também preso injustamente foi arrancado de sua família de madrugada. E seu trabalho, família, esposa, O filho que se tornou órfão, a casa perdeu sua única fonte de renda, isso por ele ser apenas um dos membros do sindicato dos ferroviários. Isso era motivo suficiente para o Regime. Todo mundo apanhou, uma parte sofreu, teve órgãos mutilados. Logo depois as pessoas são devolvidas ao leito da família completamente desestruturadas psicologicamente. São muitas histórias para narrar.

J.I. O senhor, por ser estudioso no assunto, deve ter dito uma visão a respeito do assunto no começo. Como era o seu olhar antes e como ele é agora?
M.B. Quando comecei esse trabalho, eu achei que a humanidade tinha sérios problemas de ordem moral. E hoje com esse trabalho, eu não desconfio. Eu tenho certeza. Tenho documentos que comprovam isso.

J.I. Mesmo sabendo de tudo isso, com consegue lidar com isso?
M.B. Sou completamente apaixonado pelo homem. Antropologicamente apaixonado pela espécie humana. É por causa disso que ainda acredito, eu ainda trabalho.
Então mesmo sabendo que a humanidade está doente moralmente, pesquiso, estudo, trabalho, para que um dia possa vê-la saudável.

Texto reproduzido do site: jornalinformacao.com
Foto reproduzida do site: palacioolimpiocampos.se.gov.br/

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, 26 de março de 2013.

Sergipe Conclui Primeira Etapa Inicial do 'Memórias Reveladas'


Aracaju/SE, 25 de Maio de 2011
ASN - Agência Sergipe de Notícias

Sergipe é 1º Estado a concluir etapa inicial do 'Memórias Reveladas'
Em Sergipe, o projeto Memórias Reveladas é executado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult), através do Arquivo Público do Estado de Sergipe (Apes)

Por Monique de Sá, repórter da Secult

Criado em 13 de maio de 2009, pela então ministra-chefe da Casa Civil da presidência da República, Dilma Rousseff, o ‘Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964 - 1985) - Memórias Reveladas’ tem como objetivo estimular a preservação e promover a difusão de informações contidas em acervos referentes às lutas políticas travadas no país durante o período de ditadura - através da busca de fontes documentais - estimulando pesquisas sociológicas, antropológicas, de ciência política e do direito. O projeto surgiu a partir da compreensão de que a memória é um bem público, pertencente à identidade social, política e cultural de um país.

Em Sergipe, o projeto Memórias Reveladas é executado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult), através do Arquivo Público do Estado de Sergipe (Apes). Coordenado pelo professor de História, Milton Barbosa, Sergipe foi, segundo ele, o primeiro e único Estado a finalizar a primeira etapa do projeto - que consistiu em fazer o levantamento desses documentos nas delegacias, através da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP); fazer o tratamento arquivista - realizando a guarda, digitalizando e publicando na rede através do site da secretaria.

“Em nosso estado, temos 783 dossiês de presos. No entanto, por força de uma legislação federal, nenhum pesquisador terá acesso integral a esses documentos. Só quem tem acesso total são os arquivos públicos, ou a própria vítima ou a família dela, em caso de morte. Para um pesquisador comum ter acesso a esses dossiês, ele terá que solicitar uma permissão ao dono do documento, que faz uma procuração facultando o acesso a ele”, explicou Milton.

O coordenador conta que todos estes procedimentos são necessários por estes documentos não serem constituídos meramente de dados políticos, mas conterem informações especiais. Além disso, os documentos acessíveis na rede constam apenas de seu espelho, ou seja, sua capa. “Esses dossiês não possuem apenas informações como dia em que a pessoa foi presa ou expatriada. Neles constam dados particulares como levantamento da vida pessoal, dados concernentes ao cotidiano das pessoas”, frisou.

Entretanto, Milton adiantou que o Governo Federal está se articulando para agilizar um projeto que visa acabar com o sigilo destes documentos e torná-los públicos. “O projeto ainda precisa ser analisado na Comissão de Relações Exteriores antes de ir a plenário. Provavelmente daqui a uns dias, nós teremos aprovado no Congresso Nacional uma legislação chamada Lei do Acesso, facilitando o acesso a essa documentação. Em resumo, a partir da lei qualquer pessoa teria acesso a esses documentos”, sintetizou.

Dossiês em Sergipe

Por questão de lei e por estar sob juramento, Milton Barbosa não pode revelar o conteúdo dos documentos, mas comenta que são documentos textuais, inquéritos realizados por órgãos repressores da época, constando os autos de pergunta, informações pessoais, como também fotografias e imagens. “Qualquer pessoa que o regime militar julgasse ser perigosa ao governo fazia parte dessa rede de investigações, fosse ele político, líder estudantil, jornalista, religioso, empresário, funcionário público, qualquer pessoa”, lembrou.

De acordo com ele, nos documentos não havia indícios de tortura, pois esta não se registra e acabaria sendo uma espécie de documento comprobatório da realidade política da época. “Por ser sobre pessoas eminentes em Sergipe e casos públicos, posso citar alguns nomes que constam em nosso arquivo, como o ex-governador Seixas Dória, o jornalista Luiz Eduardo Costa, o advogado Wellington Mangueira, o vice-governador Jackson Barreto. Toda a geração de 80 para trás está fichada pela Dops [Delegacia de Ordem Política e Social]”, contou o coordenador Milton.

O diretor do Apes destacou ainda que esses documentos são de suma importância para a história do Brasil, para a memória do povo. “É um resgate de uma era, de um período que não gostaríamos que se repetisse. Sergipe apesar de ser pequeno, tem um quantitativo de prisões muito grande. E, portanto, temos uma documentação riquíssima sobre o período. É através desse espelho que nós coordenamos o ‘Memórias Reveladas’, para que a memória de fato nunca seja esquecida e sim revelada”, finalizou.

Próximos passos

Único estado a estar na segunda etapa do projeto, que consiste agora no levantamento de documentos na Universidade Federal de Sergipe (UFS), como também em outras fundações, Milton informou que a culminância do ‘Memórias Reveladas’ se dará com a criação do Centro de Estudos de Lutas Políticas Sociais de Sergipe. “Temos como perspectiva que daqui a um ano e meio, esta segunda etapa seja finalizada, dando início à criação do Centro - cujo acervo será a documentação da primeira e da segunda etapa mais o acervo de História Oral que nesse momento está no Núcleo de Historia Oral da Universidade Federal de Sergipe”, adiantou o professor.

Na opinião da secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino, o fato dos trabalhos do ‘Memórias Reveladas’ estarem adiantados em Sergipe é motivo de orgulho. “Nosso Estado foi o primeiro do Brasil a concluir a primeira etapa do projeto Memórias Reveladas e isso demonstra o compromisso da Secult com essa ação de grande importância para o Brasil e para o nosso Estado. Essa é uma ação que dialoga com a preservação da memória do Brasil, do manuseio de documentos da história recente do Brasil. Um período de muita luta e acúmulo político da nossa jovem República. A ditadura militar não pode ser esquecida, para que nunca deixemos de valorizar e viver em plenitude a democracia tão duramente conquistada”, acredita Eloísa.

Histórias de um ilustre conhecido

“A caça às bruxas foi instaurada. Lembro de uma vez em que os censores foram a minha casa e invadiram, procurando livros considerados por eles ‘subversivos’. Lembro que o engenheiro que fez minha casa era muito amigo do meu pai e que por isso mandou fazer uma capa com letras douradas com a sigla: P.C. É claro que eles associaram ao Partido Comunista, mas na verdade aquilo fazia referência ao nome do meu pai: Paulo César. Foi um problema grande, pois minha mãe teve que apresentar a escritura da casa para que se convencessem de que ali não era sede de partido. Eu era chamado continuamente todos os dias para prestar depoimento. Os livros, minha mãe já havia enterrado no quintal”.

Esta é uma das muitas histórias de quem viveu de perto o período da ditadura militar em Sergipe, o jornalista Luiz Eduardo Costa. Para ele, os censores eram pessoas sem instrução que não tinham nenhum conhecimento sobre o que realmente era contrário ao governo. Segundo ele, bastava um livro ter a capa vermelha ou o nome vermelho para ser apreendido. O jornalista contou que seus amigos e ele eram bastante atuantes e que viu muitos deles serem humilhados pelo governo militar, a exemplo de Wellington Mangueira e sua esposa Rosinha.
“Fui editor do jornal Diário de Aracaju, e na época um jornalista escreveu uma matéria sobre oficiais que fizeram levantamentos no terreno de marinha. Só que ao ir para gráfica, a preposição foi trocada e saiu ‘da marinha’. Então o capitão dos portos em Sergipe, Eduardo Pessoa Fontes, ordenou que eu fosse preso. Recordo que os oficiais me levantaram da cama com metralhadoras. Passei um dia preso, até provar que aquilo havia sido um erro gráfico. Foi um constrangimento, uma agressão para mim e minha família que estava presente. Se eles quisessem ter me matado, eles me matariam e ficaria por isso mesmo”, narrou o jornalista.

Sobre o acervo

Administrado pelo Arquivo Nacional, com sede em no Rio de Janeiro e Coordenação Regional no Distrito Federal, o acervo de ditadura militar é constituído por 16.577.194 páginas de documentos textuais, além de 1.363 metros lineares de outros tipos de documentos (mapas e fotografias), 220 mil microfichas e 110 rolos de microfilmes.

Os documentos incluem informações oriundas de vários órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Informações e Contrainformações (Sisni), como por exemplo, os acervos do Serviço Nacional de Informações (SNI); do Conselho de Segurança Nacional (CSN); do Centro de Informações do Exterior (Ciex/Ministério das Relações Exteriores); da Comissão Geral de Investigações (CGI); do Centro de Informações da Aeronáutica (CISA); e por fim, da Divisão de Inteligência do Departamento de Polícia Federal.

Texto reproduzido do site: agencia.se.gov.br/noticias/
Fotos: santohufs.blogspot e Google.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 26 de março de 2013.

Luiz Antônio Barreto (1944 - 2012)


Luiz Antônio Barreto
Por Lúcia Gaspar
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
pesquisaescolar@fundaj.gov.br

A história de Luiz Antonio Barreto é múltipla e vária...Olhar para o seu legado é ficar diante de um amplo panorama no qual produção intelectual e ação cultural nunca se dissociam, posto que uma é movida pela outra, ao mesmo tempo que também a impulsiona, demonstrando o quanto ele foi capaz de correlacionar a reflexão com a realidade que viveu, pesquisando práticas da vida dos indivíduos e das instituições públicas e privadas, adequando sempre teoria e prática.[...] (Jorge Carvalho do Nascimento).

[...] Os sergipanos muito devem a Luiz Antonio pelas pesquisas que ele empreendeu no campo do folclore, da música popular, de todos aqueles costumes que foram praticados em tempos imemoriais, em tempos antigos, que já estavam morrendo no esquecimento do povo sergipano, mas que foram relembrados pela pena e também pela paciência, pela cultura incomparável deste sergipano que orgulhou a todos nós. [...] (Senador Antonio Carlos Valadares).

Luiz Antonio Barreto nasceu no município de Lagarto, localizado a 77 km de Aracaju, Sergipe, no dia 10 de fevereiro de 1944, filho de João Muniz Barreto e Josefa Alves Barreto.

Fez o curso primário na Escola Rural nº 149, em Pedrinhas, SE, e o ensino médio no Colégio Tobias Barreto, em Aracaju.

Vítima de perseguição política, sua família morou em diversos municípios de Sergipe, da Bahia e ainda na cidade do Rio de Janeiro.

Jornalista e historiador, estudou Direito nas Faculdades de Direito de Sergipe, em Aracaju, e na Nacional, do Rio de Janeiro, assim como cursou a Escola Nacional de Música, também no Rio de Janeiro.

Como jornalista exerceu atividades de repórter, colunista, redator, diagramador e secretário de redação dos jornais sergipanos Correio de Aracaju, Folha Popular, Gazeta de Sergipe, Sergipe Jornal e A Cruzada, no período de 1959 a 1971. Foi diretor da Revista Perspectiva (1966-1967) e colaborador de vários periódicos de Aracaju, Salvador, Recife, Rio de Janeiro, Teresina, Porto Alegre, Maceió, e da revista Il Moderno, de Milão, na Itália.

Atuou nas áreas de educação, cultura, história, comunicação, literatura e folclore, exercendo cargos em instituições públicas e privadas, entre os quais o de Assessor Cultural do Instituto Nacional do Livro (INL) e Diretor da Organização Simões, Editora, ambos no Rio de Janeiro; Diretor da Galeria de Artes Álvaro Santos, em Aracaju; Chefe da Assessoria Cultural da Secretaria da Educação e Cultura do Estado de Sergipe; Secretário da Educação e Cultura de Aracaju; Superintendente de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco, Recife (1987-1989); Diretor Cultural da Fundação Augusto Franco, Aracaju; Assessor da Presidência da Confederação Nacional da Indústria; Diretor do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira (Portugal); Diretor do Instituto Tobias Barreto.

Ocupante da Cadeira nº 28 e presidente da Academia Sergipana de Letras, nos biênios, 1981-1983 e 1983-1985, era ainda membro e orador do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe; conselheiro dos Conselhos Estadual e Municipal de Cultura do Estado; membro da União Brasileira de Escritores (UBE)-Secção de Pernambuco e membro fundador do Instituto Luso-Brasileiro de Filosofia, em Lisboa.

Foi o responsável pela criação de diversas atividades educativo-culturais em Sergipe, como os Encontros Culturais de Laranjeiras; a Discoteca Pública, do Museu Afro-Brasileiro de Sergipe, também em Laranjeiras; o Seminário do Gado e do Couro, em Lagarto; o sistema de Vagão-Escola, da Biblioteca Infantil no Vagão, localizada no Parque Teófilo Dantas; a Oficina de Artes, da Escola de 2º Grau José Antonio da Costa Melo e a escola Ecológica, localizada no Parque da Cidade Governador José Rollemberg Leite.

Especialista em Tobias Barreto, é autor de diversos trabalhos sobre o ilustre sergipano, entre os quais, Tobias Barreto: a Abolição da escravatura e a organização da Sociedade (1988); Nova missão Tobiática no Recife e Tobias Barreto e seus seguidores, duas séries de artigos publicados na Gazeta de Sergipe (1987-1989); Tobias Barreto e a organização da sociedade, artigo publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, em 1989; A fé e a razão, Tobias Barreto e a crítica, e Tobias Barreto e a luta pelo Direito; ensaios introdutórios às Obras Completas de Tobias Barreto (INL; Record, Rio de Janeiro, 1989-1990);Tobias Barreto e a Filosofia no Brasil (Aracaju, 1990); O pensamento e a ação política de Tobias Barreto (Actas do I Colóquio Tobias Barreto, Lisboa, 1992).

Publicou ainda, A Bíblia na literatura de cordel (Revista Brasileira de Cultura, Rio de Janeiro, 1971); Vaquejada e São Gonçalo em Sergipe, ambos na Revista Sergipana de Cultura, em 1978; Opção informal na pré-escola: experiência da Secretaria da Educação e Cultura do Município de Aracaju, 1981; A arte sergipana, in Brasil, arte do Nordeste (Spala: Rio de Janeiro, 1986); Um novo entendimento do folclore (Recife, 1988); Simão Dias: história e tradição (Aracaju, 1990); Sergipe, 400 anos de história, in Turismo e Lazer, Aracaju, 1990; O Poder Judiciário de Sergipe, 100 anos de história (Aracaju, 1992) e o livro Memórias de Sergipe: Personalidades sergipanas, uma seleção de textos sobre personalidades que marcaram a história de Sergipe (2007), entre outros.

Luiz Antonio Barreto morreu em Aracaju, no dia 17 de abril de 2012.

Recife, 22 de maio de 2012.

Fontes consultadas: 

DIAS, Lúcio Antônio Prado. Fórum de debates Luiz Antonio Barreto. Disponível em: <http://www.infonet.com.br/lucioprado/ler.asp?id=127723&titulo=Lucio>. Acesso em 18 maio 2012.

INFONET: LUIZ Antonio Barreto [colaboração semanal no Blog]. Disponível em: <http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/>. Acesso em: 22 maio 2012.
LUIZ Antonio Barreto: informação curricular, [S.n.t.].

MENESES, Tania. Luiz Antonio Barreto, 17/04/2012. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3618334>. Acesso em: 16 maio 2012.

VALADARES lamenta morte de Luiz Antonio Barreto, 18.04.2012. Disponível em:.
Disponível em: <http://www12.senado.gov.br/noticias/materias/2012/04/18/valadares-lamenta-morte-de-luiz-antonio-barreto>. Acesso em 15 maio 2012.
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Fonte: Gaspar, Lúcia. Luiz Antonio Barreto. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009.
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Texto reproduzido do site: basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/
Foto: reprodução imagem TV Sergipe.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 26 de março de 2013.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Poeta Santo Souza e suas Obras Poéticas


Poeta Santo Souza e suas Obras Poéticas 
por: Marcos Vinícius dos Santos Matos e
Mª Jacqueline A. dos Santos Matos

1 Introdução

A poesia, ou gênero lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor.
“Poesia, segundo modo de falar, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice.”

A poesia compreende aspectos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete verdadeiramente ao poeta.

Entre os poetas sergipanos, Santo Souza é o poeta com maior obra e com um sotaque irretocável tratando da condição humana, hierarquizando o sentimento que, em essência, garimpa fragmentos de culturas, restos perdidos de antiguidades, mitificados em torno de divinizações. É, ao seu modo, um Quixote com sua livraria antiga, alimentando a alma mortalizada dos deuses e dos heróis, esgrimando, como soldado de suas próprias causas, com tempestades, mares revoltos, céus ameaçadores, estrelas quebradas pelos raios de luz que encandeiam os seus olhos fixos no portal da eternidade. Desde que publicou Ode Órfica, em 1955, que Santo Souza deixou pelo caminho poemas soltos, crônicas, páginas inspiradas nas ruas noturnas que foram cenários imediatos de sua visão crítica, para buscar nas entranhas do mundo a razão de sua poesia.

2 Justificativa
O poeta Santo Souza membro da Academia Sergipana de Letras escreveu vários poemas, os quais contribuem muito na formação do ser. Assim o referente trabalho nasce da necessidade do reconhecimento de um grande poeta sergipano, que contribui muito para o enriquecimento da literatura brasileira e cultura sergipana.

3             Objetivos:

•             Geral
Apresentar a biografia do poeta sergipano Santo Souza, suas obras poéticas e contribuição para a literatura brasileira

•             Específicos
- Conhecer a vida e trajetória do escritor e poeta.
- Informar as obras e poemas.

4             Metodologia
Fontes documentais onde encontramos informações que confirmaram nossa vontade em construir uma biografia do poeta sergipano Santo Souza e entrevista com o próprio poeta.

5             Desenvolvimento

José dos Santos Souza, nasceu em 27 de janeiro de 1919 na cidade de Riachuelo, Sergipe. Aos 13 anos, o menino Santo Souza já falava de amor em seu poemas. José Santo Souza um dos maiores poetas vivos do país, viveu em sua cidade natal até os 17 anos trabalhando em farmácia, e em Aracaju, ele continuou trabalhando no ramo onde aprendeu a manipular medicamentos com a mesma maestria que o conservou na função por 26 anos.

Somente em 1938 ele retornou à poesia. Por puro desencanto, Santo Souza parou de escrever e foi se dedicar a música, aliás, com todo auto-didatismo que lhe é peculiar.
Estudou música aos 15 anos como se estivesse estudando aritmética, talvez por isso aprendeu a tocar em três meses, inclusive compondo para clarineta algumas valsas para a namorada.

Autor de vários livros, todos poemas, sendo o primeiro livro publicado “Cidade Subterrânea” (1953) e assim suas obras vieram sucessivamente como:

&#61607;            Caderno de Elegias (1954)
&#61607;            Relíquias (1955)
&#61607;            Ode Órfica (1956)
&#61607;            Pássaro de Pedra e Sono (1964)
&#61607;            Oito Poemas Densos (1964)
&#61607;            Concerto e Arquitetura (1974)
&#61607;            Pentáculo do Medo (1980)
&#61607;            A Ode e o Medo (1988)
&#61607;            Obra Escolhida (1989)
&#61607;            Âncoras de Arco (1994)
&#61607;            A Construção do Espanto (1998)
&#61607;            Rosa de Fogo e Lágrima (2004)
&#61607;            Réquiem para Orféu (2005)
&#61607;            Deus Ensanguentado (2008)
&#61607;            Crepúsculo de Esplendores (2010)

Como um engenheiro que faz cálculos milimétricos para que as edificações não corram o risco de ruir, quando erguidas, o poeta órfico, Santo Souza, escolhe rigorosamente as palavras e utiliza da métrica decassílaba, a fim de produzir seus poemas épico-líricos, predominantemente, sáficos e heroicos.

As duas últimas produções dessa natureza do poeta nonagenário- “Deus Ensanguentado” e “Crepúsculos de Esplendores” o “Bruxo de Riachuelo”- como é carinhosamente chamado pelo escritor e pesquisador Luiz Antônio Barreto- discute os problemas do mundo e a função do homem na terra, de forma simbólica e mística, reunindo as mais díspares ideias e crenças.

Pelos seus escritos, percebe-se que o poeta torna-se um elo entre o passado e o presente e revela-se um intérprete do futuro: anunciando esperanças e tragédias, auroras e crepúsculos. Ainda segundo Estácio Bahia, “Santo Souza não é um mero narrador das tramas e dos dramas, repletos de angústias e medo, que se desenrolam nesta nau onde navega a humanidade, respingada de lágrimas. Ele é o ator principal e participa ativamente das cenas que se mostram em cada ato e o faz conversando com os deuses, domando figuras mitologias, assumindo o comando das situações, convocando estrelas”.

Santo Souza é um tipo de sábio que utiliza a linguagem poética para conferenciar o conhecimento oculto, que parece um mundo nebuloso, ofuscado e tenebroso, como um espelho antigo e suas revelações. A poesia de Santo Souza não tem a linearidade das palavras mais sonoras e cativantes, mas porta, em estrofes de versos muito bem contados com suas significações, uma seiva esclarecedora, como os anais da história humana que o tempo tem esquecido.

Hoje Santo Souza reside em Aracaju, no bairro Siqueira Campos, com 92 anos de idade, pai de oito filhos, ficou viúvo no dia 02 de novembro de 2009. Devido ao seu estado de saúde encerrou sua atividade de escrever poemas, dedicando-se inteiramente a sua família e a leitura de livros, revistas, jornais. Possui um acervo de 16 livros publicados, outros guardados, outros republicados e prefaciados por ilustres da literatura brasileira. Mora com sua filha mais nova e passa o maior tempo na varanda de sua casa lendo.

Durante a entrevista com o poeta Santo Sousa podemos observar a riqueza grandiosa, um conhecimento vasto, no ramo da literatura, da história da cidade e outros. No meio da conversa revelou que quando menino jovem ensinava conteúdos a professora na escola, pois a mesma não tinha formação. Com um carisma enorme, o poeta é um homem simples, caseiro e vitorioso.

BALISA

Cravar a estrela no chão
e dizer à noite: agora,
afaste-se a escuridão
que eu vou chegando com a aurora.

E fazer brotar da terra
- da terra que tudo faz –
não a treva e o ódio da guerra,
mas a luz e o amor da paz.

Que eu vim traçar nos caminhos
(invés de dor e agonia)
a rota livre dos homens
com as tintas claras do dia.

de PÁSSARO DE PEDRA e SONO

6 – Conclusão

A presença intelectual de Santo Souza em Sergipe representa uma síntese cultural que tem marcado a história e a vida deste pequeno estado brasileiro. Grande entre os grandes, o maior entre os poetas, pedaço vivo da própria fundação social.

Com base nas pesquisas e na entrevista feita com o poeta em sua mera residência, pode-se constatar a preciosidade desse grande homem sergipano, poeta da condição humano, que contribui de forma significativa na formação de nossa cultura brasileira.
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7 - Bibliografia
•             http://www.jornaldacidade.net/2008/noticia.php
Acesso em 28 /11/10 às 14h.
•             www.revista.agulha.nom.br/santosouza.htm.
Acesso em 28/11/10 às 14h e 15 min.
•             pt.wikipedia.org/wiki/Santo_Souza
Acesso em 28/11/10 às 13h. 30min.
•             pt.wikipedia.org/wiki/poesia
Acesso em 28/11/10 às 13h.
•             http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.
Acesso em 28/11/10 às 15h.
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Texto: reproduzido do site colmeialiteraria.com.br/trabalho/1889
Foto: reproduzida do blog mileumpoetasdobrasil.blogspot.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 25 de março de 2013.

sábado, 23 de março de 2013

Joubert Brilha Estrela!


Joubert brilha estrela!

Uma coisa imediatamente visível na exposição “AracaJoubert”, promovida na Sociedade Semear com curadoria de Mario Brito e Ézeo Déda para homenagear o artista sergipano Joubert Morais, foi o sorriso eufórico de gratidão estampado na feição dos seus amigos. Rostos conhecidos e amados, uma multidão de gente feliz por ver, finalmente sacralizado e justamente reconhecido, o mais fiel artista de certa geração de sergipanos. Daquela que contraverteu a mesmice provinciana e cuidou, desde os anos 1970, de prover Aracaju de belos sonhos.

O sonho da absoluta igualdade, dos sagrados direitos individuais, do predomínio da beleza sobre a feiura da ignorância, a vida pela arte, a ate pela vida, e a apreensão do seu tempo como um derivativo de ser, e estar vivo.
Joubert é o completo artista dessa geração, porque entendeu tudo isto.

Mario Brito e Ézeo Déda sacaram que Sergipe devia essa homenagem a Joubert - e que bom que foi agora - quando o artista, pleno de si, pode nos brindar cantando suas canções, mostrando sua vigorosa pintura que sempre expande caminhos para a nossa arte plástica e se veste, e vive, e pulsa com o coração tomado pelo alumbramento de ser um amado artista que vem influenciando gerações. Ele aparelhou o seu dia a dia numa casa/oficina de arte que nunca dorme, para nos revelar mais da vida, mais de si e de nós, em música, pintura, escultura, teatro e performance. Vida dedicada.

Estamos todos felizes e justificados.

Comprove o que eu digo visitando a “AracaJoubert”, ali na Villa Cristina.

Amaral Cavalcante. 21/03/2013

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em  22 de março de 2013.

Ao Som das Matracas


Ao som das matracas

Papai não nos permitia um assovio sequer, na sexta feira da paixão. Deus que nos livrasse da alegria doméstica, das brincadeiras de manja, do entusiasmo com o pião dormindo na palma da mão. Não!
Nossa casa se encobria de tristezas pelo filho de Deus crucificado.

Lá fora, o sacristão batia a matraca chamando a meninada para ver em que situação deixaram o Senhor, posto num caixão de vidro sob o altar, todo latanhado, sangrento e triste. Ao assentar o joelho mal lavado no genuflexório, ainda de calças curtas, eu desejava sentir a dor dos meus pecados infantis e sofrer, sofrer muito, dobrado pela vergonha de ter surrupiado uns dois mil réis na gaveta da cômoda, de ter espiado da caixa d’água as pessoas tomando banho, da bomba no cu do gato, das mentiras deslavadas.

Se na quaresma houvesse a opção do confessionário eu estaria disposto a revelar aos céus o irresistível prazer onanístico que me lavava à lassidão da alma, o desejo assassino de matar meus desafetos com ganas de crueldade, os instintos primevos, naturais, que conduziam o meu dia a dia.
Tinha vergonha de não ser um santo como me pareciam os outros meninos, tão compungidos e compenetrados ante a dor daquele Cristo sangrando num caixão de vidro.
Genuflexão... lágrimas furtivas.

Nossa quaresma era tão triste! A igreja vinha nos preparando desde o domingo de ramos, onde o falso alvoroço dos galhos de pindoba saudando a chegada de Jesus às ruas era seguido pela descrição da sua cólera no templo de Salomão, destruindo a pontapés e sopapos os vendilhões da fé. Aquilo não haveria de acabar bem.

Depois, na sexta feira santa, a igreja armava a decisiva estocada emocional ao meu fervoroso coraçãozinho: a Procissão do Encontro. Saía aquela Santa Maria das Dores em prantos por uma porta lateral da igreja, com um lencinho de cambraia ensopado de lágrimas e a dor de mãe extremosa a procura do filho condenado, estampada no semblante. A dolorosa feição da estátua, envolta em panos roxos sobre pedregulhos de papel crepom, nos arrebatava.

Ela o encontraria no ádrio da Matriz, carregando sua pesada cruz. O seu filho Jesus, a caminho do Gólgota! Entre nós, acostumados às soluções felizes nos filmes mais tristes, perpassava a esperança de que algo divinal acontecesse para que aquela mãe pudesse levar de volta aos seus carinhos o seu filho amado. E seguia assim o ato litúrgico, naquele chororô sincero, aos tropeços da Via Sacra, sob o lamurioso canto da Verônica, até que o padre subisse ao púlpito e nos confirmasse, com a voz entrecortada de paixão, que o Filho de Deus iria, sim, morrer crucificado pelos nossos pecados.
Era eu quem o crucificava e votava pra casa com a alma em frangalhos, convencido a sacrificar minha maléfica alegria infantil à remissão de todos os pecados da humanidade.

Mas não há sacrifício sem recompensa. Ao meio dia da sexta feira o almoço em família era inesquecível. Numa mesa forrada com toalhas em cambraia bordada, assentavam-se a moqueca de arraia, o arroz de coco, o feijão amassado, o bacalhau com lascas de mamão verde e uma farofa de manteiga da boa, com grânulos de queijo coalho. Todos à mesa tinham direito a uma guaraná. Num alguidar fumegante, uma galinha poedeira ao molho pardo - tão sangrenta quanto a nossa alma cristã - nos redimia com suas ovas douradas e moelas macias. Lembro-me de tudo isto como uma manifestação da bondade de Deus ao paladar da minha infância.
Ainda hoje, graças à inspiração de Jesus crucificado, minha família se dedica ao prazer da comida ancestral na sexta feira da paixão e faz dela um sagrado reencontro. Cada um traz o prato que melhor nos lembre o prazer de antigamente, as delícias de mamãe Corina.

É um dente de alho a mais, uma raspa de gengibre colocada no final da fritada, a suprema delícia do bacalhau ao forno com ovos cozidos encharcados num bom azeite e, finalmente, o camarão pitu com majongome ao coco, coisa pra comer contrito, rezando ao céu e pedindo mais.

Meus pecados ficaram mais complicados, o da gula, por exemplo, mas a remissão deles tornou-se muito mais fácil. Finalmente estou a caminho da santidade.

Amaral Cavalcante.

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 19 de março de 2013.

Homenagem do Portal Infonet a João Firmino Cabral


Homenagem do Portal Infonet a João Firmino Cabral

O Portal Infonet sempre acompanhou o trabalho deste grande artista que levou o nome do Estado a todo país com suas histórias e relatos em Cordel. Falecido no dia 1º de fevereiro, não poderia deixar de homenageá-lo com este Hotsite lembrando a arte que ele dedicou toda a sua vida.

João Firmino Cabral e o cordel

João Firmino deu início a sua carreira como cordelista ainda na adolescência, quando trabalhava na lavoura em Itabaiana, cidade natal de João. Com o auxilio do poeta Manoel D'Almeida Filho, seu mestre, produziu o primeiro folheto, onde descrevia uma profecia de Padre Cícero em versos. Esse trabalho o levou a receber, em 2002, a medalha de Mérito Cultural Serigy, concedida pela PMA. Com a morte, o escritor deixa vaga também a cadeira de número 36, da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), que ocupava desde 2008.

A banca instalada no Mercado Municipal Antônio Franco, no Centro de Aracaju, era onde João Firmino comercializava seus livretos de cordel, sem deixar de incentivar e inclusive patrocinar a produção de outros cordelistas locais. O acervo de títulos postos a venda pelo poeta só não era superior, em número, ao conjunto de obras disponíveis para consulta na cordelteca que ele é patrono na Biblioteca Clodomir Silva, o qual contribuiu também, escrevendo considerável parcela dos exemplares expostos.

Meio século dedicado ao cordel, mais de cinco dezenas de títulos publicados, esse João Firmino bateu do Rio Grande do Norte, a Pernambuco, Maranhão, Alagoas e Bahia de feira em feira. Deu de sustento aos sete filhos nos quarenta anos de casamento com Dona Carmelita Cabral. Catedrático sobre essa literatura, foi revisor de 1970 a 2005 da Editora Luzeiro e já foi laureado pelos quatro cantos do Brasil. Mas quando falava de prêmios, Seu João atentava mesmo era para o ganho com a leitura. Sacava então um trechinho como:“A cultura adulatória/ falsifica a popular/ com palavrões e conchavos/ de narrativa vulgar / agredindo ao cordel/ que tem muito mais a dar”.

Quem conheceu João Firmino sabe que encontrou ali não somente um vendedor de versos e poesias, mas um poeta de uma simplicidade e sabedoria tamanha. Sempre alegre, divulgava o cordel diariamente em sua banca no Mercado Thales Ferraz.

Cordelteca

A Cordelteca João Firmino Cabral foi criada em 2003 e possui mais de 500 títulos, escritos por cerca de 36 cordelistas sergipanos e de outros locais, como Alda Cruz, Eduardo Fiscina, Chiquinho de Além Mar, Agulão e Pedro Amaro. Todo acervo fica à disposição, para consulta, dos frequentadores da Biblioteca Municipal Clodomir Silva, localizada na rua Santa Catarina, nº 314, bairro Siqueira Campos.

Foto e texto reproduzidos do site: infonet.com.br

Postagem originária da página do Facebook/MTéSERGIPE, em 18 de março de 2013.